Ex-jogador do Corinthians revela saída forçada do clube: 'Fui obrigado a ser emprestado'
Entrevista de Marco Bello
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O ano era 2016 e o Corinthians, sob o comando do técnico Tite, recebia um pacote de reforços para a disputa da temporada. Guilherme chegou do Antalyaspor-TUR por R$ 9,6 milhões; Giovanni Augusto estava no Atlético MG e o Timão pagou R$ 15,3 milhões por 60% de seus direitos; por Marlone, o Corinthians pagou R$ 4 milhões por 50%; Marquinhos Gabriel chegou do Al-Nassr com o clube pagando por 70% a quantia de R$ 12 milhões.
Diante dessas contratações, poucos prestaram atenção a um jogador que chegou do Bragantino e estava emprestado à Ferroviária de Araraquara: o meia Alan Mineiro.
Mas o fato que surpreendeu a todos foi quando o jogador foi escalado por Tite como titular nas duas partidas mais importantes daquele ano, contra o Audax na semifinal do Paulista e contra o Nacional-PAR na Libertadores.
O time foi eliminado nas duas competições, e Alan não jogou mais pelo Timão. Acumulou uma série de empréstimos até que seu contrato fosse encerrado em dezembro de 2018, e hoje é ídolo da torcida do Vila Nova de Goiânia.
A reportagem do Meu Timão conversou com Alan Mineiro pra falar de sua curta passagem pelo Corinthians:
"Olha, eu cheguei no Corinthians, e foi a realização de um sonho pra mim. Acho que tem um monte de coisa que muita gente não sabe, infelizmente. Eu demorei um pouquinho pra jogar pela questão do peso, né? Eu entendi, mas eu já tinha muitos anos jogando com esse mesmo peso. Cheguei no Corinthians e tive que mudar, aí demorei um pouco pra poder jogar", disse.
Você chegou a fazer dois gols pelo Corinthians, inclusive um golaço contra o Novorizontino, e acabou escalado como titular pelo Tite. Como foi isso?
"É, quando eu joguei, eu tenho consciência que eu fui super bem. Fiz gols, dei assistências, entrei nos jogos muito bem mesmo. Mas aí do nada, eu vejo como que a eliminação que a gente acabou sofrendo pelo Audax na semifinal do Campeonato Paulista, e depois na Libertadores pro nacional, mudou tudo".
E o que aconteceu?
"Eu vejo assim, que a corda arrebentou pro lado mais fraco, porque eu era titular da equipe, estava sendo titular, dando assistência, fazendo gol, e eu nos meus melhores momentos no Corinthians, aí eles me colocaram numa mesa e falaram que iam me emprestar, porque tinham jogadores que tinham alto investimento, que era o caso do Giovanni Augusto, do Marlone, do Guilherme, do Marquinhos Gabriel, jogadores que tinham um peso maior, que foram contratados por muito mais dinheiro".
Tinha pressão pra eles jogarem?
"Olha, não tenho nada contra esses jogadores, sou amigo deles. Acho que eles fizeram por merecer estarem onde estavam. Mas disseram que eles (a diretoria) estavam sendo cobrados, que esses caras tinham que jogar. E eu era titular da equipe. Infelizmente a gente acabou sendo eliminado e acabou sobrando pra mim".
Aí você foi emprestado ao América Mineiro. Você pediu pra ser emprestado?
"Não, eles falaram que teriam que me emprestar, eu relutei, falei que queria continuar, que queria ter ficado ali. Mesmo com esse tanto de jogador, eu queria ter continuado. Queria ter brigado pelo meu espaço. Acho que se eu consegui ser titular uma vez, eu teria conseguido de novo. Não ia ser problema, porque eu trabalhava muito e via que uma hora as coisas iriam dar certo. Mas infelizmente eu fui obrigado a sair".
Essa história é nova...
"Sim, fui obrigado a ser emprestado. Eu não procurei a imprensa, não procurei ninguém pra falar sobre isso, porque infelizmente a voz do Alan... poderia sair como uma desculpa. Poderiam falar: "pô, o Alan tá dando desculpa porque tá saindo do Corinthians...", mas eu fui meio que obrigado a sair. Fui obrigado a ser emprestado. Tentei ficar, mas infelizmente eu acho que poderiam ter me dado mais oportunidade".
E o que você acha que a torcida do Corinthians pensa quando ouve o nome do Alan Mineiro?
"Mais um jogador que passou e não deu certo, né? Acho que o torcedor deve ter esse pensamento, que infelizmente eu fui no Corinthians e não consegui jogar. E eu tenho certeza que se eu tivesse mais tempo, eu teria saído com uma imagem melhor".
E o que ficou de recordação do clube?
"O que vai ficar nessa história pra mim são os momentos bons. As eliminações doeram, mas o que vai ficar, do dia que eu cheguei até o último dia que eu tive lá, as pessoas lá sabem, o quanto eu trabalhava de corpo e alma. Às vezes até hoje eu mostro pro meu filho eu jogando no Corinthians, fazendo os gols, isso pra mim vai ficar marcado pro resto da minha vida".
E mais: Chicão fez relato bem parecido sobre sua saída do Corinthians
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