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Torcida segue incomodando muita gente

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Gaviões, PM, Lava-jato: o Corinthians no olho do furacão

Opinião de Roberto Piccelli

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As notícias esportivas, políticas e policiais nunca se misturaram tanto.

Desde o início do ano, nossas torcidas organizadas - notadamente os Gaviões da Fiel - compram briga com a imprensa, com interesses poderosos, tradicionalmente protegidos pela própria imprensa, e com a própria diretoria do clube. Boatos de todos os lados prometem revide dos alvos da manifestação. A ameaça não intimida; os protestos são mantidos.

Na sequência, após reunião com o Ministério Público de São Paulo, órgão de onde provem o deputado mais 'homenageado' nos protestos da torcida, presidente e diretor dos Gaviões são brutalmente espancados em um episódio até hoje mal esclarecido.

De forma paralela, enquanto seguem as manifestações na Arena, a Polícia Militar, contratada pela diretoria, em tese, para garantir a segurança do espetáculo, parte para cima da torcida aparentemente sem justificativa a cada jogo, sempre munida do arsenal dedicado costumeiramente a quem vai contra o interesse de quem manda nela. Depois das polêmicas iniciais, agora a polícia tem o cuidado de aguardar o fim da transmissão na TV para que as atrocidades não sejam transmitidas ao vivo. A diretoria se manifesta depois de muita cobrança, mas não anuncia nenhuma medida efetiva.

Os Gaviões prometem resistir.

E, no meio disso tudo, o torcedor não-organizado que frequenta a Arena, de perfil socioeconômico muito diferente daquele que se vê atrás dos gols, deve resistir à tentação de ceder aos preconceitos que tem contra as organizadas e observar criticamente tudo o que vem acontecendo. Existe uma mensagem sendo transmitida. Descartá-la sem pensar é servir cegamente a quem não quer vê-la transmitida. Eventualmente, apoiá-la pode dar força para uma demanda importante.

Há quem associe nossas organizadas a interesses partidários. E como a rotulagem política no Brasil tem chegado lamentavelmente até a agressão de pedestres na via pública pela cor da roupa, muita gente considera que qualquer cobrança dirigida a um membro de um determinado grupo denuncia uma suposta relação com o outro. O resultado é que tudo o que os Gaviões dizem já é desclassificado pelos mais fanáticos como se fosse suspeito .

E aí vem a roda-viva do mundo para mostrar a essas pessoas que o mundo da política é muito mais complexo do que um Corinthians e Palmeiras. Nosso vice-presidente foi hoje chamado para ser ouvido. A convocação tem a ver com referências a seu respeito em uma lista da Odebrecht, investigada na Lava-Jato, e construtora da nossa Arena.

Não é de hoje que se cobram esclarecimentos a respeito da contabilidade da obra. E aí é que vem a pergunta: quem é que mais tem protagonizado as cobranças por uma posição da diretoria sobre as contas do estádio? Tem razão quem acusa os Gaviões de atuarem só por um lado?

Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.

Por Roberto Piccelli

Roberto Piccelli é advogado atuante em direito público e escreve sobre temas jurídicos e institucionais relacionados ao Corinthians.

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  • Comentários mais curtidos

    Felipe
    Felipe Thal

    ? Se você não for cuidadoso, os jornais farão você odiar as pessoas que estão sendo oprimidas, e amar as pessoas que estão oprimindo.? Malcolm X

  • Andr�
    André Luíz #30

    Sempre vão querer acabar com a nossa paz, incomodamos muito, levamos 31 mil por jogo em média... E continuamos a ganhar mesmo vendendo os principais jogadores! Contra tudo e todos, como sempre foi e sempre será! Mais do que nunca: VAI CORINTHIANS!

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  • Todos os comentários (156)

    C�sar
    César Paula #2.243

    Veja, Diego, agora, as últimas notícias. Na lista da Odebrecht aparecem mais de 200 nomes, entre eles Aécio, Serra, Cunha e muitos outros. O que acaba de fazer o Moro? Colocou sob sigilo. É disso que estamos falando: de um judiciário (ou, mais propriamente, "judiciamento") seletivo.

  • Carol
    Carol Kuhn #235

    Corinthians é também política, sempre foi, basta lembrar o tempo da Democracia Corinthiana, nosso time sempre esteve debatendo essas questões, por isso que não é só um time é um mundo.

  • Mario
    Mario Ayres #123

    A transparência dessa chapa acabou.

  • C�sar
    César Paula #2.243

    Roberto, você foi ao ponto da questão. A Gaviões se posicionou, como fez em 1969, na ditadura, contra o presidente ditador do Corinthians Vadih Helu; se posicionou pela anistia em 78/79 e se posicionou pelas Diretas Já. A Gaviões, ou uma parte dela, se posicionou novamente agora, contra o golpe que se está tentando no país, e apontando o dedo, inclusive para a Rede Globo, a grande agente do golpe tramado. Diante disso, não tenhamos nenhuma dúvida: a ação da Polícia Militar contra a torcida foi uma retaliação pelo seu posicionamento político e justamente agora, temos essa suposta propina para colocar o Corinthians definitivamente no olho do furacão.
    É pertinente a sua colocação também, dessa divisão que ocorre no estádio. O estádio foi concebido para ter um público de alto poder aquisitivo e os apenas 20% de espaço destinados aos setores populares determinam, com a crise política, uma cisão mais do que clara entre os setores.

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