Mauro Kac
Os maiores desafios para envolver a torcida corintiana na questão financeira são credibilidade e mobilização.
A torcida não acredita nos dirigentes e não há lideranças confiáveis que promovam a mobilização.
As organizadas já possuem uma massa de associados mobilizada e suas ações ganham natural repercussão, daí o porquê da vaquinha sugerida pela Gaviões, a maior entre elas, ter ganho tanto espaço nas mídia.
Se outras propostas tivessem o mesmo espaço, alguma já teria sido viabilizada.
Não gosto da vaquinha porque é simplista, a fundo perdido e não gera contrapartida.
Arrecadar-se-ía um montante para pagar a CEF mas e depois?
O problema estaria resolvido?
O valor arrecadado seria suficiente?
Em não sendo, ainda assim o dinheiro seria utilizado?
O torcedor que doou concordaria com isso sabendo que o problema não fora resolvido e poderia voltar no futuro?
Como o doador poderia manifestar sua discordância quanto ao resultado e obter o estorno de sua contribuição.
É um cenário em que só existem dois beneficiários. A diretoria que ganha uma fonte adicional de recursos num momento que mal consegue pagar salários, e a organizada que reafirma sua liderança e influência política.
Nos anos sessenta do século passado, logo após o golpe militar de 1964, os Diários Associados promoveram uma campanha nacional 'Dê ouro para o bem do Brasil',
O país possuía inflação alta, consequência do projeto desenvolvimentista de JK (crescer 50 anos em 5), divida externa elevada e moeda desvalorizada.
O total arrecadado no país nunca foi divulgado mas em São Paulo a arrecadação totalizou 2 bilhões de cruzeiros e 1200 quilos de ouro.
Lembro-me de ter ido com minha mãe para entregarmos correntinhas de ouro.
Não preciso dizer que além de não ter havido transparência nada foi resolvido.
Campanhas desse tipo raramente dão o resultado desejado.