Nas palavras de Caio Ribeiro, o primeiro tempo do Corinthians foi um “jogo protocolar”. Sem objetividade, sem passes rápidos, apenas burocracia tática. O vídeo acima que eu fiz evidenciou os erros do Sylvinho...e hoje ele simplesmente piorou a situação no primeiro tempo, só melhorando no segundo tempo. E será explicado aqui o porquê de o time ter melhorado no segundo tempo sem substituição , e quando substituiu, foi mais pelas características daqueles que entraram do que por mérito do treinador.
O JOGO
O Corinthians jogou num 4-1-4-1 alternando para um 3-2-5 ou 2-3-5 em ataque...mas era uma ataque pouco objetivo. A mesma falha de distanciamento entre linhas apontadas no vídeo aconteceu nesse jogo. Gabriel e Roni poderiam ser melhor acionados por Cantillo, Ramiro e Vital se houvesse proximidade entre eles, coisa que não aconteceu. Apenas Cantillo era o articulador. Roni ficou mais retido para tentar participar do meio-campo devido a sua velocidade. Os que realmente tentavam alguma coisa eram Mateus Vital, Cantillo, Ramiro e Gabriel, que virava o homem-surpresa – e teve uma chance aos 5 minutos.
Esse mapa de calor das duas equipes no primeiro tempo mostra que o jogo ficou muito preso no meio-campo. Ramiro e Vital tiveram a oportunidade de passar a bola 25 vezes, enquanto Cantillo passou exatamente o dobro.
E esse mapa de passes, que provam os números de Ramiro e Gabriel, também provam a ineficácia do time em ser ofensivo. Quando vemos que 193 passes foram dados no meio-campo e 72 no ataque (a maioria pelos lados) vemos o quanto faltou aproximação entre os jogadores. Mesmo um time recheado de volantes tem que jogar com aproximação ao mesmo tempo em que deve ter mobilidade – e esses volantes não são nem um pouco lentos como muita gente imagina e nem são péssimos passadores.
E o que foi dito acima foi provado no segundo tempo. Ramiro, com bem mais liberdade, cabeceou com perigo um cruzamento de Fagner, também com um pouco mais de mobilidade. Gabriel também criaria um perigo depois, com aproximação do Roni. E aí aconteceu o que eu falei: que se os volantes tivessem mais mobilidade e aproximação entre todos, as chances aumentariam. E realmente aumentaram.
E ENTÃO OS JOVENS CHEGAM...
Quando Vitinho entrou no lugar de Roni, o time ganhou mais velocidade e poder de passe. Aos 21 minutos, ele participa de uma jogada com Ramiro e Vital para o quase gol de Jô. Aos 26, no possível lance de pênalti, Vitinho recebeu um excelente cruzamento rasteiro de Ramiro, que chutou perigosamente.
Adson entrou no lugar de Ramiro e Cauê entrou no lugar de Jô, e eles definitivamente mudaram todo um jogo. Adson é um excelente meia articulador e meia atacante, e Cauê é um bom centroavante. Com isso, Vitinho passou a jogar pela esquerda trocando de posição com Vital e Adson. E no final sairia Vital para entrar Araos, aumentando ainda mais o poder ofensivo-criativo.
Esses passes foram filtrados apenas em Vitinho, Araos, Adson e Cauê a partir dos 16 minutos do segundo tempo, quando Vitinho entrou em campo. Quem assistiu o jogo viu o quanto esses jogadores criaram perigos e deixaram buracos na defesa que infelizmente não puderam ser aproveitados por falta de leitura – espero que o Jow mostre os vídeos desses momentos em que as chances poderiam ser melhor aproveitadas se explorassem os buracos não notados. Tanto que, quando esses garotos entraram, 67 passes foram dados no meio-campo e 45 no ataque – uma diferença absurda comparada ao do primeiro tempo.
Vitinho é um meia-atacante que joga nas duas pontas, mas rende mais como meia-armador – como jogou hoje. É o artilheiro da base com 8 gols e 5 assistências. Como podem ver no mapa de calor, ele realmente é bem versátil: errou apenas 3 passes de 12, acertou 1 bola longa de 2, finalizou 2 vezes, perdeu a bola apenas 3 vezes e sofreu uma falta. Ele foi o maior responsável pelos perigos do Corinthians, e teve bem mais aproximação do que os que jogaram no primeiro tempo.
Apesar de ter jogado pouco - e na posição errada, já que ele é meia-central, meia-atacante e falso 9 - ainda assim mostrou seu valor. Nos 9 minutos que jogou, errou apenas 1 passe de 7 e só perdeu a bola uma vez - e ficou várias vezes na cara do gol em buracos que não foram aproveitados.
CONCLUSÃO
Nesse jogo ficou provado três coisas: primeiro, que mesmo um time cheio de volantes pode ser ofensivo se tiver compactação, rapidez nos passes/mobilidade e presença de área, coisa que foi visto no segundo tempo. Segundo, que temos jogadores excelentes na base que merecem a titularidade, coisa já vista com Mancini. E terceiro, que Araos não pode ser reserva nesse time – no pouco tempo em que ele ficou, ele não errou nenhum passe e ajudou num lance perigoso em que não foi explorado como deveria ter sido.
Contra o Sport, teremos a chance de colocar os jovens e Araos...mas receio que Sylvinho não fará isso – e deveria pôr, já que precisamos de gols, os “titulares” em sua maioria não rendem e Sylvinho tem 33% de aproveitamento. O desgosto que o torcedor possui acontece porque é perceptível o fato de que o time poderia ser muito melhor organizado e, como disse num artigo anterior, o torcedor sabe muito mais das características dos jogadores e do que deu certo do que o próprio treinador. A atitude de Sylvinho em colocar tantos volantes em campo contra o Bahia me lembrou, sem tirar nem pôr, o último jogo do Coelho no time, quando colocou 3 volantes sem criatividade nenhuma.
Gosto muito, mas muito mesmo, quando o torcedor me critica por achar que o que eu escrevi não é coeso – e gosto mais ainda quando tais pessoas provam que estou errado, dentro de uma política de falar respeitosa. Sou um autodidata, mas aprendo muito com as opiniões e compreendo o comportamento humano. E é analisando o comportamento humano, por anos, é que percebo que Sylvinho possui as mesmas características do Coelho em muita coisa, não só na parte estratégica. Por outro lado, eu sempre espero mudanças, porque Mano Menezes também possuía empáfia, mas mudou com o tempo. Mas se eu notar fraqueza de caráter como notei no Coelho quando atingiu o ápice, é meu dever não como torcedor, mas como ser humano, censurar tais falhas...porém sem sensacionalismo nem demagogia – e provando, naturalmente.
Mais uma excelente análise, melhor que muitas de mídias mainstream.
E como você disse, infelizmente o Sylvinho vai usar a base desde o início, ele é mais do mesmo, tem medo de peitar os jogadores mais caros do elenco.
E isso também mostra como a contratação de jogadores para o Corinthians é pura máfia, se for para contratar uns perebas como ramiro, Camacho, michel, sidbacon, entre muitos outros, então é muito melhor usar a base