Sofredor
A única vez vez que chorei de tristeza por causa do Corinthians foi na eliminação na Libertadores de 2000. Assisti à semifinal na casa de um amigo no Tucuruvi. O Coringão jogava bonito, o melhor time da competição e do Brasil. A gente dominou, fazia tabelas, infiltrações, ultrapassagens, toques de primeira, parecia música.
E mesmo assim fomos eliminados.
A noite vazia na ZN. Rojões e gritos rivais. Alguns poucos buzinavam.
Voltando pra casa, chorando sozinho no carro, parei num farol e um carro parou do lado. Engoli o choro pra que ninguém, especialmente um rival, me visse chorando e olhei pra o motorista emparelhado, também sozinho. Ele fez o mesmo: engoliu o choro e olhou pra o lado.
Nos olhamos num silêncio que disse tudo, até que o farol abriu e seguimos cada qual com seu luto e seu destino.
Pra mim, e provavelmente praquele corinthiano, aquela foi a eliminação mais doída.
Os rivais não mereciam ir pra final. Nós, não eles, éramos o Todo Poderoso, grito havíamos estreado poucos meses antes. Mesmo assim, ficamos no caminho, e eles não.
O Cássio tá certo. O Luxemburgo escalou igual o nariz mas também tá certo: jogamos pior mas passamos, e daqui 20 anos, se formos campeões, é da taça que vamos lembrar.
Mata-mata é pros fortes, não pros justos. E com o Corinthians, prefiro passar raiva que tristeza.
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