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Coluna do Marcelo Rodrigues
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2017 foi o ano da quarta força. Ainda bem.

Daniel Augusto Jr. / Agência Corinthians

Feliz Ano Novo, Fiel!

Opinião de Marcelo Rodrigues

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Meu pai era péssimo para datas. Até aniversário de gente importante ele deixava passar. E, depois, ficava com vergonha. Na verdade, ele era distraído, esquecido, tudo junto. Mas, quando ia falar do Corinthians, era mais preciso que o Marcelinho batendo falta.

“Foi num dia 5 de dezembro! Quase que não deu certo porque era começo de mês e eu precisava do dinheiro para outras coisas. Mas acabei indo para o Rio com a grana certinha...” Era assim que ele começava a contar sua epopeia na invasão de 76. Uma riqueza de detalhes impressionante. Parecia até outra pessoa.

Eu herdei muita coisa do meu pai. Inclusive o esquecimento. E, especialmente, o Corinthianismo. E também tenho uma memória absurda quando se trata da minha relação com o Corinthians.

Quando vejo os gols de um jogo que aconteceu século passado, literalmente, nesses vídeos que rolam pela timeline, sou capaz de lembrar com quem eu estava, onde vi o jogo e algum detalhe que não tem a ver com os gols. Lembro da história.

Nos jogos de almanaque então, naqueles que a gente ganhou ou perdeu, mas mudou nossas vidas, me recordo até das sutilezas. No jogo do rebaixamento, no intervalo, eu saí pelo condomínio subindo e descendo escada. Porque ficar parado por 15 minutos seria muito angustiante.

Contra o Flamengo, na Libertadores no Rio, me lembro de um boteco que a gente foi beber à paisana porque chegamos cedo e, no primeiro minuto no bar, o garçom falou: “Vocês são Corinthianos, né?” Mas a gente estava num grupo pequeno, sem camisa do Timão para evitar dor de cabeça. Eu perguntei: “Você descobriu pelo sotaque?”

E ele: “Não, descobri porque vocês têm cara de Corinthiano!”. Graças a Deus. Mas dali para frente ficamos mais atentos com a torcida deles. Porque estava na nossa cara que aqui é Corinthians.

No lance do Jô no clássico contra o rival, naquele da expulsão do Gabriel, a gente gritou e pulou tanto na hora do gol que derrubei meu amigo Henrique. Caímos juntos no embalo. Ele reclama até hoje de ter sido lançado ao chão. Nunca pedi desculpas. E nem vou. Daqui 20 anos, quando ele lembrar desse jogo, também vai lembrar disso. Ficou marcado.

É que o Corinthians marca mesmo as nossas vidas. E a gente acaba contando o tempo um pouco assim, já reparou? Falou em 2017? Quarta força. 2010? Centenário. 2012? Libertadores. 76? Invasão. 81? Democracia. É como se o Corinthians pudesse, ao final de cada ano, batizar um ciclo.

Como será que 2018 ficará marcado? Não faço ideia. Mas vai ser inesquecível. Sempre é.

Começou 2018. Feliz Ano Novo, Fiel.

Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.

Por Marcelo Rodrigues

Escritor, produtor e jornalista, vive escrevendo sobre o Corinthians por aí. Respeita a tradição, sente saudade do Pacaembu e não grita gol antes. Em compensação, depois... vixe!

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