O futebol bonito e objetivo é um deleite cobiçado por todos que gostam do esporte, mas tem um preço caro. E, aqui no Brasil, eu não enxergo ninguém capaz de pagar por ele.

Essa reflexão vem após acompanhar a fatídica goleada do impressionante Del Valle sobre o superestimado Flamengo.

Será que teríamos coragem de colocar um treinador pra trabalhar com a base, implementar sua forma de jogo de forma estruturada e evoluir de maneira planejada até moldar o time profissional?

Miguel Ángel Ramírez é o resultado de uma combinação dessas fatores e a partida de ontem mostrou em números o quanto esse estilo de jogo (e de filosofia) podem ser poderosos quando devidamente absorvidos por jogadores, comissão técnica e diretoria.

É absurdo a maneira aguda que o Independiente joga. Os passes são 98% com intenções de ofensividade, os atletas se movimentam tanto que a impressão que dá é que existem 14 jogadores contra 11.

Quando o Flamengo tentava marcar pressão em saída de bola, os três jogadores de frente espetavam além do meio campo e recebiam o passe longo do goleiro com qualidade pra já partirem em direção ao gol com superioridade numérica.

Há tempos não acompanhava um grupo tão comprometido e à vontade pra impor seu futebol.

Imaginem o quanto eles erraram e perderam para que essa confiança fosse criada e estabilizada. Miguel Angel e o Del Valle vão além do resultadismo, o clamor maior aqui do nosso país.

Só com tempo e trabalho, as ideias de jogo se fortalecem.

Então eu pergunto: vocês estariam dispostos a perder jogos para ganharem um conceito novo de futebol?

Ignorando uma mídia que cobra vitórias em todos os jogos, independente do nível dos adversários que se enfrenta?

Agora, imagine tudo isso aliado ao que só o Corinthians carrega: sua raça e sua torcida.

Seria o melhor dos mundos.

Mas alguém teria paciência pra ver algo assim acontecendo num clube como o nosso?

A verdade é que depois da onça morta, todo mundo quer tirar foto do lado.