As lições da derrota do Corinthians
Opinião de Marco Bello
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Quando comecei na profissão de jornalista, alguns anos atrás, fui aprendendo aos poucos, com os erros, os macetes da profissão. Um deles, aprendido a duro custo, é evitar certas perguntas óbvias.
Por exemplo: você chega em um jogador machucado e pergunta se está doendo. Pode parecer brincadeira, mas tem gente que faz. Ou em uma volta olímpica: “Feliz com o título?” Acredito que o leitor já tenha se deparado com isto.
Um caso em particular me chamou a atenção e eu jamais esquecerei. Era setorista do Palmeiras em 2006 e o técnico era Caio Junior. O time ia chegando ao estádio e o repórter recém-iniciado, no caso eu, coloca o microfone no treinador da equipe e manda um: “Qual a expectativa para o jogo?”.
O técnico, que não era de respostas ásperas, não se conteve com a inocência do entrevistador:
“A expectativa? De vitória, claro. Vou querer perder por acaso?!”
Nunca esqueci disso. Levo esses erros pela vida para não errar mais. Mas porque estou lembrando disso agora?
Para falar, com o perdão da obviedade, que ninguém quer perder. Nenhum jogador, treinador, dirigente, ninguém vai pro jogo pensando em não vencer as partidas. Mas isso não impede que se tire lições das derrotas. E que elas não contribuam de alguma forma para os sucessos subsequentes.
A sofrida derrota para o Tolima, em 2010, por exemplo. Foi o início da caminhada rumo ao título Mundial de 2012. O próprio técnico Tite já disse isso.
Nesse meio de caminho, teve a derrota para a Ponte Preta no Campeonato Paulista, em 2012, que tirou Júlio Cesar e colocou um tal de Cássio no gol do Timão em plena Libertadores.
Posso citar mais mil exemplos aqui. Pra chegar a um ponto: o Corinthians perdeu. E foi bom!
Posso até encontrar torcedores que sonhavam em um título invicto do Brasileiro. Eu não acreditava nisso. São 38 jogos! O time sofre perdas por suspensão, lesão, convocação. É praticamente um guerra cheia de batalhas espinhosas que dura o ano todo.
Mesmo os melhores exércitos perdem algumas batalhas.
O time entrou em campo contra o Vitória tocando de calcanhar. Rodriguinho fez isso antes dos dois minutos de jogo. A própria imprensa (e aqui cabe um mea-culpa) apostava em quantos gols o time iria fazer na “goleada”.
Pois bem, perdeu. As coisas voltaram ao normal. O time “imbatível” voltou a ser um time. Ótimo time. Campeão Paulista. Líder do Brasileiro. Mas um time.
O Corinthians vai a Chapecó cheio de desfalques. Com dois garotos na zaga. Perder seria anormal? Não acho. Lembrando que na última rodada a Chapecoense venceu o Palmeiras em São Paulo.
Duas derrotas! Nossa!! Grande parte da imprensa fará um escarcéu. Crise no líder!
Na minha modesta opinião, se isso ocorrer, serão pedras no caminho. Cada empate. Cada derrota.
Um time campeão também é feito disso.
Se ganhar em Chapecó, ótimo! Dez pontos sobre o vice-líder. Tranquilidade.
Mas se perder, o Corinthians continua firme e forte na briga pelo título. Sempre aprendendo. Sempre tirando lições.
Fábio Carille, sujeito vivido que é, sabe muito bem disso.
Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.
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