Meu Timão

Um amigo meu fez uma piada de que o Atlético-GO está tão igual ao Corinthians de Mano Menezes, que ele tá querendo o Mano em vez do Sylvinho! E o que teve de gente pedindo “volta, Mancini”, “3 zagueiros de volta” foi absurdo! Eu falei no domingo que queria crer que o Sylvinho quis “esconder o jogo”... Mas bem, jogou do mesmo jeito – e pior!

Sylvinho teima em atacar exclusivamente pelos lados, facilitando o adiantamento da linha de defesa do Atlético-GO. Os passes eram sem objetividade... E aí fica uma pergunta: será mesmo que foi o Sylvinho que escalou a equipe contra o River-PAR, ou aquela foto do Doriva com o walk-talk e a declaração de Fernando Lázaro foi mera politicagem? É nítida a diferença entre aquele time e o dos dois últimos jogos: era um time que articulava corretamente para o meio, com as linhas próximas. Por isso, no artigo que eu fiz domingo, eu respondi, num dos comentários mais curtidos, que eu esperava que aquilo não fosse politicagem, porque estava seriamente desconfiado disso... Lembrem-se de que eu fiz o artigo antes da coletiva. Desconfiava de que fosse demagogia, mas não tinha como ter certeza até ver os jogos de Sylvinho... E infelizmente, parece que eu estava certo.

PRIMEIRO TEMPO

Sylvinho jogou num 4-2-3-1 alternando para um 4-2-4 em ataque, e na defesa era uma linha de 4 e outra de 5, ou o contrário. A diferença é que Araos foi titular no lugar de Roni. Algumas vezes a linha defensiva de 4 era com os jogadores bem próximos, facilitando os passes em lateral do Atlético-GO – e foi por conta disso que saiu o gol deles aos 10 minutos.

O segundo gol foi uma falha do Fagner: após a falha de Raul Gustavo em tentar finalizar, no contra-ataque, ele até conseguiu voltar a tempo para marcar, e Gil também , mas Fagner não conseguiu recompor – sendo que no contra-ataque ele estava bem na frente do João Paulo e perdeu a corrida para ele!

Depois disso o Atlético-GO passou a jogar com absolutamente todos os jogadores na defesa. O meio-campo e o ataque do Corinthians rodavam bem a bola, porém sem objetividade. O maior perigo veio do cruzamento de Ramiro e da bela cabeçada de Araos – se não fosse o goleiro, a bola entrava.

Há muito tempo que não vejo esse mapa de calor tão incisivo do Corinthians – mas o posicionamento pelo meio não acontece. A falha que o Corinthians teve domingo em não jogar mais compactado pelo meio foi a mesmíssima que cometeu hoje.

Se alguém tinha alguma dúvida do que falei há pouco, esse mapa de passes tira todas as dúvidas. Observem só o absurdo de passes tocados só nas pontas direita e esquerda.

SEGUNDO TEMPO

Aí no segundo tempo foi um desespero num esquema 2-8 pra ver se conseguia alguma coisa... Mas adivinhem só: novamente o Corinthians teimava em atacar pelos lados, com as linhas afastadas e com os jogadores próximos na lateral para receber a bola, facilitando o adiantamento da linha defensiva do adversário, exatamente como no jogo anterior. A melhor chance do Corinthians foi em um cruzamento do Luan para a cabeçada de Vital.

E aí Fagner foi expulso... Pessoalmente achei um lance duvidoso: Fagner realmente foi na bola, mas além de ser um contra-ataque e portanto uma jogada perigosa, o lance em si foi uma dividida forte. Creio que realmente seja um lance de interpretação. Então entraram Gabriel e Bruno Méndez -para ser o lateral-.

Depois Léo Natel entrou no lugar de Luan... E eu teria gostado da mudança se tivesse os 11 em campo – porque ele também joga de centroavante e é bem mais móvel do que o Jô –, mas o problema nunca foi bola na área, mas sim articulação pelo meio. O que em parte seria resolvido com a entrada de Roni, que possui essa característica – embora preferiria o Adson. Jô entraria pra ser o centroavante, mas pouco resolveu.

SERÁ QUE O Camacho REALMENTE FALHA?

No último jogo eu fui massacrado por parte da torcida quando eu disse que Camacho não teve culpa, porque como o ataque não foi pelo meio, ele não tinha apoio de algum jogador pelo meio para articular corretamente as jogadas. No jogo da Copa do Brasil, Camacho errou apenas 4 passes de 57, e acertou 9 bolas longas de 11. Notem a quantidade de passes pelo meio – que é aonde ele deve ficar e passar –. Mas se lembrarem do mapa de calor, perceberão que Camacho realmente não teve apoio para criar pelo meio, que era a necessidade real do Corinthians. E nesse jogo ele ainda teve que dar uma de meia-esquerda para fazer a exigência do Sylvinho de ter um apoio na sobra para atacar pela lateral.

Muita gente pedia Cantillo achando que ele ia ajudar mais nos passes do que o Camacho... Mas levando em conta o fato de o time procurar atacar lateralmente, é óbvio e lógico perceber que se Cantillo começasse em campo, iriam reclamar do mesmo jeito.

CONCLUSÂO

Eduardo Barroca deu um nó tático no Sylvinho. Isto porque o Sylvinho teima em jogar de um modo que dá certo em alguns times – como o Santos, por exemplo – mas não contra um time que marca bem e adianta as linhas defensivas . Notem no mapa de calor do Atlético-GO o quanto eles marcaram pelo meio, dificultando ainda mais qualquer apoio para Camacho – e consequentemente a marcação pelos lados era fácil. Que o leitor entenda: o Atlético forçava o Corinthians a jogar na sua “melhor característica” que era passar pelos lados, sabendo que o Corinthians joga com as linhas afastadas, facilitando a marcação por indução.

Quando Mancini saiu, eu fiz uma pergunta: será que o técnico que vier vai respeitar o que foi descoberto sobre 3 zagueiros? E Sylvinho não só desrespeitou o que foi descoberto como também desvalorizou jogadores da base: barrou João Victor, não colocou Gabriel Pereira, Vitinho e Varanda. E a diretoria ainda me manda Matheus Araújo e Guilherme Biro para a base – esses últimos respectivamente o meia-de-criação que o Corinthians não tem e o melhor lateral-esquerdo que não é considerado nem reserva!

Domingo temos um jogo contra o América-MG e quarta-feira temos o jogo da volta. Será que o Sylvinho evoluirá, como ele deu a entender na entrevista, ou será teimoso? Tá complicado... E cadê aquela história da hashtag 'moderno é ser Corinthians?' Cadê a modernidade?

VAI, CORINTHIANS!