Torcedor do Corinthians reforça luta contra racismo e emociona Fiel após discurso em manifestação
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Por Vitor Chicarolli
Torcedor do Corinthians, Emerson Osasco passou a ser uma das figuras mais conhecidas das manifestações contra o racismo em São Paulo. O corinthiano viralizou nas redes sociais após discursar frente a outro grupo de protestantes, que carregava bandeiras associadas ao nazismo na Avenida Paulista.
Em conversa com a reportagem do Meu Timão, o ativista explicou como iniciou essa situação e pontuou que suas palavras não foram planejadas naquela tarde de domingo, há duas semanas.
"Muita gente me pergunta se esse discurso foi planejado, mas só esqueceram de planejar com a galera que veio para cima de mim e começou a me chutar e bater. Foi algo que saiu. É um acúmulo de coisas, de momentos e fatos que a gente vê que acontece no nosso país e nos revoltam. Naquele momento o estopim foi aquelas bandeiras com bandeiras nazistas da Ucrânia. No Brasil, que é um país formado em sua grande maioria por descendentes nordestinos, negros e de índios, eu não podia ficar calado. Aquilo foi uma afronta, não podia deixar aquilo acontecer sem me manifestar de forma alguma", declarou (veja vídeo do discurso abaixo).
Hoje enfrentei NAZISTAS, disfarçados de manifestantes na Av. Paulista ( Assistam o Vídeo e tirem suas conclusões).
— EmersonOsasco (@emersonosasco) June 1, 2020
Eles têm ódio e querem eliminar meu povo, o tempo de ficar calado acabou.
Aqui é BRASIL e o racismo não será tolerado, será combatido.✊🏾💪🏾👊🏾#VidasNegrasImportam pic.twitter.com/xHrfh4ix2J
"O racismo já está enraizado na nossa sociedade e no nosso país. Quando vejo pessoas que acompanham inúmeros casos de racismo e não se posicionam contra, significa que elas se posicionam a favor", acrescentou em seguida.
Essas manifestações na capital paulista estão contando com a união de torcidas organizadas. Marcados por confusões decorrentes da rivalidade no futebol, corinthianos, palmeirenses, santistas e são-paulinos passaram a caminhar lado a lado durante os protestos. E Emerson acredita que esse fato pode mudar o futuro do país.
"O dia que as torcidas organizadas se politizarem completamente não haverá governo totalitarista e fascista que sobreviverá a união das torcidas. A torcida é igualdade, harmonia, irmandade, é sempre estar no lado do menos favorecido, e ajudar essas pessoas, tratar o próximo com igualdade", destacou.
"No dia que as organizadas se politizarem e entenderem o tamanho da sua força, a gente muda o Brasil para melhor. Estamos na luta pela democracia e contra o racismo, pedimos pautas que são legítimas, mas sempre acontece de um lado, que está sendo atingido com essas manifestações, colocar infiltrados para começar tumultos", completou.
Relação com o Corinthians
Questionado sobre sua ligação com o clube do Parque São Jorge, Emerson Osasco pontuou como surgiu a paixão pelo Timão e também admitiu que a história corinthiana o encantou. Ele também ressaltou que a vitória do Corinthians sobre o Vasco da Gama, no segundo jogo das quartas de final da Libertadores de 2012, foi sua partida mais marcante.
"Meu pai me levava para jogos quando eu era criança. Após conhecer a história do Corinthians não teve como, falei "cara, que história". É isso. Eu sou do gueto, do povo. Vi que esse era meu time correto. Ai comecei a ir para os jogos sozinhos, isso foi maravilhoso", disse.
"Meu jogo mais marcante foi contra o Vasco, nas quartas de final da Libertadores de 2012, quando Cássio fez aquela defesa e vencemos com gol no finalzinho", ressaltou.
Posicionamentos do Corinthians contra o racismo
Conhecido historicamente pela luta a favor da democracia, o Corinthians também se manifestou contra o racismo nas últimas semanas. Para Emerson, no entanto, o clube deveria se posicionar ainda mais, assim como os jogadores.
"Na realidade eu acho que o Corinthians se posiciona pouco pela sua história. É uma história ao lado dos menos favorecidos, de um clube que foi fundado por operários e pessoas pobres. Deveria também proporcionar uma formação aos jogadores, mostrar para eles que no Corinthians não é só salário, que precisa conhecer a história. E tem que se posicionar. Isso que mostra que o Corinthians é um exemplo, não só de clube. Teve muitos atletas que passaram por aqui e foram formadores de opinião, como Sócrates", encerrou.