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Torcedora se reaproxima do Corinthians para tratar doença e afastar pensamentos suicidas

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Arena Corinthians volta a ser frequentada por Mariana em meio ao tratamento da torcedora

Arena Corinthians volta a ser frequentada por Mariana em meio ao tratamento da torcedora

Bruno Teixeira/Divulgação/Corinthians

"O Corinthians conseguiu me fazer sentir viva de novo".

Mariana* era, até cerca de três anos atrás, uma torcedora do Corinthians assim como provavelmente é você que está lendo este texto. Frequentava as arquibancadas da Arena religiosamente, assistia aos jogos fora de casa grudada em frente à televisão, festejava os gols, zombava amigos anti-corinthianos, xingava os centroavantes que finalizam pra fora...

A rotina, no entanto, foi mudando. A exemplo do que acontecia em suas relações familiares, de amigos e profissionais, foi se afastando do Corinthians. "Não tinha mais vontade de nada", resumiu a torcedora, hoje com 28 anos, em conversa com a reportagem do Meu Timão.

Mariana viria a ser diagnosticada com transtorno depressivo ansioso – acometimento psiquiátrico que une sintomas de depressão e ansiedade. Abaixo, você conhecerá a história da mulher que se afastou do Corinthians por causa de uma doença e se reaproximou do time de coração justamente como peça-chave do tratamento que a faria vencer pensamentos suicidas – principal alvo da campanha Setembro Amarelo, vigente neste mês.

Leia também: Núcleo 'secreto' do Corinthians atua até contra depressão e suicídio

* Mariana é um nome fictício. A torcedora corinthiana ouvida pela reportagem do Meu Timão topou conceder entrevista sob condição de anonimato.

Primeiros sintomas

Há aproximadamente três anos, Mariana começou a sentir sintomas característicos de transtornos como depressão e ansiedade. Era uma mistura de nervosismo, dor no estômago, tremedeiras, palpitações, falta de ar e relâmpagos de tristeza aparentemente sem motivo. Tudo isso quase sempre acompanhado de crises de choro.

"Hoje estava bem, conversando e rindo. Amanhã não saía da cama, ficava de mau humor, só dormia", lembrou a torcedora corinthiana.

Nos primeiros meses em que buscou ajuda, Mariana recebia receitas e mais receitas de relaxantes musculares. A intenção era tratar aquilo que, num primeiro momento, havia sido diagnosticado como estresse decorrente de suas obrigações profissionais.

"Eu apagava. E quando acordava estava bem e achava que estava resolvido. Então voltava tudo de novo... E eu tomava mais relaxante", relatou.

Diagnóstico

Quase um ano depois, quando os sintomas ficavam cada vez mais intensos e novos problemas surgiam, é que Mariana foi ter dimensão do transtorno que a acometia. Por conta de uma síndrome conhecida como Túnel do Carpo, perdeu parcialmente o movimento das duas mãos, sem sensibilidade nos dedos nem força para levantar um copo sequer.

"Um ortopedista falou que eu tinha isso, precisava operar, mas como estava muito avançado podia correr o risco de não me recuperar e precisaria me aposentar por invalidez. Ali me deu uma crise muito forte e eu fui parar no hospital", comentou.

Na ida ao pronto-socorro, em meio a exames e consultas, o tal quadro de estresse foi enfim descartado. Pela primeira vez, Mariana foi encaminhada para um psicólogo. E ali a suspeita dos médicos do hospital se concretizou: diagnóstico de transtorno depressivo ansioso.

Pensamentos suicidas

Devidamente diagnosticada, Mariana iniciou o tratamento com terapia e remédios. Nos primeiros meses, ela percebeu melhora em seu quadro. Até então, o Corinthians, ainda que de forma mais modesta que outrora, seguia fazendo parte de sua rotina. Tudo se encaminhava para um final feliz em meio a tanto sofrimento causado pelos sintoma já citados.

Foto tirada por Mariana em suas (agora novamente) recorrentes idas à Arena Corinthians

Foto de Mariana em suas (agora de novo) recorrentes idas à Arena

Arquivo pessoal

"Aí aconteceu uma fatalidade na minha família. Meu tio se suicidou e eu tive uma piora no quadro. Foi quando me afastei de tudo. Até do Corinthians", revelou a torcedora.

