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O passado ensina
Alexandre Pato: um erro de planejamento que precisa ser lembrado para não ser repetido
Opinião de Jorge Freitas
Alexandre Pato, inevitavelmente, está ligado ao Corinthians. Suas declarações relacionadas ao clube sempre vendem matérias e ressurgem as polêmicas da contratação mais bombástica do futebol brasileiro na primeira metade desta última década.
Neste final de semana, em entrevista aos canais ESPN, o atacante voltou a tratar sobre a sua passagem pelo Corinthians e analisou, de maneira perfeita, os percalços encontrados no clube naquele momento. O atacante declarou: "Eu cheguei em um grupo já feito no Corinthians. Um grupo que tinha acabado de conquistar Libertadores e Mundial".
É claro que falar anos depois sobre erros é mais fácil, mas quando se entra na gestão de um clube, é preciso ter conhecimento para diminuir os erros e potencializar os acertos. Ninguém vira presidente sem querer e, quando o faz, deve aprender a analisar, planejar e prever erros e acertos antes de executar.
Contratado a peso de ouro para fortalecer o elenco campeão mundial, Pato foi, na verdade, um erro de planejamento do então presidente Mário Gobbi, de seus diretores e do treinador Tite, que precisavam apenas entender e prever exatamente o que disse o atacante: o grupo estava pronto e era multicampeão.
E nem deveria ser tão difícil prever.
Isso porque o ataque era o setor em que menos precisávamos de reforços naquele momento. Com Guerrero no auge e Romarinho em ascensão, o Corinthians teria uma dupla de ataque de respeito em 2013, mesmo que Alexandre não fosse trazido da Itália. Além disso, a pompa de estrela-mor poderia cair bem em qualquer time do mundo naquele ano, menos no Corinthians, campioníssimo e com um elenco caracterizado pelo lema de que a grande estrela era o treinador e ninguém mais.
Com isso, era impossível que Pato chegasse de uma forma que agradaria a todos os jogadores no clube. Naturalmente, o midiático atacante passou a chamar atenção da torcida e da imprensa, o que relativizou a atenção aos responsáveis pelo grande feito da conquista do mundo.
Com 40 milhões de reais, o Corinthians deveria ter se esforçado para manter Paulinho, motor daquele time, cuja saída, sabemos bem, representou declínio técnico a ponto de terminarmos o Brasileirão apenas no meio da tabela, e para contratar jogadores fortes em outras posições, como fez com Gil e Renato Augusto.
Exemplo contrário fez, neste ano, o Flamengo, que apesar de trazer bons jogadores como Pedro, Michael e Pedro Rocha, deixa claro que o prestígio está totalmente com Gabriel e Bruno Henrique, estrelas do ano vitorioso do time.
Talvez, naquele momento, Gobbi e Tite estivessem vislumbrados pela potência em que o Corinthians havia se tornado, a ponto de ser campeão da Libertadores e do mundo de maneira invicta. É difícil culpá-los, haja vista que a euforia à época (nós também estávamos), era grande. Também é difícil culpar o jogador, afinal, a fama de estrela que o atrapalhou já o acompanhava antes mesmo de sua contratação.
Aliás, o pênalti perdido contra o Grêmio nada mais foi do que o ápice de um clima que já era consideravelmente ruim.
A parte boa de tudo isso é que, talvez, sem Pato, não teríamos Jadson nem, consequentemente, a dupla com Renato Augusto que desfilou pelo Brasil em 2015.
Ou seja, dos males o menor.
E antes que alguém diga que esse assunto já deu na história do Corinthians, rebato: é necessário relembrar os erros do passado para não voltarmos a cometê-los no futuro. E Pato foi isso mesmo, um erro previsível, que indica o quanto o clube ainda precisa aprender a planejar antes de executar.
Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.