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Hora de agir!
Menos Facenóis e mais naming right
Opinião de Marco Bello
Precisei de uma semana para digerir a entrevista do diretor de marketing do Corinthians, Luis Paulo Rosenberg.
Queria escrever um texto logo que a coletiva acabou, mas achei melhor esperar um tempo. Talvez eu que estivesse em um dia ruim, não tivesse entendido direito, talvez devesse ouvir de novo com mais calma.
Ouvi, e percebi que precisava mesmo escrever sobre isso.
Uma entrevista patética (do dicionário, que provoca tristeza, piedade).
Foram 28 minutos de blá blá blá só na abertura. Dos 60 minutos de entrevista coletiva ao todo, com as presenças também do presidente Andrés Sanchez e do diretor financeiro Matias Romano, Rosenberg "roubou a cena" e falou por pelo menos 40 minutos.
Desde a criação de um Facebook só para corinthianos, o tal Facenóis, até robozinhos corinthianos conversando pela internet, os chamados bots (que existem na internet há pelo menos 10 anos), foram lenga-lengas (do dicionário, conversa enfadonha, monótona) distribuídos a rodo.
Quero aqui deixar claro que não conheço Rosenberg pessoalmente, portanto as críticas aqui se restringem estritamente ao campo profissional.
Admiro o trabalho do atual diretor de marketing na época da reconstrução corinthiana em 2008, após a queda para a segunda divisão, quando este foi um dos artífices das campanhas “corinthiano roxo”, “sou mano do Mano”, e principalmente da contratação de Ronaldo Fenômeno.
Mas Rosenberg também foi o idealizador dos moldes do acordo financeiro do estádio do Corinthians.
Um economista que articulou a construção de um estádio impagável.
E agora quer ‘brigar’, ‘ir pra cima’ da Odebrecht’, como ele mesmo falou na coletiva.
Sem um patrocínio máster na camisa desde abril de 2017, o Corinthians culpa a crise financeira do país pela falta de acordos mais vantajosos do ponto de vista publicitário.
Creio eu, como jornalista, observador e palpiteiro, que os profissionais que lá estão, todos renomados, estão lá justamente para serem criativos a ponto de driblarem a crise e conseguirem acordos vantajosos mesmo em tempos difíceis. Senão não precisariam estar lá.
A Arena Corinthians é um caso à parte. Já escrevi aqui em diversas oportunidades sobre ideias que não foram levadas para frente e poderiam fazer jorrar dinheiro nas contas do clube.
Primeiro, a loja oficial fica vazia em dias sem jogos. Não há outros pontos de vendas de produtos oficiais dentro do estádio. Os camelôs em frente à Arena vendem camisas com qualidade quase igual à da loja por 400% a menos. Isso sem falar em faixas e bandeiras exatamente iguais às oficiais por um preço ridiculamente menor.
Há um espaço em frente ao estádio, atrás da arquibancada leste, em que poderia ser construído um museu, um parque, um shopping, um complexo aquático, isso só para ficar nas ideias básicas. O torcedor poderia chegar mais cedo e gastar o valor do ingresso em produtos oficiais. E nos dias sem jogos iria se transformar em um verdadeiro ponto turístico da cidade.
Aliás, este ‘passeio’ faria valer os R$70,00 que estão sendo cobrados no estacionamento do estádio. A título de comparação, o Shopping Bourbon cobra R$30,00 o estacionamento coberto e protegido por seguro em jogos do rival.
Enfim, voltando para o que te interessa, torcedor corinthiano. Naming Rights? Arena Itaú, Skol, Coca-Cola? Você não chamaria o estádio assim? Não faria campanha para que as televisões e rádios também chamassem? Para que a prefeitura trocasse as placas (que aliás hoje apontam para Arena Itaquera, e não Corinthians). Porque a desculpa é que não vende porque ninguém falaria o nome na mídia.
Isso é mais questão de conversa, de acerto, de acordos, de profissionalismo. É o que falta, a meu ver. Menos conversa, menos papo furado e mais ideias e trabalho.
Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.