Torcedora que, a partir daquele episódio, deixaria por um tempo de ser torcedora. Mariana parou de frequentar os estádios, de comprar os pacotes de ingressos que costumava adquirir com meses de antecedência, de encontrar amigos e familiares antes melhores companheiros de torcida pelo Timão. "Eu arrumava desculpa para não ir", confessou.

Do alto de seu isolamento – característica comum de pessoas com depressão e/ou ansiedade – e influenciada pelo suicídio do tio, Mariana chegou a pensar em findar sua própria vida também. E foi aí que nasceu a volta por cima da torcedora corinthiana...

Volta por cima

"Naquele momento, o pior de todos para mim, eu entendi a gravidade do transtorno. E me apaguei a meu terapeuta. Numa das conversas com ele, me perguntou o que eu mais gostava de fazer. Falei que gostava do Corinthians e de escrever. E ele me perguntou: por quê você não reúne essas duas coisas?", recordou Mariana.

A intenção, num primeiro momento, era ocupar de forma saudável a mente da paciente. Mal sabia o terapeuta que, a partir daquela singela dica, estaria não apenas ajudando Mariana como também reacendendo sua chama corinthiana até então enfraquecida pelo transtorno.

Por meio das redes sociais, Mariana externou seu desejo de escrever sobre o Corinthians. Um torcedor dono de uma página destinada a falar sobre o Timão, então, a descobriu e a convidou para publicar textos por lá. "E ele nem sabia que eu tinha esse problema. Eu falo que ele foi meu herói", contou, mais de um ano depois de se descobrir escritora alvinegra.

A partir de então, Mariana efetivamente melhorou, chutando para longe aqueles maus pensamentos que a perturbavam. "Fazendo o tratamento certo e me sentindo importante novamente eu consegui reunir as forças necessárias para lutar contra a doença. E hoje me sinto mais próxima, se é que é possível, do Corinthians. Eu ainda faço tratamento, mas minha melhora é visível", falou, cheia de orgulho, a mais nova velha torcedora do Timão.

A importância (não só) do Corinthians

Há mais de um ano em evolução no tratamento contra o transtorno depressivo ansioso, Mariana hoje pode se gabar de ter voltado a torcer pelo Corinthians como antes fazia. Presente em praticamente todos os jogos do Timão em Itaquera, ela até admite ainda passar por recaídas da doença, mas diz superá-las justamente pelo novo vínculo criado com o clube.

"Corinthians foi e é fundamental. É você se sentir abraçada pelo clube mesmo sem ele saber do seu problema. Ele me ajudou em cada gol, cada grito da torcida, cada vitória, até nas derrotas. O Corinthians conseguiu me fazer sentir viva de novo", desabafou.

Além do Corinthians, Mariana também se apoia, claro, no tratamento contínuo: segue tomando remédios todos os dias, conversando com o terapeuta todas as semanas e em busca de uma plena e definitiva recuperação, que ela acredita estar a caminho.

A vitória, porém, já é comemorada. Venceu a vida. Venceu a vida de Mariana. Ela sabe disso, e mais do que qualquer jogador multicampeão pelo Corinthians ou por qualquer outro clube, quer soltar o "grito de campeã" para todos os cantos. Conteúdo em tal brado não falta:

"Não tenha vergonha de assumir o seu problema. Você não é a única e nem a última. É difícil aceitar, eu sei. Eu pensei algumas vezes em morrer, sumir. Mas eu passei na pele com a morte do meu tio como ficam as pessoas que te amam aqui na Terra. O sofrimento é imenso. As pessoas nos amam... Do jeito delas, mas amam. O sofrimento que sentimos aqui e procuramos aliviar tirando nossa vida não se compara ao sofrimento da pessoa que fica", discursou a corinthiana, já no finzinho da entrevista concedida ao Meu Timão.

"Procure se rodear de pessoas e coisas que te façam bem. O que te faz feliz? Lute por isso!"

Veja mais em: Especiais do Meu Timão e Torcida do Corinthians.

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