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Corinthiana detalha superação com filha com Síndrome de Down e influência do pai no amor ao Timão

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Por Vitor Chicarolli e Sarah Tonon

Não há como imaginar o que o Corinthians representa na vida de cada torcedor espalhado pelo mundo. Histórias emocionantes são contadas diariamente por corinthianos que expressam seu amor pelo clube do Parque São Jorge. Mas nesse domingo, Dia dos Pais, o caso de uma família alvinegra em especial merece destaque maior.

A corinthiana Danieli Hernandes Ferraz é casada com Anderson Licarião Ferraz. Como acontece normalmente, o casal se programou com antecedência para realizar o sonho de aumentar a família. E isso aconteceu. No entanto, uma notícia um tanto quanto inesperada pegou a dupla de surpresa: Sophia estava por vir, mas nasceria com Síndrome de Down.

Em conversa com a reportagem do Meu Timão, Danieli detalhou o momento em que ficou sabendo que Sophia seria portadora da síndrome. Ela também falou sobre a importância que Daniel, seu pai, já falecido, teve durante a preparação para receber outro membro da família.

"Eu descobri que Sophia teria Síndrome de Down pelo primeiro ultrassom. E, antes de descobrir, eu queria guardar um CD pra mostrar pro Anderson como foi o primeiro ultrassom do nosso bebê (ele é servidor público e não conseguia ir nas consultas). Aí eu deitei na maca e fiquei muito tempo esperando o resultado, estranhei... Um tempo depois o médico veio e disse o seguinte: 'Olha, esse feto tem probabilidade de 70% de ser uma menina e ter síndrome de down. Nossa recomendação é que você aborte'. Eu não entendia nada. E ele só me dizia coisas negativas, que ela nasceria doente, que daria muito trabalho, não aprenderia a ler... E eu só chorava", contou.

"Eu tinha muitos problemas desde nova e achava que não conseguiria ser mãe. Tinha só 9% de chances de ser mãe. Então, quando ouvi o que o médico disse, saí de lá desolada com a situação e liguei para o meu marido. Eu estava tão feliz que poderia ser mãe e tão confusa ao mesmo tempo... Depois eu ainda fiz o outro exame pra confirmar e no dia que o resultado saiu confirmando, eu liguei pro meu pai chorando - foi ele que me fez ser corinthiana fanática. 'Pai, ela tem Síndrome de Down, e agora? O que eu fiz?'. E meu pai respondeu: 'Você não fez nada. Ela é nossa, ela veio pra nós". E todos nós já criamos um amor imenso por ela", completou de forma emocionante.

A Síndrome de Down é uma condição genética que não tem cura. Ao invés dos portadores terem dois cromossomos no par 21, possuem três. Cabe ressaltar que ainda não se sabe o motivo do erro na divisão celular.

Leia também: Corinthians cria pouco e fica no empate com o Internacional pelo Campeonato Brasileiro

Danieli contou como a família se programou para acolher Sophia. Em seguida, a mãe da família Ferraz revelou uma história inesperada envolvendo sua filha no dia que o Corinthians conquistou o Mundial, contra o Chelsea, no Japão, em 2012.

"Eu era diretora financeira de uma grande empresa que faliu um tempo depois e deixou os funcionários sem nada. Na época, eu tinha um ótimo convênio médico, mas por conta da gravidez de risco e da Sophia nascer com a Síndrome de Down, optamos por continuar com o convênio. Por mais quebrados que estivéssemos... Tinha que ser tudo da melhor qualidade e excelência, pois a Sophia poderia nascer e já ter que ser operada, não tínhamos como saber. Eu não tinha como pagar o estacionamento da maternidade, nem comer por lá, imagina como foi difícil pagar por tudo. Aí você imagina as mães que saíam da maternidade de lá (Albert Einstein), com enxoval completo, roupas caríssimas, tudo do bom e do melhor... E vem a Sophia, vestida de 'Louquinha por Ti, Corinthians'! Nós todos vestido de Corinthians deixando a maternidade com ela. A primeira roupa que ela vestiu foi a do Corinthians, ela nasceu com 42 centímetros e já usava um mini-manto do Corinthians. Minha mãe falava que éramos loucos, doentes e que deixaríamos a Sophia maluca pelo Corinthians", lembrou.

"No dia 16 de dezembro de 2012, dia que o Corinthians foi campeão mundial, a Sophia estava na UTI - ela ficou 51 dias na UTI desde que nasceu e não a deixamos um dia sequer - e nós conseguimos que a minha sogra ficasse com ela nesse dia pra poder ver o jogo! Deixei ela vestida com a roupinha do Corinthians e fui pra casa ver o jogo com o meu marido. Temos uma foto com ela ainda com as sondas na UTI no dia que o Corinthians foi campeão mundial", acrescentou.

Sophia no dia que o Corinthians conquistou o título Mundial contra o Chelsea, em 2012

Sophia no dia que o Corinthians conquistou o título Mundial contra o Chelsea, em 2012

Arquivo pessoal

O Corinthians, porém, não apareceu por acaso na vida de Danieli. Seu pai era fanático pelo Timão e ela cresceu ouvindo jogos da equipe alvinegra em rádios ao lado de Daniel na década de 70. A paixão foi tanta, que a corinthiana decidiu batizar Sophia na igreja do Parque São Jorge.

"Hoje eu tenho 40 anos, então nasci em 70. Meu pai era muito machista, queria muito um filho homem. Minha mãe teve três gestações porque ele queria um homem. Tivemos brigas terríveis por causa disso e só no fim da vida dele ele entendeu tudo. Eu ficava o tempo todo com ele ouvindo o Corinthians pelo rádio, como uma forma de me aproximar. Ele era o maior corinthiano do mundo. Na lápide dele tá escrito: 'Melhor pai, avô e o maior corinthiano do mundo'", contou.

