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Fórum do Corinthians

Itaquera: o retrato do apartheid Brasileiro no futebol

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Espírito 39 posts

Publicado no Fórum do Meu Timão em 01/08/2014 às 14:56
Por Espírito Corinthiano (@gpappi)

O capítulo V da Lei Nº 10.671 de 15 de Maio de 2003, Art. 20, estabelece entre outras coisas que menores de 12 anos e maiores de 60 anos são considerados não pagantes no estádio municipal do Pacaembu. Em Itaquera é diferente, por se tratar de um estádio privado. E sendo privado, “o dono” faz o que quer, servindo a interesses privados, não é verdade? Mas quem é o dono do estádio de Itaquera? Considerando 40.000 ingressos disponíveis no Pacaembu raras vezes tínhamos mais de 1.000 não-pagantes, o que corresponde a 2,5% do público total. Na maioria das vezes menos da metade disso. Em Itaquera, no primeiro clássico disputado pelo Corinthians, entre todos os dados curiosos vindos das “cadeiras” um chamou-me a atenção: 2.139 ingressos promocionais. Fazendo o cruzamento entre público por setor versus preço dos ingressos temos que estes ingressos promocionais tiveram custo ZERO a quem o utilizou. 2.139 ocupantes correspondem a 7% dos 31.031 pagantes, mas em Itaquera criança e idosos não podem se valer da lei municipal... 'O estádio tem que se pagar, blá, blá, blá..' Mas quem explica estes 'ingressos promocionais'? Qual o critério para distribuí-los e quem são os beneficiados? Mais da metade dos ingressos grátis foram para os setores mais caros e confortáveis: 150 camarotes, 317 VIP's e 679 Oeste. Para o 'torcedor comum', que vai a bilheteria adquirir seu ingresso (48% nesta partida), isso corresponderia a uma renda de R$474 mil, ou, 21% de acréscimo nos R$ 2,25 milhões arrecadados. Fazendo justiça, cada torcedor poderia pagar menos ao invés de financiar 'o lado vazio de Itaquera'. O Setor Oeste do estádio de Itaquera é digno de ser batizado LATIFÚNDIO. Uma grande e desproporcional área improdutiva cuja propriedade é concentrada. Lá a média de ocupação é de 25%: 1 cadeira ocupada em cada 4. Nas 3 cadeiras vazias para cada torcedor que se aventura por aquelas bandas estão uma mescla de arrogância e ignorância de quem 'administra' a política de preços de ingresso. E cabe apertado, dada vultuosa aberração nos moldes do aparthaid. Em um País que se propõe a reduzir a desigualdade social, e em um futebol que se pretende e necessita ressuscitar e recuperar décadas de atraso, o estádio de Itaquera é um símbolo do que há de pior em exclusão sócio-econômica, segregação social, apropriação de símbolos populares e coletivistas para usurpação individuais. '7x1 foi pouco'. Tudo isso, alinhado a campanha da mídia vira-latinha 'não vá ao estádio', é o caminho para a falência do futebol. Mesmo com os ingressos mais caros entre os mais caros do mundo, o Latifúndio Setor Oeste é o que menos participa na arrecadação das partidas. No caso deste clássico menos inclusive do que os setores Norte e Sul, dividido por tapumes com os visitantes. O setor Leste tem mais da metade da receita média das partidas, embora tenha público apenas levemente superior ao que fica atrás dos gols. O público de Itaquera sem seu 'lado vazio' supera 80% de ocupação. Além disso, o latifúndio naturalmente será sempre o que menos participará da força da torcida nas partidas, aquela que é e foi capaz de ganhar jogo, com vitórias históricas, viradas heróicas, e intimidação de tremer qualquer adversário. O Corinthians é menor com o Latifúndio Setor Oeste de Itaquera, mantida a política culturicída, gananciosa e burra. O torcedor ao invés de parte constituinte da atmosfera do espetáculo 'prática do futebol em estádio', que muitas vezes é mais interessante do que o acontece dentro de campo, está sendo convocado para ser o patrocinador, e não convidado de honra. Estamos sendo convidados a pagar uma conta da qual não participamos do planejamento nem da execução, não sabemos com quem, o quê e quanto foi gasto, e nem para quem vai o dinheiro presente e futuro. Em mais este aspecto social, os mais pobres continuam pagando pelos mais ricos. O eterno Corinthians deve romper com a lógica de exclusão iniciada por Rosemberg e aprofundada com o estádio novo, sempre sob a batuta de André Sanchez. Todo o conjunto de torcedores Corinthianos deve se unir em torno de reconstruir nossas alianças, fortalecendo a fraternidade, o senso coletivo, plural e includente. Esse New-Corinthians 'rico e pra rico' é a destruição de nosso significado enquanto fenômeno socializador e ferramenta de transformação. O novo anti-Corinthianismo está administrando o Estádio e levando nossas bandeiras históricas a falência. No próximo post faremos uma proposta para o preço dos ingressos e convidaremos todo Corinthiano a fazer a sua. Venceremos os traidores, Wadihs Helus dos novos tempos!
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Pádua 6.947 posts

@paduaalves em 01/08/2014 às 15:17

Só aguentei ler a metade. Quanto drama. Em qualquer evento de entretenimento tem os lugares mais baratos e os mais caros. Cada um pega o que couber no bolso e pronto.

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Espírito 39 posts

@gpappi em 01/08/2014 às 15:49

Ingresso do Corinthians é sete vezes mais caro que o do Borussia.

Ingresso do Corinthians é um dos mais caros do mundo.

Setor Oeste tem mais de 20% de ocupação por partida em um estádio recém-inaugurado.

Tudo normal em se tratando de Corinthians? Do Todo Poderoso? Do Time do Povo?

Certamente tem muita gente que o mais perto que passa de um estádio é assistindo Renata Fan e Denilson bobo da corte.

Depois que o Corinthians falir em seu significado é dois palitos pra modinha torcero para o Barça, para o real... Comecem agora. Não faz diferença.

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Miguel 792 posts

@miguel.sccp em 01/08/2014 às 15:35

Proposta de preços? Qualquer um pode vir aqui e escrever os preços de ingresso de acordo com o gosto dele mesmo. O que é necessário é fazer um estudo de mercado para encontrar valores que não prejudique nenhum dos dois lados. Todos queriam um estádio, e sabem que deve ser pago com ou sem NR, mas agora alguns vem com um papo furado de que a Arena Corinthians foi construída sem consultar os torcedores. Isso é papo de oposição querendo tumultuar e tirar proveito do que feito.
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Marcelo 11.855 posts

@marcelo.franco em 01/08/2014 às 15:15

De fato tem alguns pontos interessantes nesse tópico,

Sobretudo a quantidade de não pagantes no jogo contra a porcada.

Se os jornaleiros esportivos fossem jornalistas de verdade, teríamos esse assunto bem discutido, com os envolvidos questionados.

Afinal, apelam tanto para 'temos que pagar o estádio' e fazem uma festa com ingressos?

PS.; assumindo que a informação esteja correta, claro.