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Doce mistério da vida esse Corinthians
Opinião de Alexandre Tavares
''Doce mistério da vida esse Corinthians! Inexplicável Corinthians...'', assim resumiu Osmar Santos no dia 13 de outubro de 1977, num trecho de sua emocionante narração do gol para a eternidade.
E é isso mesmo... o Corinthians contraria a lógica, contraria as estatísticas, contraria as probabilidades, contraria a grande maioria da mídia, contraria as torcidas adversárias, contraria o próprio universo. Desde 1910.
E o time, tido por muitos desde o início do ano como a quarta força do Estado, o desacreditado, o primo pobre fadado ao rebaixamento no Brasileiro ou até mesmo no Paulista, arrebentou com o time do São Paulo no Morumbi e abriu larga vantagem para o segundo jogo da semifinal em Itaquera. Ainda não passou? Ainda não, falta um jogo. Um passo por vez? Sim, sempre com humildade. Mas está chegando lá, mostrou força e capacidade e nos deu ontem um orgulho que não cabe dentro do peito.
Fábio Carille vai deixando de ser o patinho feio, enquanto o incensado, imaculado, mítico, idolatrado, salve, salve, já começou a ser questionado no Morumbi. A vida é mesmo uma roda gigante.
O Cássio recuperou a velha forma: atento, fazendo defesas difíceis, passando confiança ao time e à torcida. Gigante!
Nossos laterais estão voando. Fagner chegou à Seleção merecidamente, vem jogando muita bola. E o nosso garoto Guilherme Arana não deixou ninguém com saudades do Uendel, que era um jogador que mantinha uma boa regularidade.
Nosso miolo de zaga também merece destaque. Que zagueiro é o Pablo, que achado! Arrumou a defesa e fez o Balbuena crescer muito de produção jogando ao seu lado. O Corinthians necessita urgentemente comprar este atleta em definitivo e para isso precisa arrumar 10 milhões de reais com rapidez. Não pode deixar este jogador escapar neste momento.
Gabriel e Maycon estão cumprindo muito bem o seu papel. Gabriel já tinha se revelado um ótimo jogador no Palmeiras e se integrou rapidamente ao Corinthians: vestiu a camisa, ocupou o lugar como se tivesse nascido no Parque São Jorge; o segundo já era muito bom desde a base, ganhou casca na Ponte Preta e retornou pra ser titular absoluto - ponto pra Carille.
Jadson e Rodriguinho, se não é uma dupla de meias dos sonhos, serve muito bem para os padrões técnicos do futebol brasileiro. Quando um não brilha, o outro aparece; seja marcando um gol, seja dando uma assistência para gol. E assim vamos caminhando.
Jô chegou desacreditado. Talvez por ter demonstrado qualidade técnica duvidosa ao longo da carreira, talvez por ter demonstrado comportamento inadequado fora de campo para um atleta profissional ao longo dos anos. Chegou a ser vaiado na Arena antes mesmo de entrar em campo. Trabalhou calado e se não marca gols em todos os jogos, tem conseguido marcar naqueles que são mais importantes e vem calando a boca de muita gente. Que continue assim!
E o Romero? Entra técnico, sai técnico, e lá está ele firme e forte: titular do time, artilheiro da Arena, se matando em campo atrás da bola, de vez em quando faz até um gol. Tem limitações sim, às vezes dá nos nervos, mas joga com todos os técnicos que passam pelo Corinthians. Esforçado o cara é, e assim vamos seguindo com Romero e mais 10.
Reparem na importância do fundamento PASSE num jogo de futebol, e na melhora que foi determinante para o Corinthians bater o São Paulo dentro do Morumbi:
- em Corinthians x Botafogo, tivemos 54% de posse de bola e 62 passes errados;
- em Inter x Corinthians, pioramos ainda mais. Tivemos 37% de posse de bola apenas e 64 passes errados;
- em São Paulo x Corinthians, tivemos posse de bola similar à do jogo no Beira Rio, 38%. A diferença se deu na qualidade do passe: reduzimos do número espantoso de 64 passes errados para ''apenas'' 37;
Parece que encontramos um time titular. É dar sequência, entrosar cada vez mais, treinar, treinar, treinar à exaustão principalmente o fundamento ''passe''. O sistema defensivo está redondo e se mantivermos uma consistência de passes acertados, fatalmente teremos mais eficácia no ataque.
Tudo leva a crer que reviveremos 1977, justamente no ano 40 da lendária decisão, do eterno gol do Basílio e da épica narração do grande Osmar. Vai, Corinthians!
Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.