O capítulo V da Lei Nº 10.671 de 15 de Maio de 2003, Art. 20, estabelece entre outras coisas que menores de 12 anos e maiores de 60 anos são considerados não pagantes no estádio municipal do Pacaembu. Em Itaquera é diferente, por se tratar de um estádio privado. E sendo privado, “o dono” faz o que quer, servindo a interesses privados, não é verdade? Mas quem é o dono do estádio de Itaquera? Considerando 40.000 ingressos disponíveis no Pacaembu raras vezes tínhamos mais de 1.000 não-pagantes, o que corresponde a 2,5% do público total. Na maioria das vezes menos da metade disso. Em Itaquera, no primeiro clássico disputado pelo Corinthians, entre todos os dados curiosos vindos das “cadeiras” um chamou-me a atenção: 2.139 ingressos promocionais. Fazendo o cruzamento entre público por setor versus preço dos ingressos temos que estes ingressos promocionais tiveram custo ZERO a quem o utilizou. 2.139 ocupantes correspondem a 7% dos 31.031 pagantes, mas em Itaquera criança e idosos não podem se valer da lei municipal... 'O estádio tem que se pagar, blá, blá, blá..' Mas quem explica estes 'ingressos promocionais'? Qual o critério para distribuí-los e quem são os beneficiados? Mais da metade dos ingressos grátis foram para os setores mais caros e confortáveis: 150 camarotes, 317 VIP's e 679 Oeste. Para o 'torcedor comum', que vai a bilheteria adquirir seu ingresso (48% nesta partida), isso corresponderia a uma renda de R$474 mil, ou, 21% de acréscimo nos R$ 2,25 milhões arrecadados. Fazendo justiça, cada torcedor poderia pagar menos ao invés de financiar 'o lado vazio de Itaquera'. O Setor Oeste do estádio de Itaquera é digno de ser batizado LATIFÚNDIO. Uma grande e desproporcional área improdutiva cuja propriedade é concentrada. Lá a média de ocupação é de 25%: 1 cadeira ocupada em cada 4. Nas 3 cadeiras vazias para cada torcedor que se aventura por aquelas bandas estão uma mescla de arrogância e ignorância de quem 'administra' a política de preços de ingresso. E cabe apertado, dada vultuosa aberração nos moldes do aparthaid. Em um País que se propõe a reduzir a desigualdade social, e em um futebol que se pretende e necessita ressuscitar e recuperar décadas de atraso, o estádio de Itaquera é um símbolo do que há de pior em exclusão sócio-econômica, segregação social, apropriação de símbolos populares e coletivistas para usurpação individuais. '7x1 foi pouco'. Tudo isso, alinhado a campanha da mídia vira-latinha 'não vá ao estádio', é o caminho para a falência do futebol. Mesmo com os ingressos mais caros entre os mais caros do mundo, o Latifúndio Setor Oeste é o que menos participa na arrecadação das partidas. No caso deste clássico menos inclusive do que os setores Norte e Sul, dividido por tapumes com os visitantes. O setor Leste tem mais da metade da receita média das partidas, embora tenha público apenas levemente superior ao que fica atrás dos gols. O público de Itaquera sem seu 'lado vazio' supera 80% de ocupação. Além disso, o latifúndio naturalmente será sempre o que menos participará da força da torcida nas partidas, aquela que é e foi capaz de ganhar jogo, com vitórias históricas, viradas heróicas, e intimidação de tremer qualquer adversário. O Corinthians é menor com o Latifúndio Setor Oeste de Itaquera, mantida a política culturicída, gananciosa e burra. O torcedor ao invés de parte constituinte da atmosfera do espetáculo 'prática do futebol em estádio', que muitas vezes é mais interessante do que o acontece dentro de campo, está sendo convocado para ser o patrocinador, e não convidado de honra. Estamos sendo convidados a pagar uma conta da qual não participamos do planejamento nem da execução, não sabemos com quem, o quê e quanto foi gasto, e nem para quem vai o dinheiro presente e futuro. Em mais este aspecto social, os mais pobres continuam pagando pelos mais ricos. O eterno Corinthians deve romper com a lógica de exclusão iniciada por Rosemberg e aprofundada com o estádio novo, sempre sob a batuta de André Sanchez. Todo o conjunto de torcedores Corinthianos deve se unir em torno de reconstruir nossas alianças, fortalecendo a fraternidade, o senso coletivo, plural e includente. Esse New-Corinthians 'rico e pra rico' é a destruição de nosso significado enquanto fenômeno socializador e ferramenta de transformação. O novo anti-Corinthianismo está administrando o Estádio e levando nossas bandeiras históricas a falência. No próximo post faremos uma proposta para o preço dos ingressos e convidaremos todo Corinthiano a fazer a sua. Venceremos os traidores, Wadihs Helus dos novos tempos!