ALERTA DE TEXTO MUITO LONGO (se você tem alergia à leitura, ou prefere evitar o debate embasado, não precisa nem perder seu tempo com esse tópico)!

Bom dia/ tarde / noite, amigos de fórum.

Pretendo, com essas mal escritas linhas, iniciar aqui um debate sobre o marketing dentro do Corinthians, para poder não só nivelar um pouco o conhecimento dos usuários acerca do tema, como também gerar ideias e argumentos que possam auxiliar na cobrança por ações mais efetivas por parte dessa diretoria inerte.

Para começo de conversa, nós, e me incluo nesse cenário, ainda temos uma compreensão muito arcaica do que é o marketing. Muitas pessoas e empresas no Brasil ainda enxergam a matéria como sinônimo de propaganda (comunicação), ou auto-promoção (em um sentido pejorativo), quando na verdade é muito mais do que isso.

O marketing envolve identificar e satisfazer necessidades de maneira lucrativa, mas essa não é sua definição formal. Para entender verdadeiramente o que é marketing, é preciso antes explicarmos dois conceitos fundamentais, a TROCA e o VALOR.

Troca é a principal maneira pela qual obtemos produtos e serviços. O consumidor entrega o dinheiro para a empresa e essa, em contrapartida, fornece aquilo que ele necessita. O marketing vai tratar das melhores maneiras para que uma empresa crie muitas dessas trocas que sejam vantajosas para as suas finanças. O problema é que a troca só acontece quando o cliente enxerga VALOR na transação.

O valor para o cliente é a diferença que ele percebe entre os benefícios da compra e uso dos produtos e serviços e os custos que ele incorre para obtê-los. Os benefícios têm naturezas variadas, podem estar ligados à função de um produto, aos bons sentimentos que experimentamos quando temos aquele produto em mãos e até mesmo às respostas positivas que temos de nossos amigos e familiares quando usamos o tal produto. Da mesma maneira, os custos não se referem só ao preço pago pelo produto ou serviço, eles englobam também o tempo que passamos pesquisando por aquele determinado produto e até mesmo a energia gasta para se deslocar até o local onde a compra é feita.

Quando os benefícios superam os custos, o cliente é capaz de notar VALOR na troca realizada com a empresa.

Já dá pra imaginar uma infinidade de situações de troca que poderiam ser criadas pelo Corinthians, todas gerando valor para os fiéis torcedores, e engordando os cofres do clube, certo? !

A Associação Americana de Marketing o define como: “O processo de planejar e executar a concepção, estabelecimento de preços, promoção e distribuição de ideias, produtos e serviços a fim de criar trocas que satisfaçam metas individuais e organizacionais”. Parece um pouco complexo, não? ! Mas vou quebrar essa definição em duas partes para que tudo fique mais claro.

O final da definição deixa transparente o objetivo do Marketing – criar trocas que satisfaçam metas individuais e organizacionais. É através do Marketing que a empresa fará com que o consumidor perceba valor no item que foi adquirido. A meta do indivíduo é obter aquilo que deseja, e a meta da empresa é contar com o retorno financeiro para aquilo que ela disponibiliza, seja um produto ou um serviço.

O corintiano deseja desfrutar de sensações boas assistindo seu time do coração, quer apreciar um futebol bem praticado, por atletas que tenham condições de exercer a profissão em alto nível. Querem contar com informações atuais sobre o seu time. Desejam participar da vida política do clube. Necessitam de uma grande variedade de produtos licenciados à preços razoáveis. Querem acesso ao estádio para ver o time 'in loco'. Há uma infinidade de metas individuais que a Fiel Torcida deseja atingir por meio das trocas diretas ou indiretas com o seu clube de coração.

A primeira metade da definição trata da maneira como o Marketing atingirá esse objetivo – planejando e executando a concepção, estabelecimento de preços, promoção e distribuição de ideias, produto e serviços. O que a AMA coloca aqui é que cabe ao Marketing conceber o produto/serviço, definir o preço de venda, a maneira como ele será comunicado ao público (promovido) e como se dará a sua distribuição.

No caso de um clube de futebol, mais especificamente o Corinthians, isso passa essencialmente pela qualidade do futebol apresentado. E isso depende de um time com grandes valores, que depende de ter dinheiro para contratar e manter bons jogadores, que depende de ter as finanças em dia, que depende de contas com um controle minucioso das despesas e planejamento para o incremento das fontes de receita. Passa também por contar com categorias de base que formam bons atletas, que dependem da boa formação dos responsáveis pela seleção dos jovens, além de estrutura para a adequada formação dos mesmos, etc.

Dá pra ver que o valor final que é entregue pelo clube aos seus torcedores tem uma cadeia intrincada de causas e consequências, e que por isso os tentáculos do marketing devem estar presentes em todas as áreas da instituição.

Retomando o tema em questão, temos então que o marketing é um processo. Um processo através do qual a empresa planeja e executa o modo como ela atingirá seus objetivos. Como você pode ver, o sucesso financeiro de uma organização dependerá, em grande escala, da sua habilidade de marketing.

As empresas que apresentam resultados exitosos durante muitos anos sabem que o Marketing é o coração da organização. Tudo gira em torno da criação de trocas, que só ocorrem porque os consumidores enxergam valor naquilo que é disponibilizado. A empresa atende um desejo do seu público-alvo e obtém retorno financeiro.

É inadmissível que uma potência como o Corinthians permaneça à deriva quando o assunto é marketing. Em toda a história do clube ou a atividade de marketing foi terceirizada - o maior dos absurdos (imagina a Unilever fazendo uma parceria para que uma empresa de fora gerisse o seu marketing) - ou o cargo foi entregue para quem o fizesse em regime de meio expediente. Sem qualquer tipo de contratação formal, com remuneração, planejamento, metas e cobrança por resultados.

Tratar o clube como empresa não é só adequar-se estatutariamente e obedecer as premissas de uma lei colocada em vigor pelo Executivo. É adotar em todas as instâncias da agremiação a mentalidade da administração de um negócio. É encarar a atividade core como geradora de caixa, com a responsabilidade de criar maneiras de sempre incrementar esse fluxo.

Enfim, peço perdão se a linha de pensamento desembocou em diferentes direções, mas a questão é que o marketing é um processo que, em última instância, define o sucesso ou o fracasso financeiro de uma empresa. E no caso de um clube de futebol o dinheiro à disposição é o que efetivamente acaba por distinguir um time que estabelece uma hegemonia daquele que só fará figuração nos torneios que disputar.

MARKETING NÃO É SÓ FAZER PARCERIA COM TIKTOKER PARA LANÇAR NOVO MODELO DE CAMISA, E NEM FICAR FAZENDO SESSÃO REMEMBER EM REDE SOCIAL. É MUITO MAIS DO QUE ISSO.

É preciso bater forte nessa diretoria por muitos motivos. Dentre eles, a ausência de um trabalho de marketing digno.

E VAI CORINTHIANS!