Renato C
Após a derrota de ontem, senti uma profunda ressaca. Esse texto nada mais é que um pequeno desabafo. Sentia ontem que o Corinthians perdia sua essência, não apenas pela partida, mas por toda a sua atmosfera.
A temporada corintiana nada mais é que o reflexo daquilo que nós vemos fora de campo. A situação que a diretoria criou não é uma realidade apenas de dívidas, sendo essa apenas a superfície alarmante de um iceberg com raízes tão profundas quanto as de uma grande árvore que se apodera da terra (perdoem a analogia confusa, metafórica e sinestésica).
O clube que há poucos anos era referência fora de campo, hoje tem como seu grande dirigente o ex-jogador Vilson. Vilson, não foi um grande jogador na sua carreira, não foi um grande jogador com a camisa do Corinthians e não foi um jogador ao menos inteligente fora de campo. Ele não entende de como é gerir um elenco ou parte de um clube. Ele entende apenas o 'boleirês' (muito pouco inclusive). Ele é parte integrante da diretoria, porém seu nome têm estado intacto em muitas críticas. Além dele, é de se lembrar de Kalil, Ferreira e Duílio, que são remanescentes da gestão Gobbi e Roberto de Andrade, e não mexeram um dedo em torno de uma reformulação, também fora do campo.
A base do clube vem sofrendo com suas piores gerações dos últimos anos. Ela vem sendo sucateada desde a saída de Osmar Loss, um técnico que garantiu quatro finais de Copa São Paulo seguidas, com alguns jogadores bons que ascenderam e tiveram boas participações no profissional. A perda de jogadores é cada vez maior (vide Martinelli e Zé Gabriel - Inter).Falta ao clube um real gerenciamento. Os jogadores da base são o maior recurso do clube, junto com a sua torcida. Devem ser gerenciados com profissionalismo e cuidado, não descaso e imediatismo. A falta de recursos na base é nítida, como no mal aproveitamento de tais jogadores no profissional e no péssimo recrutamento de jogadores também. (Reclamações de TN sobre o Cifut foram rechaçadas, porém vendo as últimas contratações do clube é de se questionar se esse não foi um de seus poucos acertos).
Tiago Nunes foi apenas mais do mesmo quanto aos trabalhos dos técnicos do Corinthians de 2018 pra cá. O imediatismo cego faz com que o trabalho não seja desenvolvido com base nas convicções do treinador, sejam elas defensivas ou ofensivas, gerando um efeito em cadeia, de baixa produção e grandes processos de fritura, levando em consideração a ineficiência na garantia de reforços causada pela débil estrutura financeira do clube. Esse é o único ponto do qual todos integrantes da roda do futebol são responsáveis. A diretoria pelo trabalho pífio, a organização do clube e seus departamentos profissionais (na verdade, amadores), o técnico, pois pensa que fará mágica mesmo que isso seja impossível, os jogadores, pelo amadorismo e falta de motivação, a imprensa, pelos influenciadores como Benjamin Back e outros que são cegos e só enxergam o imediatismo, que é comprado e alimentado por parte da torcida (principalmente a virtual).
A panela de jogadores é só mais um reflexo do completo amadorismo que tomou conta da organização como um todo. Jogadores acomodados que por mais que tenham identificação julgam estar acima dos líderes da organização (que no papel são tão amadores quanto, se não forem inexistentes). Reconheço que essa é parte que mais me dói, ver o meu clube reduzido a uma pequena máfia. O clube do povo. Povo esse que as vezes eu nem reconheço. A torcida cada vez mais compra narrativas que são vendidas por uma mídia que em sua maioria presta um desserviço desinformando o povo, fazendo um terrorismo em especial contra o Corinthians. De bom, só tiro a nota da Gaviões. A sensação de que ainda existe uma torcida do Corinthians de verdade, da bancada, raíz mesmo. Eu posso até não fazer parte, mas essa é a única que merece no mínimo um respeito. A que lotava o bom e velho Pacaembu de baixo de chuva na série B, ou mesmo em 2007.
Triste.
Triste vir aqui cobrar profissionalismo de quem não possui, seja pelo atraso nos salários ou pela falta de entendimento de que o Corinthians também é muito mais que dinheiro na conta. É aquela parte do contrato, no parágrafo 3 da ética corintiana que diz muito sobre o coração, o suor, o sangue, e a alma. Quem assina tem que saber ler as entrelinhas, mesmo as que não fazem parte do papel.
Tem que querer mostrar o que é ser Corinthians.
Se ser Corinthians é outra coisa, acho que aprendi errado todo o conceito de uma vida. Tem que ser aquilo que faz o coração pulsar.
O clube é uma organização. Todos os atores têm que ser profissionais e fazer a sua parte. Hoje somos todos amadores.
Aos mafiosos, o pior lugar de reflexão, infinitas noites de insônia, e uma saída manchada e dolorosa (mesmo no caso de tanta história e identificação).
Precisamos voltar a ser Corinthians.
Muito triste parecer que desaprendemos!
Nunca foi sobre vencer apenas, é sobre ser muito mais!
Por um outro Corinthians, aquele que possamos reconhecer e que nos encha de orgulho!
