Diretor financeiro do Corinthians explica estagnação da dívida do clube e cenário dos cofres
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Por Meu Timão
O Corinthians fechou o ano de 2022 com novo recorde de receitas e dívida estagnada no valor acima dos R$ 900 milhões. Diretor financeiro do Corinthians, Wesley Melo falou sobre os números vazados do balanço e a situação dos cofres do clube no mandato Duilio Monteiro Alves.
"Realmente, o vazamento dessas informações pegou a gente de surpresa ontem. A gente toma tanto cuidado, né? Acabou vazando o parecer do conselho fiscal, que foi emitido ontem pela manhã, e de repente, na parte da tarde, já tinha jornalista soltando matéria com foto do documento assinado. Eu que sou o diretor financeiro ainda não tinha tido acesso aquela versão, então realmente me deixou um pouquinho chateado, porque a gente tem que seguir uma ordem", lamentou o diretor financeiro Wesley Melo em entrevista à Rádio Bandeirantes.
O documento ao qual o Meu Timão teve acesso demonstrava a evolução da dívida do clube em mandatos anteriores em comparação com os anos de 2021 a 2023, nos quais Duilio Monteiro Alves foi o presidente do Corinthians. Neste ano o clube elege um novo mandatário em dezembro.
"Quando a gente fecha um balanço como foi o de 2022, eu tenho que passar primeiro para a nossa auditoria externa, que revisa e emite um parecer, depois eu preciso passar para um conselho fiscal, que também emite um parecer, e aí passo para um conselho de orientação, depois vai para o conselho deliberativo. Então, são tantos os poderes de governança do clube, e eu tenho que passar por tudo para depois publicar. Mas acabou vazando antes, uma pena, mas tem muitos conselheiros do Corinthians que estão recebendo informações primeiro pela imprensa invés de receber oficial por nós da diretoria executiva. A gente lamenta, é uma pena, mas aconteceu, né?", seguiu o diretor.
A dívida que se manteve nos R$ 900 milhões poderia ter diminuido, segundo Wesley, se o clube não tivesse investido na compra do volante Fausto Vera, por exemplo, que custou mais de R$ 40 milhões aos cofres do Timão.
"São esses os números (da diminuição da dívida). O que, talvez, a gente precisa ter uma análise mais ampla é quando a gente fala que a dívida caiu de uma maneira irrisória [...] O mais importante é o torcedor corinthiano receber a informação coerente, a informação correta e a análise correta. Quando a gente iniciou a gestão, que foi no começo de 2021, a dívida de dezembro de 2022 era de R$ 949 milhões. Essa dívida, se a gente não tivesse feito nada, ela, atualizada pela inflação deste período, seria de mais de R$ 1,2 bilhão. A Taxa Selic, que é a referência para todos os juros que temos aqui no Brasil, era até dois anos atrás de 3% e hoje ela está em 3,75%, então olha como aumentou. E, mesmo assim, a gente não deixou a dívida crescer, ela caiu…", analisou Wesley.
"E, no ano de 2021, a gente praticamente não comprou atleta, não fizemos grandes aquisições, o Duilio ficou cerca de sete meses sem comprar nenhum jogador, só reduzindo a folha, uma estratégia que a gente fez. Já em 2022 a gente fez alguns investimentos em jogadores [...] O nosso volante argentino, o Fausto Vera, foi uma aquisição um pouco mais relevante, foi cerca de R$ 40 milhões a aquisição dele, e ele acaba entrando nesta coluna destes R$ 910 milhões que você mencionou. Então, este é um investimento bom, e até na tomada de decisão para contratar esse jogador ou não, a gente conversou muito, o VP insistiu muito nesse jogador, mas eu e o Duilio ficamos algumas semanas pensando se era um investimento muito alto", revelou o diretor.
Fausto Vera chegou após pedido de Vítor Pereira, contratado do Argentinos Juniors, como destaque do Campeonato Argentino. Logo caiu nas graças da Fiel e foi destaque da equipe em 2022. Lesionado no início da temporada em 2023, o argentino tenta recuperar a posição com Fernando Lázaro.
"Mas, a gente chegou numa conclusão que o Fausto Vera poderia nos ajudar não só na parte técnica, mas também na parte financeira. A gente realmente apostou que ele era um jogador que iria contribuir dentro de campo, mas se ele precisasse sair, a gente poderia vendê-lo por um valor muito mais alto. Então, esse de fato é um investimento que vale a pena manter um endividamento alto", finalizou.