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Divisor de águas
Quando Cássio mudou a história do futebol brasileiro
Opinião de Vitor Chicarolli
Não costumo falar sobre possibilidades, mas um lance em especial ainda chama minha atenção. Há oito anos, Cássio estava prestes a fazer a defesa de sua vida e colocar o Corinthians a caminho do Mundial de Clubes.
No dia 23 de maio de 2012, em duelo com o Vasco da Gama, pela volta das quartas de final da Libertadores, o goleiro impediu um gol do meia Diego Souza que, possivelmente, eliminaria a equipe alvinegra daquela edição do torneio continental.
Corinthians e Vasco empatavam por 0 a 0 quando, aos 17 minutos do segundo tempo, o Pacaembu congelou. Capitão corinthiano, o lateral-direito Alessandro tentou um cruzamento, mas chutou em cima do camisa 10 vascaíno, que partiu livre para a meta do Timão.
Diego Souza, então, levou a bola de seu campo à área de Cássio e, na cara do arqueiro, bateu rasteiro no canto esquerdo. Como todos devem se lembrar, o milagre aconteceu. O até então camisa 24 do Corinthians se esticou todo e conseguiu mandar a bola para escanteio - caso tomasse aquele gol, o Timão precisaria de dois tentos para avançar à semifinal.
Pois bem. Na minha opinião, o mundo nunca mais foi o mesmo depois desse lance. E vou explicar essa afirmação abaixo!
O que seria diferente no Corinthians com a vitória do Vasco em 2012?
Os motivos são óbvios:
- Pivô do fatídico lance, Alessandro dificilmente continuaria como titular da lateral direita do time. Assim como outros jogadores, poderia ser "queimado" pela torcida por ser o grande responsável de uma nova eliminação na Libertadores. Logo, não seria o ídolo que é atualmente;
- Cássio também poderia ter seu futuro prejudicado no clube, tendo em vista que essa defesa o consagrou e passou confiança para mais de 30 milhões de torcedores corinthianos que ainda não o conheciam;
- Assim como Cássio e Alessandro, Fábio Santos, Paulinho, Jorge Henrique, Sheik e Tite não estariam eternizados na história alvinegra;
- Sem o título da Libertadores, Paolo Guerrero não teria vindo para o Corinthians, já que foi uma contratação visando o Mundial de Clubes de 2012. Será que algum outro clube traria o polêmico peruano para o Brasil (ele era conhecido por lances violentos na Alemanha)?
- Sem o Mundial de Clubes, o atacante Alexandre Pato não seria contratado. Logo, Jadson não teria vestido a camisa do Timão - ambos foram envolvidos numa troca entre Corinthians e São Paulo em 2014;
- Assim como Pato, o zagueiro Gil e os meias Renato Augusto e Rodriguinho também não seriam contratados sem o Mundial. O trio foi fundamental em diversas conquistas ao longo da década.
O que seria diferente no futebol brasileiro com a vitória do Vasco sobre o Corinthians em 2012?
Os motivos também são óbvios:
- O técnico da Seleção Brasileira na Copa do Mundo em 2018 poderia ser outro. Não acredito que, sem a conquista da Libertadores, Tite seria coroado com cargo na CBF. Portanto, onde ele poderia estar hoje?;
- Na época, o Vasco da Gama tinha um baita time e Cristóvão Borges, treinador cruzmaltino em 2012, fazia um grande trabalho. Assim, com a possível conquista da Libertadores, ele também teria chances de assumir a Seleção. Já pensou a Copa do Mundo de 2018 com Cristóvão no banco brasileiro?;
- Destaque da Seleção nas Eliminatórias e com boas atuações na Copa-2018, Paulinho poderia não ter o mesmo reconhecimento. Logo, teria chances de permanecer no futebol brasileiro por mais tempo e não ter feito carreira na Europa.
Conclusão!
Sim, podem me xingar nos comentários, caros leitores. Sei que viajei com esse tema, mas a quarentena está me deixando maluco sem futebol. Apenas quis ressaltar a dimensão de Cássio para o futebol brasileiro e tudo que aquele jogo contra o Vasco da Gama representou na história do Corinthians.
Como é meu jogo preferido desde 1997, decidi relembrar a data e um pouco da emoção que vivi naquele 23 de maio. Esse duelo, inclusive, foi o mais Corinthians daquela campanha. Obrigado pela paciência!
Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.