Em sua ânsia de brincar de Deus, o ser humano conseguiu muitas façanhas. Mas uma é inatingível e frustrante: controlar o tempo.
Não é possível deter os ponteiros do relógio para evitar o ocaso da existência.
Não é possível adiantar os ponteiros do relógio para aliviar o sofrimento presente ou verificar o futuro.
E, pior: é impossível atrasar os ponteiros do relógio e mudar o passado. Evitar uma tragédia já conhecida.
Uma das séries de maior sucesso da TV Americana fala sobre um restaurante que tem uma passagem secreta para o passado. Basta transpô-la para voltar ao mesmo local, alguns anos antes do assassinato de John Kennedy.
O protagonista recebe a missão de voltar ao fatídico dia quente de Dallas e evitar que Lee Oswald dizime a vida do mais carismático presidente da história americana. Ele consegue. A trama mostra que aquele desvio histórico traria outras consequências, que não cabe descrevê-las aqui.
Este não é um texto de ficção, mas, assim como nas telas, as letras aceitam um mundo paralelo.
Por isso, grande goleiro Danilo, se eu pudesse, lhe diria: “Não defenda aquela bola!” Não faça aquela defesa milagrosa com os pés no final do jogo. Deixe que a bola passe a linha de gol. O San Lorenzo se classificaria. O já orgulhoso povo de Chapecó ficaria triste por um átimo, mas aplaudiria vocês de pé, na certeza de que esse brioso grupo de heróis levaria o clube a conquistas futuras.
Se houvesse uma porta para o passado, eu estaria lá na Condá. Entraria como um repórter de campo, sorrateiro, atrás do gol e, feito um insano, lhe passaria uma rasteira para que vocês perdessem o jogo.
Ó triste conjunção, que poderia se transformar em nova figura gramatical, como advérbio de tristeza. Duas ínfimas letras, mas que mudam a história: “se”...