Escultor revela seu “Cavaleiro Fiel”, a estátua gigante do Estádio do Corinthians
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Por Meu Timão
Não ouse se referir à estátua de 30 metros de altura que o escultor Gilmar Pinna colocará em frente ao futuro estádio do Corinthians, em Itaquera, como uma representação de São Jorge. “Pelo amor de Deus, não tem nada de São Jorge! O nome é Cavaleiro Fiel!”, ele reprime imediatamente, levando as mãos à cabeça. Esse batismo ocorreu poucas horas antes de o artista apresentar em primeira mão para a Gazeta Esportiva.Net o projeto do monumento de aço inoxidável que, segundo ele, será o novo cartão-postal de São Paulo.
Inicialmente, a obra de Gilmar Pinna havia sido divulgada por Luis Paulo Rosenberg, vice-presidente do Corinthians e ex-diretor de marketing, como uma estátua gigante de São Jorge (do tamanho do Cristo Redentor, se descontado o pedestal da escultura carioca) que motivaria peregrinações religiosas a Itaquera. Não era para menos: todos os elementos da caracterização habitual do padroeiro corintiano – um cavaleiro, sua lança e o dragão – estão no projeto, que prevê ainda 15 grandes bustos de torcedores saídos de um espelho d’água de 80 metros de largura, com os braços esticados, em gesto de devoção ao “Cavaleiro Fiel”.
“Isso mesmo: os torcedores ficarão atrás do Cavaleiro Fiel, e não de São Jorge. Você já aprendeu: Cavaleiro Fiel! Não vá se confundir com Cavaleiro da Fiel, hein?”, roga Gilmar Pinna, com as palmas das mãos unidas, preocupado com uma possível reprovação da obra por parte de evangélicos (contrários ao culto de imagens) e até de seguidores de religiões afro-brasileiras (que sincretizam São Jorge na forma de Ogum). “Tenho experiência nessa área. Sei que é complicado mexer com religião.” A ideia de mudar o nome da estátua foi uma orientação do filho mais velho do escultor, Gilmar Pinna Júnior, que é publicitário e tem ajudado o pai a viabilizar a construção do monumento.
Foi Gilmarzinho quem promoveu uma reunião – e um rápido acordo – entre seu pai e Luis Paulo Rosenberg, há cerca de seis meses. Gilmar Pinna já estava propenso a utilizar a Copa do Mundo de 2014 para se inspirar naquela ocasião. Havia sido contratado por Sebastião Almeida, prefeito de Guarulhos (onde reside atualmente), para criar 12 obras de 25 metros de altura cada e embelezar o município vizinho de São Paulo para o evento. “Quando soube que o estádio do Corinthians abriria a Copa, não pensei duas vezes em conciliar esses dois projetos. Recorri ao meu filho para entrar em contato com o Rosenberg, que foi bastante receptivo”, comenta.
Rosenberg, no entanto, fez algumas ponderações sobre o esboço apresentado por Gilmar. O escultor tinha planejado expor diante do estádio do Corinthians grandes estátuas de jogadores de futebol de destaque internacional do passado e do presente, como Pelé, Maradona, Neymar, Messi e outros. O dirigente preferiu que a torcida fosse contemplada ao lado de São Jorge – ou melhor, do Cavaleiro Fiel. A sugestão agradou. “O Rosenberg e o Corinthians gostam de trabalhar em função do ser humano, e isso me cativou. Também sou assim”, diz o artista plástico.
O Cavaleiro Fiel será uma das obras mais caras de Gilmar Pinna. O custo estimado para utilizar – e transportar com guindastes – 200 toneladas de aço inoxidável e outras 30 de eletrodos é de R$ 6 milhões. “Preciso ganhar alguma coisa também, claro, mas não estou priorizando o dinheiro”, ele avisa. Segundo o artista, o preço seria muito maior fora do Brasil. “Quando morava em Chicago, participei da criação de uma escultura de bronze do Michael Jordan, para o ginásio do Chicago Bulls, que custou US$ 11 milhões. Tinha 3 metros de altura. Preste atenção: 3 metros. A do Corinthians tem 30 metros. Quanto será que os estrangeiros cobrariam por ela? Dez vezes mais, não? Mas não chego a tanto porque tenho consciência de que vivo em outra realidade e por querer fazer algo grandioso pelo meu País”, justifica. Também nos Estados Unidos, ele recebeu cerca de R$ 300 mil – uma “mixaria”, disseram seus colegas – para fazer uma estátua para uma escola norte-americana.
Por conta própria, Gilmar começou a procurar patrocinadores para o seu Cavaleiro Fiel. Já se reuniu – sozinho – com representantes de uma instituição bancária e de uma companhia de telefonia celular. O Corinthians, como tem feito em outros projetos abraçados pelo departamento de marketing, incumbiu o parceiro de viabilizar toda a engenharia burocrática necessária. “O problema é que o Gilmar mostrar a obra é diferente de o Corinthians mostrar. Tenho credibilidade pelo meu trabalho, mas não sou o Corinthians. O Gilmar não é envolvido em nada do esporte. Fica mais difícil”, lamenta. O escultor cogita até seguir o exemplo do clube, que venderá os naming rights da arena da Copa do Mundo, e colocar o nome de uma empresa também em seu cavaleiro para lucrar. “Clamo pelo apoio de quem tem interesse na Copa do Mundo, no Corinthians e em alavancar a cultura no Brasil. Algumas pessoas estão achando que é estátua de São Jorge, mas se trata do Cavaleiro Fiel. Farei uma homenagem para todas as torcidas na escultura, abordando paz, harmonia, amor e camaradagem”, divulga.
Com ou sem patrocínio, Gilmar Pinna garante que o Cavaleiro Fiel sairá do papel. “É claro que sim. Vou fazer isso por mim. Nem que precise tirar alguma coisa do meu próprio bolso. Sei que, se a obra vingar, deixará de ser minha e virará dos caras. Quero que se f...! Não precisa nem ter o meu nome lá. A minha vontade é fazer o bagulho. Se vão ler ou não o meu nome em uma placa, tanto faz. Só quero passar a mensagem da minha arte. Se disserem que foi o Corinthians que fez e não eu, estará tudo bem também. O que vale é o desafio: a molecada e eu esculpindo, tirando uma onda, curtindo... Faturo o meu, e acabou!”, brada.
Clique aqui e assista o vídeo da projeção de como ficará a escultura!
Fonte: Gazeta Esportiva