Meu Timão

Caro William,

Sempre quis que revelações voltassem ao Corinthians para desfazer erros, injustiças e decisões precoces tomadas por pessoas quEe têm tudo, menos o Corinthians no coração.

Toda vez que vejo um menino partir, desejo que ele volte o quanto antes - mais maduro, mais qualificado, mais campeão. O Corinthians é uma fábrica de sonhos e muitos meninos sonham em jogar futebol por causa do SCCP.

Por isso, foi com muita alegria que eu soube do seu retorno - quase com incredulidade e com ainda mais vontade de comemorar porque, a princípio, você não queria vir.

Mas deixa eu te contar uma rápida história, de outro menino, mas não da base corinthiana. Um que deve ter feito você comemorar muito, firmar ainda mais sua paixão corinthiana.

O nome dele é Marcelo Pereira Surcin, de 50 anos, também conhecido como Marcelinho Carioca.

Ele foi revelado no Flamengo. E esse tal Flamengo é uma febre pros jovens que saem de lá. Alguns ganham milhões mundo afora, mas não esquecem o tal 'Clube do Povo', palavra mais 'fake' que eu já vi definir este clube.

Ele veio como contrapeso, praticamente, ou como dispensa para aumentar a despensa - o Flamengo, como era costume, estava na pindaíba e precisava fazer caixa com ele. Ou seja, tínhamos um menino, que vinha de três anos jogando muito nesse clube, campeão brasileiro dois anos antes, tendo marcado gols no Corinthians antes disso e, claro, um carioca na fria, dura e implacável capital paulistana.

Esse rapaz aqui chegou logo sendo vice do Palmeiras. Ano seguinte, no Paulistão de turno, returno e fase final com grupo de 4, com turno e returno e dois jogos na final, durante seis meses, foi pressionado, xingado, humilhado, prensado e cobrado por não fazer gols em clássicos.

E eis que, contra o mesmo Palmeiras que selou sua primeira fase da sua primeira passagem, marcou dois gols na vitória de virada sobre o clube De Porcos, um deles dos mais antológicos da história do futebol brasileiro. Daí, na final, fez os gols que levaram ao título.

Quatro anos depois, de novo contra o Palmeiras, era humilhado, xingado, pressionado e quase expulso do clube onde já era multicampeão por uma questão de renovação de contrato. Jogou o fino da bola nessa mesma noite, não fugiu da raia e renovou com o Corinthians.

Dois anos depois, foi vítima de uma tramoia armada por um cara que lhe odiava havia dez anos, Luxemburgou, que três anos antes armou verdadeira arapuca pra ele, tirando-o, inclusive, da Seleção e o clube, quem diria, deu razão a ele e a um bando de pernas-de-paus que, convencidos que Marcelinho era traíra, queriam-no fora.

Cinco anos depois, 2006, ele veio para tirar a diferença de um dívida que ficara com o clube nesses períodos. Foi contratado em meio às estrelas de Kia, que no clube mandava, e outra vez, vítima de armação, foi agredido num treino por Mascherano, aquele pequeno traíra, pra que se irritasse, escandalizasse e saísse do clube sem receber um tostão e parar de atrapalhar as estrelas de Joorabchian.

E até hoje, esse cara, que foi PESSOALMENTE AMEAÇADO por torcedores e TRAÍDO, DUAS VEZES, pelo clube chamado Sport Club Corinthians Paulista, defende, fala por, chora, se emociona e torce, de verdade pelo mesmo.

E eu sei, você sabe, que se ele pudesse entrar numa máquina e ter o corpo de 33 anos que você tem, ele jogaria aqui e seria campeão da Libertadores e Mundial, nessa sequencia, o que era o sonho dele.

William, entendo todo o sofrimento que você passou. Eu mesmo estou com uma pessoa muito doente na família e isso está me consumindo de ansiedade.

Mas você, depois de uma segunda e ainda mais pífia passagem pelo clube, quis sair por causa de ameaças feitas pelo Instagram por um ADOLESCENTE, que, nem sabemos se é corinthiano mesmo - talvez ele foi pago, preparado pra tirar você daqui, já que a sua vinda causou inveja, ódio, raiva nos antis que têm crescido, enquanto nós - que contávamos com você pra mudar isso - estamos encolhendo.

Não tenho mais nada pra te dizer.

Seja feliz, como for, onde estiver e como quiser.