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Renata Fan, a Lei dos dois terços e a única torcida que cresce no Brasil
Danilo Augusto

Corinthiano e programador dedicado que tem um orgulho imenso de ter criado essa comunidade chamada Meu Timão.

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Renata Fan, a Lei dos dois terços e a única torcida que cresce no Brasil

Coluna do Danilo Augusto

Opinião de Danilo Augusto

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Renata Fan, a Lei dos dois terços e a única torcida que cresce no Brasil

Torcida do Corinthians em Itaquera na decisão da Copa do Brasil contra o Flamengo

Foto: Danilo Fernandes/Meu Timão

Já se perguntaram porque temos a maior torcida do estado de São Paulo? Por que somos o "Time do Povo"? A resposta tem uma ou várias razões históricas. Uma delas torna o infeliz comentário de Renata Fan mais preconceituoso do que parece.

Antes, é preciso lembrar que somos um clube formado por operários em ascensão desde nossos primeiros anos de fundação. A fundação do Corinthians incomodava tanto a elite paulistana que a própria elite chegou a coagir para remover o Timão da liga em 1913, simplesmente por ser um time de origem popular.

Não só sobrevivemos, como o crescimento da torcida do Corinthians veio à tona nas décadas seguintes com muitas conquistas na década de 1940 e uma política pública que mudaria a homogênea população paulista, a chamada lei dos dois terços.

A lei fora aprovada no final de 1930 para valorizar a mão de obra nacional. As empresas a partir de então deveriam ter em seu efetivo no mínimo dois terços de trabalhadores brasileiros. Foi o início da grande migração nordestina a São Paulo, que permaneceu muito forte por meio século.

O futebol, então ganhando popularidade, era um entretenimento da classe operária. Os migrantes que chegavam em São Paulo escolhiam, em grande parte, o nosso Timão como clube de coração.

Além da origem popular, entende-se que outro fator determinante que fazia o Corinthians ser a principal adoção da massa que chegava ao estado era o fato do clube contar com negros no elenco. Era vetada a participação de negros no Palestra Itália na década de 1930. Somente em 1942, no ano em que o rival do Timão passou a se chamar Palmeiras, que a equipe da Barra Funda escalou pela primeira vez um atleta negro (23 anos depois de o Corinthians escalar Bingo, o primeiro negro a vestir a camisa do Corinthians).

E assim, adotado pelos novos migrantes, crescemos. Crescemos inclusive quando passamos 23 anos sem ganhar um Campeonato Paulista.

Crescemos até hoje. Segundo uma pesquisa da Datafolha, somos a única equipe do Brasil que cresceu em participação de mercado desde a década de 1990, acima da margem de erro da pesquisa. Em outras palavras, à medida que a população brasileira aumenta, toda torcida de futebol aumenta proporcionalmente, mas o Corinthians foi o único clube que viu sua torcida crescer em 20 anos acima da proporção, como resumiu bem a matéria da ESPN.

Tal crescimento incomoda os rivais. Isso sempre fez o Timão ser "o time a ser batido", ou até mesmo o "inimigo". Somos o maior rival do Palmeiras, mas também o maior rival do São Paulo e do Santos. Somos também o segundo maior rival de clubes onde há apenas uma bipolaridade de torcidas no estado, caso de Grêmio e Internacional, time de Renata Fan, que preconceituosamente se referiu à torcida corinthiana como uma população sem estudo.

Pegou muito mal porque preconceito contra o Corinthians é o preconceito contra a classe operária, contra a migração nordestina, contra a população pobre em geral.

Eu sou um desses, filho de uma corinthiana parda, de origem nordestina, que trabalhava como empregada doméstica para garantir minha educação. E realmente, para muitos como eu, não foi fácil estudar. Trabalhei carregando caixas 8 horas por dia nos Correios, indo de bicicleta para o trabalho e para a faculdade só para economizar o dinheiro do ônibus.

Foi sofrido, mas justamente o termo "sofredor" é algo que adotamos como identidade da nossa torcida. Sofredor é algo que nós somos e temos orgulho. O corinthianismo fica enraizado em nós. Por isso usamos a camisa do Corinthians embaixo da batina de formatura, por isso brindamos com "Vai Corinthians" a cada conquista em nossas vidas.

Mas sim: estudei, me formei, empreendi e fiz do Corinthians a minha vida criando o Meu Timão. E faço com amor o trabalho de ajudar o Corinthians a continuar crescendo, e incomodando.

Coincidência ou não, 90 anos depois da lei dos dois terços, o Corinthians do século 21 supera sozinho a soma das torcidas dos rivais paulistanos.

Veja mais em: Torcida do Corinthians.

Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.

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Por Danilo Augusto

Corinthiano e programador dedicado que tem um orgulho imenso de ter criado essa comunidade chamada Meu Timão.

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