A pior contratação da história
Opinião de Marco Bello
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O ano era 2013.
Poucos dias antes, em 16 de dezembro de 2012, o Corinthians havia se sagrado pela segunda vez na história Campeão do Mundo da FIFA. Derrotou o poderoso Chelsea, na final em Yokohama.
Os dirigentes do Timão estavam pensando grande. Chegaram a dizer que em poucos anos o Corinthians teria um dos melhores elencos do mundo. Novas verbas de televisão, patrocínio alto, a economia brasileira vivendo ótimo momento.
Então o presidente Mario Gobbi e o diretor de futebol Roberto de Andrade tiveram uma ideia. Por que não trazer uma estrela internacional para mostrar ao mundo a força do clube?
Então, em uma quinta-feira, dia 3 de janeiro de 2013, o clube anunciou oficialmente a contratação do atacante Alexandre Pato, então com 23 anos de idade, pelo valor de R$ 40,5 milhões de reais.
O atleta tinha feito ótimas temporadas pelo Milan, da Itália, tendo conquistado um Campeonato Italiano e uma Supercopa da Itália, mas vivia uma fase de muitas contusões e tinha futuro incerto na Europa.
Era mais famoso por seus namoros e casos. O maior deles, com a filha do dono da equipe e Primeiro Ministro italiano, Silvio Berlusconi.
No último ano no Milan, Pato tinha disputado apenas 18 jogos, dos 53 em que a equipe entrou em campo.
O início da passagem de Pato pelo Corinthians foi tenso, com o temor de contusões e a demora na adaptação do jogador ao clube. Mas aos poucos Pato foi conquistando um lugar na equipe.
O primeiro jogo foi em 3 de fevereiro de 2013, e Pato marcou um gol na goleada sobre o Oeste por 5 a 0. No dia 17 de fevereiro, Pato foi titular pela primeira vez, contra o Botafogo-SP. Naquele Paulista, Pato atuou mais na segunda etapa das partidas, mas ajudou a equipe a conquistar o título estadual diante do Santos na Vila Belmiro.
Esteve em campo também na eliminação da equipe para o Boca Juniors na Libertadores da América. Pato também esteve no grupo que venceu o São Paulo na Recopa Sulamericana daquele ano.
Mas neste ponto o jogador já era bastante criticado pela torcida. Pelo alto investimento, pela expectativa criada, pelo salário de R$ 800 mil, o jogador não deveria ser apenas um coadjuvante que entrava no segundo tempo dos jogos, deveria ser protagonista e titular. Mas isso não acontecia.
Aí chegou o fatídico dia. 23 de outubro, na fria Porto Alegre. Quartas de final da Copa do Brasil, contra o Grêmio. Depois de grande partida do goleiro Walter, o Timão consegue levar a decisão para os pênaltis.
Pato “atrasa” a bola para o goleiro Dida, em uma tentativa mal sucedida de cavadinha, e elimina o Corinthians da competição.
Desde então, virou persona non grata nas arquibancadas, e também nos vestiários. Os companheiros de equipe não perdoaram. Chegaram quase às vias de fato com o jogador.
No início de 2014, torcedores chegaram a invadir o Centro de Treinamento Joaquim Grava para bater no jogador. Com a eliminação precoce no Campeonato Paulista daquele ano, Pato foi então negociado com o São Paulo FC.
Pelo Corinthians, Alexandre Pato atuou em 62 jogos, apenas 29 deles como titular. Anotou 17 gols.
Foram R$ 9,6 milhões em salários no ano de 2013. Durante a passagem pelo São Paulo, o Corinthians pagou metade dos vencimentos do atacante. Foram mais R$ 9,6 milhões em salários entre 2014 e 2015.
Ao todo, Pato então custou R$ 59,2 milhões aos cofres corinthianos.
Não foi mais caro apenas que Carlos Tevez, jogador pelo qual o Corinthians pagou R$ 60 milhões ao Boca Juniors da Argentina. Custou mais que Nilmar, Mascherano, Roberto Carlos, Ronaldo Fenômeno.
Teve passagem mais apagada que grandes micos da história, como Edmundo, Paulo Nunes, Amoroso, Adriano.
Pato ainda tem 6 meses de contrato com o Timão. Se o clube não conseguir emprestá-lo ( e está tentando desesperadamente que isso aconteça), terá que pagar mais R$ 4,8 milhões em salários.
Definitivamente, a passagem do jogador pelo Corinthians não será tão facilmente esquecida. Não por conquistas, alegrias e troféus. Mas por ter sido a pior contratação da história do clube.
Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.
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