De início com Marcelinho a ícone na Ucrânia: conheça trajetória de Júnior Moraes até o Corinthians
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Por Tomás Rosolino
O centroavante Júnior Moraes tenta escrever no Corinthians mais uma página de uma história cheia de surpresas e novidades que a sua carreira reserva desde a primeira década deste século. Do começo ao lado de um ídolo do Timão à atuação de liderança em momento de crise internacional, conheça o novo camisa 18 do clube do Parque São Jorge para além dos números.
O primeiro grande momento da carreira do jogador foi ter anotado o gol do título paulista do Santos contra o São Caetano, em 2007, revertendo uma derrota por 2 a 0 do primeiro jogo e assegurando o bicampeonato para o time da Vila Belmiro. A trajetória ficou mais curiosa, porém, dois anos depois.
Sem se firmar no clube da Baixada, ele foi emprestado para a Ponte Preta, em 2008, e para o Santo André, em 2009. Nesse último, cruzou com uma das maiores figuras a vestir a camisa do Corinthians em todos os tempos: Marcelinho Carioca.
Na última temporada da carreira do Pé de Anjo, Moraes conviveu com o craque por um raro ano de Série A do Brasileiro para a equipe do ABC Paulista. No único gol de Moraes naquela edição da primeira divisão nacional, contra o Vitória, fora de casa, Marcelinho estava logo ao lado do garoto.
Passado o ano no time andreense, Moraes iniciou uma trajetória europeia que teve breves interrupções e só terminou por causa da invasão da Rússia à Ucrânia, no mês passado. Trajetória de fazer inveja a muitos no que diz respeito a adaptação e construção de carreira longe de casa.
Ele acertou contrato com o Gloria Bistrita, da Romênia, e lá atuou por duas temporadas. Seus 20 gols em 35 jogos lhe renderam um contrato com o Metalurg Donetsk, da Ucrânia, onde deixou a primeira grande marca da carreira europeia: tornou-se o maior artilheiro da história do jovem clube, fundado em 1996 e dissolvido em 2015.
O fim do Metalurg, aliás, foi o primeiro efeito direto da guerra entre Rússia e Ucrânia na vida de Moraes. Sem dinheiro por causa do conflito na região de Donbass, onde fica Donetsk, o clube resolveu encerrar suas atividades. Outro clube da cidade, o primo rico Shakhar, apesar de também levar o nome de Donetsk, passou a ter sede itinerante diante da impossibilidade de jogar em casa.
O caminho de Moraes, no entanto, demorou mais alguns anos até cruzar com o conhecido time europeu. Antes ele jogou por três anos no tradicional Dínamo de Kiev, com direito a um hiato defendendo o Tianjin Tianhai, da China, quando construiu o cenário para, já aos 32 anos, atingir seu auge.
Contratado pelo Shakhtar para a temporada 2018/19, finalizou o processo para receber a cidadania ucraniana e passou a ser convocado no meio daquele ano de estreia pelo clube. Participou da campanha que levou a Ucrânia para a última Eurocopa e só não foi convocado por causa do rompimento no ligamento cruzado do joelho direito, lesão que o levou a se tratar no Corinthians.
Os 62 gols e 21 assistências em 106 jogos pelo Shakhtar, no entanto, ficam pequenos pela sua atuação durante o conflito recente. Figura mais experiente dentre os estrangeiros do clube, já que Taison e Marlos, dois dos seus contemporâneos, deixaram o futebol local no ano passado, ele assumiu a frente de uma legião de atletas brasileiros na tentativa de fugir da guerra.
Por ser quem melhor dominava o idioma, liderou as negociações para a saída do grupo que se concentrava em um hotel em Kiev, sendo inclusive o último dos jogadores a chegar em território brasileiro - ele fez questão de resolver a situação de todos antes de rumar para o Brasil, tudo isso sendo cidadão ucraniano e correndo risco de acabar convocado para a guerra.
"Como estava no país há quase dez anos, conhecia muita gente e fiz o máximo para ajudar. Quando começamos a chegar perto da fronteira, fiz questão de levantar (no ônibus) e olhar rosto por rosto", disse ele ao desembarcar no Brasil.
Herói daquele grupo e referência de Brasil para muitos torcedores ucranianos, ele tenta agora escrever mais uma página da sua carreira, dessa vez com a camisa do Corinthians.
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