"Eu aprendi as emoções de ser corinthiana com ele e com o rádio. Ele foi no estádio em 77 de ônibus e eu fiquei em casa esperando ele pra comemorar, ouvindo pelo rádio. E quando ele chegou em casa, ele estava sem voz, emocionado e lembro dele tentar gritar e me contar: 'Nós saímos da fila! Somos campeões, filha!'. Então ele me transmitiu esse amor, essa loucura de ser corinthiana. Um amor incondicional. No final da vida dele, eu ia sozinha no estádio e ele não conseguia ir mais. Mas antes, fomos muito juntos", completou Danieli, que seguiu relembrando outros momentos ao lado do pai.

"Quando o Marcelinho perdeu aquele pênalti, em casa foi um velório. E a minha mãe nem comemorava a nossa tristeza, porque era uma tristeza muito grande, profunda. Também foi assim quando o Corinthians caiu. Meu pai chorava tanto... ele não acreditava e nem eu. As pessoas nos ligavam e eu falava que estava de luto. E eu costumo falar que foi a mesma sensação quando descobrimos que a Sophia teria Síndrome de Down. Todos nós choramos muito. Enfim, a Sophia foi batizada lá no Parque São Jorge do lado de São Jorge... isso tudo porque foi meu pai que me ensinou. Ele quem me levou no Pacaembu, no Morumbi, na Fazendinha. Ele foi enterrado com a camisa do Corinthians. Uma que eu dei de Dia dos Pais... Todos os presentes que eu dava pra ele eram do Corinthians e nós guardamos todos até hoje. A última que eu dei eu não escrevi o nome dele (Daniel), escrevi o nome da Sophia. E essa é o nosso xodó, tá guardada conosco. E hoje a Sophia canta o hino, faz o poropopó e fala 'Vai, Corinthians!'. As pessoas me perguntam hoje se eu tenho medo da Sophia não ser corinthiana, mas não existe essa possibilidade. Eu passo esse amor que meu pai me passou pra ela", completou.

Além da história com o pai, Danieli também viu o Corinthians fazer parte de sua vida amorosa. A corinthiana contou como conheceu Anderson, e como foi realizado o casamento deles. Destaque especial, claro, para a música escolhida para tocar na igreja e a camisa do noivo.

"Desde sempre eu sou fanática. E eu conheci meu marido por causa do Corinthians. Foi num barzinho e tal, aí você nunca sabe o que vai falar... mas descobrimos o amor em comum pelo Corinthians e foi aí que tudo começou. Casamos até com o hino do Corinthians! Eu já estava grávida de cinco meses, sabíamos que a Sophia ia nascer com Síndrome de Down, aí pra economizar no casamento um amigo contratou a banda e deixou a gente escolher a música que a gente queria. Escolhemos o hino! Isso que o Anderson ainda usou a camisa do Corinthians por baixo da roupa do casamento", concluiu.

Danieli e Anderson se casaram com uniforme e hino do Corinthians

Danieli e Anderson se casaram com uniforme e hino do Corinthians

Arquivo pessoal

Portal 'Minha Down É Up'

Com o objetivo de ajudar famílias a entenderem mais sobre a Síndrome de Down e apoiar pessoas com a condição genética, Danieli e Anderson criaram o portal Minha Down é UP!. O intuito de ajudar é tão grande, que frequentemente o casal realiza eventos de inclusão social dos indivíduos com a síndrome.

"Sempre foi tudo muito difícil por conta da inclusão, das dificuldades, do preconceito e tudo mais. E, por eu ser professora universitária, eu quero que ela tenha o melhor ensino, estudo e aprendizado. Mas não depende só de mim e dela, depende dos outros, dos alunos, professores, educadores, pais e mães... e é por isso que eu e Anderson criamos a 'Minha Down É Up'. Eu voltei a estudar pedagogia hoje pra conseguir desenvolver isso. Pra ajudar as mães que têm filhos com down. Porque é muito cansativo e tem mães que não têm condições financeiras de criar um filho com down. E hoje em dia não se tem muitos especialistas, educadores e escolas públicas que têm esse cuidado com as crianças especiais. É tudo muito caro porque a maioria é particular. Uma criança com síndrome de down tem dificuldade pra aprender a andar, por exemplo, precisa de fisioterapia... que também é caro. Por isso criei a corrida, pra incentivar e ajudar as crianças a desenvolverem a caminhada, a corrida e as funções motoras de uma forma divertida, inclusiva e mais em conta para as famílias. É uma corrida pra todos crianças de 2 a 14 anos. Todos ganham kits, medalhas e cruzam a linha de chegada. É uma atmosfera mágica! Vamos realizar no mês das crianças pra celebrá-las", expôs.

Apesar de algumas barreiras, Danieli não deixou de levar sua filha na Arena Corinthians. Em treino aberto realizado durante a campanha do heptacampeonato brasileiro, Sophia conheceu o estádio de Itaquera e emocionou toda família. Entretanto, ainda há um desejo a ser realizado.

"Nós a levamos pela primeira vez na Arena no treino aberto que teve quando o Corinthians foi campeão brasileiro. Foi emocionante. Eu ainda não consegui fazer com que ela entrasse em campo com o Cássio, queria muito... pra ajudar a divulgar a corrida e a nossa missão", finalizou.

Confira mais algumas fotos da família

foto 1

Arquivo Pessoal

foto 2

Arquivo Pessoal

foto 3

Arquivo pessoal

foto 4

Arquivo pessoal

Veja mais em: Torcida do Corinthians.

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