O Corinthians foi multado em R$ 10 mil por cânticos homofóbicos de sua torcida no jogo contra o Internacional, em 5 de março, durante as oitavas de final da Copa do Brasil Sub-17. A punição foi aplicada nesta segunda-feira, 15 de abril, e o clube tem a possibilidade de recorrer ao Pleno.
A arbitragem do jogo, comandada por Gustavo Holanda, detalhou na súmula: "Informo que ao fim do primeiro tempo, foi possível escutar cantos de cunho homofóbico vindo da torcida mandante, no qual dizia: 'arere, gaúcho da o c* e fala tchê', com isso o sistema do estádio interviu e não foi possível ouvir em mais nenhum momento".
A conduta resultou em denúncia ao Corinthians conforme o artigo 243-G. Durante a sessão de julgamento, o clube alvinegro apresentou provas documentais e solicitou o depoimento do gerente geral do departamento de base, Claudinei Muza, que confirmou ter exibido uma mensagem de conscientização no telão após os cantos.
"Eu estava presente e, realmente, ao final do primeiro tempo, houve um canto por parte de alguns torcedores que estavam na arquibancada. Eu mesmo, imediatamente, pedi à assessoria que postasse no telão do estádio uma mensagem dizendo que qualquer tipo de homofobia é crime, e isso foi feito”, disse o depoente.
“Acredito que a torcida tenha se conscientizado e, como o quarto árbitro relatou, não houve mais nenhum episódio nesse sentido até o final da partida. Em torno de 200 a 250 torcedores estavam presentes, e 20 a 30 pessoas que puxaram o canto. Foi a minoria e logo acalmaram”, concluiu.
Já o advogado do Corinthians, Sérgio Engelbert, apresentou argumentos destacando que o clube tem divulgado e promovido campanhas nas redes sociais para reduzir episódios como esse. Posteriormente, ele ressaltou que, pela boa fé processual, não estava solicitando a absolvição, mas sim uma multa adequada.
“Trouxemos os trabalhos feitos pela entidade, cartilha que o clube divulga, campanhas nas redes sociais e tudo aquilo que o Corinthians fez para minimizar o episódio. Infelizmente, não foi possível a efetiva paralisação sem se estender o prejuízo. De fato, ocorreu, e peço que os senhores tomem conta de todo o trabalho feito pelo Corinthians. Pela boa fé processual, não venho pedir a absolvição, mas que seja aplicada uma multa condizente”, argumentou.
Após as sustentações finais, o relator do processo, auditor Ramon Rocha, proferiu seu voto. "O fato é incontroverso e a própria defesa reconhece que foram entoados os cânticos. Há uma necessidade de reprimir esse tipo de conduta, mas não posso perder de vista que se trata de uma competição sub-17. Voto pela multa de R$ 10 mil no artigo 243-G", explicou.