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Cuca se pronuncia sobre condenação por abuso sexual em apresentação no Timão; veja tudo que foi dito

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Por Vitor Chicarolli e Rodrigo Vessoni

Cuca foi apresentado no Corinthians nesta sexta-feira

Cuca foi apresentado no Corinthians nesta sexta-feira

Rodrigo Coca / Agência Corinthians

O Corinthians apresentou o técnico Cuca na tarde desta sexta-feira, no CT Joaquim Grava. Com protestos na internet e também do lado de fora do CT, a primeira pergunta da coletiva foi justamente sobre a condenação do comandante em um caso de abuso sexual na Suíça, em 1987. Cuca deu a sua versão do ocorrido, quando era jogador e atuava no Grêmio, e demonstrou indignação pelas acusações.

O treinador iniciou relatando sua versão dos fatos. Cuca disse não recordar muito bem do que aconteceu, que era jovem, e afirmou ser inocente das acusações.

"Esse é um tema delicado, um tema pessoal meu, mas eu faço questão de falar sobre ele e tentar ser o mais aberto possível quanto a isso. É um tema que ocorreu há 30 anos, em 1987. Eu era emprestado do Juventude ao Grêmio, devia estar no Grêmio há uns 15 dias, e tenho uma vaga lembrança de tudo que aconteceu. Nesta lembrança que eu tenho, eu tinha 23 anos na época, nós iríamos jogar uma partida e pouco antes subiu uma menina para o quarto, o que eu estava com outros três jogadores, e esta foi a minha participação neste caso. Eu sou totalmente inocente. Eu não fiz nada. As pessoas falam que houve um estupro, houve acho que um ato sexual a vulnerável. Essa foi a pena que foi dada", explicou o treinador.

Na sequência, Cuca reforçou sua convivência com sua família, composta em sua maioria por mulheres, e pregou respeito ao sexo feminino. Experiente, o treinador relembrou que esteve em outros clubes e que nunca foi questionado sobre o fato em coletivas.

"A gente vê e ouve aí um monte de inverdades, chega a ofender. Eu vou fazer 60 anos daqui um mês, tenho duas filhas, que têm 32 e 34 anos, e é um tema que elas nem existiam. Eu era casada com a Regiane e sou até hoje, tenho 37 anos. Venho de uma casa oriunda, o único homem que tem na casa sou eu, agora o Ravi, que tem três para quatro meses. Eu respeitei e respeito todas as mulheres. Nunca encostei um dedo indevidamente em nenhuma mulher ao longo de todos os anos que eu vivo na bola. Tive em diversos clubes, tive duas vezes no São Paulo, duas vezes no Palmeiras, duas vezes no Santos… Nunca me questionaram isso numa coletiva. Então, não é só o Cuca que não falou do tema. Naquele tempo, as leis eram as mesmas e, se você comete um estupro, você vai pegar uma pena de anos", explicou.

Por fim, Cuca afirmou que seu grande erro foi não ter falado sobre o caso nas oportunidades que teve. Segundo o comandante, ele deveria ter falado quando aconteceu e não só agora.

"O meu erro foi não ter me defendido. Primeiro, que eu não tinha dinheiro para me defender. Segundo, eu nem soube que tinha sido julgado. Nós ficamos lá para averiguação, por três vezes a moça esteve lá na frente e não reconheceu, porque eu não estava (no ato do abusos sexual). Se a vítima fala que não estava, e eu juro por Nossa Senhora, que adoro e amo na vida, como que eu posso ser condenado pela internet? Eu sei que o mundo mudou, que hoje estamos vivendo melhor, onde a mulher tem uma autodefesa muito maior, e tem que ser cada vez melhor. Quero fazer parte disso, porque sou pai, sou avô, sou marido, sou filho. Quero que elas estejam cada vez mais protegidas. Lógico que é cabível um protesto dentro de tudo que é lido e passado, mas é isso, tem repórter que diz que eu devo desculpa para a sociedade. Por que eu devo uma desculpa para a sociedade se eu não fiz nada? Dois anos e meio depois desse caso, eu fui jogar ali do lado, na Espanha. Tudo isso machuca muito. Do fundo do meu coração, pode ter protesto, não é maior do que a minha vontade de estar aqui", disse.

"Eu sinto que aqui eu posso desenvolver o meu trabalho, que a condição é boa, eu conheço o lugar e é o único grande de São Paulo que eu ainda não tinha trabalhado. Vou dar o meu máximo para fazer esse time jogar", completou, já falando sobre o Corinthians.

Desde o anúncio da contratação da parte do Corinthians, uma série de protestos foi registrado nas redes sociais e fisicamente. Além de um grupo de cerca de 50 pessoas que marcaram presença no CT nesta tarde, os muros do Parque São Jorge amanheceram pichados com críticas.

Nas redes, as principais torcidas organizadas do clube, com exceção da Gaviões da Fiel, repudiaram a contratação com notas oficias. O Banco BMG, um dos patrocinadores do time, também emitiou nota reforçando a luta pelas mulheres.

Os protestos podem comprometer o início do trabalho?

"Eu espero que não, sinceramente. Como já falei, eu joguei ali do lado, na Espanha, joguei na Seleção Brasileira, joguei em grandes clubes, treinei grandes clubes… Do momento para cá, existiram outros casos, mas não são casos que podem fazer comparativos com esse de 1987. Não tem cabimento nenhum fazer comparação de julgamentos de hoje com o que ocorreu naquela época. Então, hoje pode ter protesto, eu vou passar por cima de tudo… Mas, se não tiver, eu vou estar muito mais fortalecido. Hoje, eu sou Corinthians e, se você me fortalecer, a chance do nosso time ser mais forte é maior. Eu vou saber passar por cima de tudo com a consciência tranquila. Isso é a maior coisa que um homem pode ter, a saúde e a paz".

