Jô estampa capa de revista e relembra casos de racismo na Rússia: 'Jogavam casca de banana'
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Por Meu Timão
Anunciado ainda em junho, o atacante Jô retornou ao Corinthians para sua terceira passagem, com contrato válido até o final de 2023. Com passagens por clubes da Rússia e Japão, o atleta estampou a capa da revista Raça e relembrou casos de racismo aos quais foi exposto.
Ao lado de sua mulher Cláudia Silva e dos filhos Pedro e Miguel, o atacante corinthiano concedeu entrevista e estampou a capa da edição de julho da revista Raça. Com passagem pelo futebol russo, conhecido também por episódios frequentes de racismo, o jogador relembrou casos que lhe causaram revolta e situações com outros jogadores, como com o ex-corinthiano Malcom.
"Na Rússia tende a ter preconceito racial. Eu joguei contra um time em que até hoje não é bem visto um negro no time. Agora tem o Malcom (no Zenit), que foi muito rejeitado pela torcida (...) Eu e Vagner Love éramos do mesmo time (CSKA) e quando a gente entrava para aquecer, jogavam casca de banana. Outro jogador, Welington, de outro time, nunca foi aceito. No último ano dele, a torcida colocou uma faixa no estádio, escrita 'vai embora, seu macaco, seu lugar não é aqui'. Ele jogou quatro anos no mesmo time. Eu fiquei três anos. Quando a gente chega lá, já sabemos dessas histórias, mas constatar é bem pesado. Ficava pensando: pra que aquilo? A gente relevava, mas é triste", recordou o corinthiano na entrevista, reproduzida pelo GloboEsporte.com.
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Antes de voltar ao Corinthians, Jô defendia o Nagoya Grampus, do Japão, onde enfrentou dificuldades nos últimos meses. Morando no país entre 2018 e meados de 2020, o atleta revelou que sua família não se adaptou à cultura e à língua local.
"Morei em cinco países antes do Japão e achei que era só mais um, que tiraria de letra, mas não foi... Uma cultura oposta à nossa, foi muito difícil entender como viver num país onde as pessoas são muito frias e fechadas pelo fato deles serem oprimidos por perder a guerra para os Estados Unidos, eles não têm o entusiasmo e a alegria que o nosso povo tem. Você chega num lugar e eles estão sempre desconfiados. Acostumamos, passamos dificuldades no idioma, ninguém falava inglês, muito difícil (...) O lado bom: segurança impecável, higienização fora do normal, organização, muita coisa diferente", pontuou.
Em seu Instagram, o corinthiano agradeceu a oportunidade e o espaço cedido pela revista para contar um pouco mais da sua história - confira a publicação abaixo. Na entrevista, Jô falou também sobre a família preta que construiu. Na visão do atleta, ele é um dos poucos jogadores de destaque que se casou com uma mulher também preta.
"Sou um dos poucos jogadores de futebol a formar uma família preta. E isso é algo que sempre é citado por meus fãs e seguidores nas redes sociais. Que eu conheça, aqui no Brasil, somente eu e o Cortez, do Grêmio, somos casados com uma preta. Tinha o Ramirez, do Palmeiras, mas separou", analisou.
