O efeito Neto
Opinião de Marco Bello
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O ano era 2016. Agosto. Jogos Olímpicos.
O Brasil empatava mais um jogo. 0 a 0 contra o Iraque. Uma campanha pífia para a Seleção que jogava em casa e decepcionava, mesmo com o ídolo Neymar em campo.
Foi quando o narrador principal da Rede Globo, que sempre teve uma explícita complacência com os jogadores, perdeu a pose.
“É feio. É muito feio (sobre não falar com a imprensa). Não tá certo.” E continuou, sobre as comparações entre Neymar e Marta: “Não tem comparação. Até porque ela tem cinco Bolas de Ouro. Tem todos os títulos. Ela é mais importante.”
As declarações caíram como uma bomba na Granja Comary. Claro que nenhum jogador gostou de ouvir na rede de televisão que transmitia os jogos aquilo que foi falado pelo locutor.
Mas de alguma forma os jogadores se uniram, mesmo que para provar que Galvão estava errado, e o resultado apareceu. O fim, todos sabem, foi a medalha de ouro nos Jogos.
Pois bem, o mesmo aconteceu agora.
Após vários resultados negativos no Campeonato Brasileiro de 2017, o treinador e os jogadores do Corinthians pareciam que estavam vivendo em outra realidade.
“Está tudo bem.” “Ainda temos gordura.” "Estamos na frente ainda”. "O desempenho foi melhor que no jogo passado, apesar da derrota.”
Até que um comunicador com uma grande audiência na televisão e uma história no clube resolveu falar, e mais do que isso, dar voz à uma torcida que tentava avisar:
“O Palmeiras tá chegando! Vocês vão perder o título para o Palmeiras! Você, Carille, está falando que vai dar, que vai dar. Não vai dar!” disse o hoje apresentador e comentarista Neto.
Ninguém no clube gostou das críticas do ídolo da Fiel. Os jogadores, o treinador, a diretoria. Todos os envolvidos, apesar de publicamente se calarem sobre o episódio, internamente reclamaram da postura do ex-camisa 10.
Mas tomaram um choque de realidade. “Quem é esse cara falando que não vai dar? Como assim? Somos líderes. Tá tudo bem. Não tá?”
O grupo quis dar uma resposta em campo.
A postura mudou completamente. Vou usar apenas um exemplo, o lateral Fagner. Contra a Ponte Preta, fez um dos piores jogos com a camisa do Corinthians. Contra o Palmeiras, foi um monstro em campo. Disputou todas as jogadas como se fossem a última da vida.
Gabriel, Rodriguinho, Romero, Jô. A lista é longa. Jogadores que estavam “levando” o campeonato, voltaram a jogar bola com vontade. E o resultado veio.
Ninguém nunca vai admitir. Ninguém vai se pronunciar, muito menos agradecer. Mas o efeito Neto funcionou.
Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.
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