"Se a gente for ligar para isso não vai conseguir trabalhar. Se você pegar outros veículos também, que não é Twitter, internet, outro tipo de torcedor, ele tem 70% de aprovação. Eu não me preocupo muito com isso. Me chateia, me magoa, mas eu quero passar a real ieia minha. Eu tô junto com eles, sou inocente e não devo nada para justiça, para ninguém. Eu sou uma pessoa decente, acima de tudo, não é porque eu estou aqui no Corinthians, sempre falei isso, minha bandeira sempre foi a correção".

Conversa com Duilio Monteiro Alves

"Eu falei com o Duilio, ele me falou que teriam protestos, eu estava predisposto a vir mesmo com isso. Cara, eu não vou ficar em casa me escondendo, eu não sou culpado de nada, eu não fiz nada, eu sou inocente, eu estou com a minha consciência tranquila. O meu erro foi não ir a julgamento, eu nem sabia que teve julgamento… Soube depois de um ano, quando teve uma pena. Dois anos depois, eu estava jogando na Espanha. Ou seja, agora está me dizendo que teve condenamento, que eu fiquei aqui no Brasil? Não é verdade isso. Tem o advogado do Grêmio lá, ele pode te falar. Tem 200 mulheres ali (no protesto)? No Galo também tinha… Eu não me acovardei. Não tenho orgulho de estar passando por uma situação dessa, não é fácil para mim. A minha mãe e minhas filhas estão vendo essa entrevista hoje. Se eu pudesse não estar no quarto, não estaria, mas eu estava lá. A minha parte é essa. Nós não estamos num momento em que a palavra da mulher é a mais importante? A palavra da mulher é de que o Cuca não estava lá. Ela disse que não me conhecia, que eu não estava. E como tem milhares de mulheres me condenando? É difícil para a gente, mas eu não vou desistir. Quem me conhece, sabe quem eu sou, de que forma eu ajo, como eu respeito as mulheres. Eu não sou do mal".

O que faria diferente

"Eu não tenho lembranças, te juro por Deus. É muita coisa. Eu era um piá, um menino, um chiquinho emprestado do Juventude para aquela grandeza que era o Grêmio. Ficava sempre no meu cantinho, não fazia nada de diferente, ia fazer o que? Eu não vi nada dentro daquilo. Até como uma dica que eu devo deixar, é para as pessoas tomarem cuidado com a vida, porque às vezes uma atitude errada custa muito. Ela custa mais para a vítima, que deixa uma sequela muito grande para ela, deixa amargura muito grande para ela. Mas para quem faz também fica, às vezes acaba a vida da pessoa, sabe? Então, se puder deixar essa dica… Basta a gente ver o que está acontecendo em outros casos e tirar isso de exemplo também".

"Eu tinha 23 anos, era quebrado, não tinha dinheiro nem para fazer um voo daqui para Porto Alegre, quanto menos ir para lá (Suíça). Eu era um funcionário do Grêmio. Se fosse no tempo de hoje, ia me favorecer muito. Você ia ouvir a moça, não, não tava e pronto, eu estou absolvido. Não existe coisa mais absoluta do que a palavra da vítima. Se eu tivesse hoje a condição de voltar no passado, eu iria lá, não ia contratar um advogado, eu ia lá. Eu nem sabia que teve julgamento. Era um menino de 23 anos, eu ficava no cantinho do vestiário, depois de um ano que eu soube disso aí. Era uma coisa que naquele tempo não era tratado como hoje. Graças a Deus, hoje é tratada de uma forma muito mais calorosa e dura, como tem que ser. Se fosse hoje, eu estava absolvido".

"Eu teria falado mais sobre o caso também. Como tem colunista que falou, com devida razão, que o Cuca calou e quem cala, consente. Não acho isso, mas é que eu não queri amexer num tema que já estava morto, acabado, mas é um tema que me incomoda. Como incomoda um monte de mulheres, que hoje vivem nessa busca da proteção maior que elas devem ter. Eu apoio totalmente. Eu sou de família a maioria feminina".

Maior desafio da carreira

"Está sendo cada desafio mais difícil porque eu estou ficando mais velho também, né? Mas eu tô energizado, estou com muita força e vou fazer um bom trabalho aqui. Tenho certeza e convicção que vou fazer um bom trabalho aqui. Eu sei que o Duilio e o Alessandro estão levando porrada a torto e a direito de terem me trazido, mas eu não sou bandido. Não façam isso, vocês me conhecem. Essa minoria que faz isso, eu sei que eles fazem barulho e vão continuar fazendo, mas por mim não faz mal. Eu falei para Duilio hoje 'presidente, se você tiver arrependido e quiser que eu vá embora, eu vou, não tem problema nenhum', mas eu vim aqui para vencer e vou vencer, se Deus quiser".

Respeita as Minas

"Vai abraçar a campanha #RespeitaAsMinas?: Existem programas aí, o próprio Corinthians faz, o #RespeitaAsMinas. E não só eu, mas diversos profissionais podem ajudar. Eu, que hoje sou uma pessoa que estou treinando o Corinthians, posso ajudar muito mais. Não só eu… Muitos treinadores, jogadores podem abraçar esta causa para ter uma justiça, uma igualdade maior, que é o que se busca. Eu não tenho muito conhecimento de causa, mas se vierem sugestões, eu abraço na hora".

Veja mais em: Cuca.

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