Começa mais uma temporada para o Corinthians. Os torcedores, conscientes da situação de penúria do clube, começam a aceitar que atravessaremos um ano de reconstrução, onde precisaremos depositar nossas confianças em soluções caseiras. Em resumo, vamos fazer uso das categorias de base.

Parte da nação sabe que se trata de uma aposta, e que é insalubre cobrar resultados expressivos de atletas que ainda estão em formação. A outra parte acha que o tamanho da instituição não permite sonhar pequeno, e que independentemente de quem vista a camisa, o Corinthians tem que brigar por títulos sempre.

Esses últimos costumam usar como exemplo de que é possível ser muito competitivo com garotos, os times que se encontravam nessa situação e triunfaram. E talvez o melhor desses casos seja o do Santos de 2002.

Os caiçaras tiveram um início desacreditado, com o clube em frangalhos, dívidas astronômicas, impossibilidade de trazer bons jogadores e um técnico que, até então, não era unanimidade pra ninguém.

Terminaram o campeonato conquistando o título em cima do próprio Corinthians. E revelando dois atletas que viriam a fazer história (guardadas as devidas proporções) no futebol brasileiro e gerariam um caixa absurdo para os cofres da Vila Belmiro: Diego e Robinho.

É a prova de que possível sonharmos com grandes êxitos em 2021?

Não!

Convém lembrar que cada caso é um caso. E esse time do Santos terminou a fase de classificação em oitavo. Avançando na bacia das almas, já que perdera o último jogo para o São Caetano, só passando para as oitavas porque o Gama (que terminou rebaixado) amassou o Coritiba em casa.

O Santos terminou a fase de classificação com 52% de aproveitamento. O mesmo índice do Grêmio no campeonato que terminou ontem - Grêmio este que depende do título da Copa do Brasil para classificar-se à fase de grupos da Libertadores. Um aproveitamento historicamente mediano para o formato da competição na época.

O que quero dizer é que a condição natural de clubes que se encontram no mesmo contexto que o nosso atualmente é a de coadjuvantes nos torneios que jogam. Taças são os pontos fora da curva. O raio que quase nunca cai duas vezes no mesmo lugar.

As preocupações devem ser as seguintes:

- Não ser rebaixado;

- Revelar bons jogadores para formação do time em temporadas posteriores e/ou geração de caixa via venda;

- Equacionar a dívida (fazer com que pelo menos a geração de caixa dê conta dos compromissos de curto prazo)

Almejar conquistas agora é pedir para ficar frustrado.