Giba Jr
Obrigado pelo carinho.
em Bate-Papo da Torcida > O Jardineiro Fiel
Em resposta ao tópico:
Nós tivemos ótimos laterais direitos ao longo da história.
O primeiro grande lateral, nos deixou com 22 anos. Lidu estava no Fusca dirigido pelo ponta esquerda Eduardo que capotou na Marginal Tietê. O Palmeiras se opôs a registrarmos dois outros jogadores para o lugar deles no campeonato paulista. E ganharam a alcunha de porcos por conta disso.
O segundo grande lateral foi o super Zé. Talvez o melhor de todos.
Tivemos seu reserva, o bom Eduardo.
E então, chegou o Giba.
O Giba começou a carreira na pequena cidade onde nasceu, Cordeirópolis. Nas categorias de base era volante, jogou pela Inter de Limeira, pelo Guarani, voltou para o Juventus de Cordeirópolis. Mas se profissionalizou de fato na Inter de Limeira como lateral direito.
Logo depois, foi comprado pelo União São João onde jogou até 1984.
Foi então, comprado pelo Guarani.
Lá, ele jogou com o Tite, Careca, João Paulo, Júlio César. Foi vice campeão brasileiro em 1986, perdendo nos pênaltis para o SPFC.
E enfim, para alegria da família toda corintiana, assinou conosco em 1989.
O Giba era um lateral completo. Ele marcava muito bem, tinha muito pulmão para subir e descer, cruzava bem e chutava bem para o gol. Fez 17 gols pelo Corinthians.
Era muito raçudo. O Fagner lembra muito o estilo de jogo do Giba, mas o Giba era melhor por incrível que pareça.
E outra semelhança entre os dois é o jeito discreto de ser.
Assim como no filme O Jardineiro Fiel, o Giba era centrado e quieto. Muito sério dentro e fora de campo. Um homem culto, educado e simples. Mesmo atuando como jogador, conseguiu se formar em educação física ainda em Campinas.
Foi peça chave no nosso primeiro campeonato brasileiro, em 1990.
Ele não teve que enfrentar nenhuma indústria farmaceutica como o personagem do Ralf Fiennes teve que enfrentar no filme, mas terminou a carreira de maneira trágica. Uma operação de menisco mal sucedida em 1993. E na época, nós não cuidávamos bem de nossos jogadores. O Corinthians dispensou ele, que resolveu encerrar a carreira por ali mesmo. Ele processou o Joaquim Grava junto com os outros médicos, mas perdeu a ação. Anos depois, o próprio Joaquim assumiu que erramos com o nosso jardineiro.
Virou um treinador mediano, com algumas boas campanhas.
Mas logo de cara, fez eu chorar. Ele era técnico do Louzano Paulista que ganhou a Copa São Paulo de Juniores nos pênaltis de nós no Canindé. Aquele dia eu apanhei da polícia, tomei chuva o dia todo e vi nosso time perder a final. Sim, eu chorei de verdade.
Mas nós aplaudimos o Giba de pé.
Ele, discreto, levantou os braços um pouco envergonhado. Como se fosse duro para ele ganhar do clube que amava, mesmo depois de destruirmos a sua carreira.
Eu lembro dele olhar fixamente para nós. Talvez de forma saudosista. E com um tanto de tristeza.
Quando estava se consolidando como técnico, foi acometido por uma doença rara nos rins.
Nosso jardineiro faleceu em 24 de junho de 2014 aos 52 anos.
Seu corpo foi cremado em Campinas. E prefiro acreditar que sua esposa parou em um belo jardim cheio de flores, e deixou o vento espalhar suas cinzas por ele.