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Coluna do Walter Falceta
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Gestão do fracasso

Yuri Alberto: ainda sem balançar as redes

Rodrigo Coca / Agência Corinthians

Fizemos mesmo bom papel na Libertadores?

Opinião de Walter Falceta

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Li por aí, em portais e redes sociais, que o time de Vítor Pereira honrou o manto alvinegro nesta 63ª edição da Copa Libertadores de América. Muitos citam especificamente a eliminação do Boca Juniors, nas oitavas de final. Resolvi, então, consultar meus arquivos de desempenho na competição. Por gentileza, acompanhem comigo.

Pois bem, o clube disputou, no total, dez partidas. Somou apenas duas vitórias, contra cinco empates e três derrotas. O aproveitamento geral foi de apenas 36,67%. E os gols? Anotamos cinco em dez jogos. Portanto, média assustadoramente baixa de 0,5 por partida. E tomamos sete, o que dá uma média de 0,7 por encontro.

Há um dado particularmente assombroso nessa campanha liderada pelo lusitano Vítor Pereira. O último gol corinthiano na competição foi marcado por Adson, aos 18 minutos do primeiro tempo, no empate (1 a 1) contra o time alternativo do Always Ready, da Bolívia, ainda na fase classificatória.

Daquele momento, até a despedida no Maracanã, em 9 de agosto, foram nada menos que 432 minutos sem marcar um gol sequer. Traduzindo: seis horas e 12 minutos de produtividade zero no ataque. E vejam que nem estou contando os acréscimos dessas partidas.

O corinthiano tem muito a se orgulhar do time de Tite, que em 4 de julho de 2012 conquistou de forma invicta o título da Libertadores. Naquele torneio, avançamos em primeiro lugar no grupo que reunia Cruz Azul, do México; Nacional, do Paraguai; e Deportivo Táchira, da Venezuela.

Depois, nas oitavas, passamos pelo Emelec, do Equador, superando até mesmo a arbitragem desonesta de José Buitrago, na primeira partida realizada em Guayaquil. Nas quartas, triunfamos sobre o Vasco, com grande contribuição de Cássio. Na semifinal, eliminamos o Santos do aclamado Neymar. Na final, um empate e uma vitória sobre o Boca Juniors. No total, foram 14 jogos, com oito vitórias e seis empates. Nenhuma derrota.

Gols? 22 anotados. Portanto, média de 1,57 por partida. Tomamos apenas quatro. Média de 0,28 por partida.

No ano seguinte, o clube vinha bem na competição, até ser garfado pelo paraguaio Carlos Amarilla, nas oitavas de final, naquele que se configurou como o mais escandaloso roubo da história da Libertadores.

De lá para cá, no entanto, o desempenho ficou sempre muito aquém do esperado. Vou recorrer à memória. O leitor atento me corrigirá se houver equívoco. Em 2015, depois da disputa preliminar, terminou a fase classificatória em primeiro lugar. Nas oitavas de final, entretanto, perdeu a primeira partida por 0 a 2 para o modesto Guaraní, do Paraguai. Na volta, em casa, mais uma derrota: 0 a 1.

No ano seguinte, mais uma queda na oitavas, em embate contra o Nacional uruguaio. Um empate sem gols no jogo de ida e uma igualdade em 2 a 2 na partida disputada em Itaquera. Em 2018, o algoz das oitavas foi o Colo Colo. Derrota por 0 a 1 no Chile e vitória insuficiente por 2 a 1 em Itaquera.

O pesadelo continuou em 2020. Na fase preliminar, perdeu do mesmo Guaraní paraguaio por 0 a 1, fora de casa. Em Itaquera, uma vitória por 2 a 1. O gol qualificado do visitante retirou a equipe mosqueteira da competição.

Mesmo com uma baciada de caríssimas contratações, o desempenho em 2022 deixou a desejar. O investimento da atual cartolagem em medalhões como Willian, Paulinho, Renato Augusto, Giuliano, Róger Guedes e Yuri Alberto não surtiu o efeito pretendido.

A mudança nos métodos de condicionamento físico convergiu para uma série de lesões e desfalques em partidas importantes. Mesmo quando teve bons atletas à disposição, a comissão técnica não soube constituir uma equipe base titular nem um repertório de jogo apropriado à competição continental. Por vezes, esses problemas físicos e táticos se somaram a uma apatia do grupo, como ocorreu em vários momentos nas duas contendas contra o Flamengo.

Vale dizer que, nos últimos cinco anos, enfrentamos o rubronegro carioca 16 vezes. Foram duas vitórias, dois empates e 12 derrotas. Tenebroso desempenho.

Em 2012, o Corinthians soube estruturar-se para superar as naturais barreiras do torneio continental. Depois, disso, no entanto, regrediu, repetindo os mesmos equívocos de gestão e estratégia de anos anteriores. O desempenho em 2022 mostra que a atual gestão aprendeu muito pouco com o sucesso e com o fracasso. Erros em série, resultados insatisfatórios e muito sofrimento para a Fiel. É preciso mudar.

Veja mais em: Libertadores da América .

Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.

Por Walter Falceta

Walter Falceta Jr. é paulistano, jornalista, neto de Michelle Antonio Falcetta, pintor e músico do Bom Retiro que aderiu ao Time do Povo em 1910. É membro do Núcleo de Estudos do Corinthians (NECO).

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  • Comentários mais curtidos

    Cortes
    Cortes H. #775

    Nossa campanha foi pífia. Ainda temos que melhorar muito pra chegar no nível do Flamengo e do maldito rival. 2012 foi um ponto fora da curva, nossa realidade em Libertadores é isso que vimos ontem.

  • Ricardo
    Ricardo Luna

    O resultado (chegar as quartas), foi bom. Mas a campanha não! O técnico não acha o time titular. Elenco mal montado e desentrosado em campo. Esta na cara que o time é feito para um 4-4-2 ou 3-5-2. Ontem o VP foi desastroso, com uma zaga que nunca jogou junto e depois do baile na Neo Quimica Arena, esperava que no mínimo igualasse o meio de campo e parasse de marcar o espaço e sim os dois meias... Futuro complicado para ele

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  • Todos os comentários (123)

    Juliane Bauer
    Juliane Bauer #2.920

    Concordo com você

  • Juliane Bauer
    Juliane Bauer #1.836

    Concordo com você

  • Vinicius
    Vinicius Uchoa #7.272

    Aaaah mas n teve planejamento!
    Ah mas não teve pré-temporada!

    Até porque Flamengo e Athletico mantiveram os mesmos treinadores do início do ano.
    E o paineiras qd ganhou 2020 também teve o mesmo treinador desde i início do ano.

    Precisa de quantos meses mesmo pra parar de dar essa desculpa?

  • Elias
    Elias Sá #2.526

    Duilio é o responsável por contratar jogadores só ficam departamento médico é só vê diferença nos adversários que estão mais dois anos ganhando tudo que disputam. O Corinthians teve algum jogador semelhante a Arrascaeta e Everton Ribeiro Rafael Veiga Ganso Gabigol Pedro Huck Cano Tiago Maia Filipe Luis etc? Claro que não! Vitor Pereira teve Luan Paulinho Renato Augusto William Gil Jô júnior Moraes Bambu só ficam departamento médico. É brincadeira condenar trabalho técnico que por milagre chegou ainda quartas mata mata e é vice brasileiro.

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