Myro Fiel
Eu vivi esse título de 77 mas era muito moleque. Não ví no estádio, mas sim pela TV.
Mas tem um negócio que acho interessante e legal de contar. Então vou contar.
Em 77 eu era muito moleque, não estava nem aí pra maionese, em todos os sentidos. Vivíamos ainda a ditadura.
Em 77 eu fiz um concurso para uma grande empresa da época, daqueles concursos que são centenas concorrendo entre si, as etapas vão passando e alguns vão ficando pelo caminho. Eu continuei passando as etapas, até que cheguei nos exames psicológicos, que naquele tempo o candidato teria que ir até um psiquiatra para uma entrevista. O objetivo do Dr. Era ver se você não era loko de carteirinha.
Quem já fez essas entrevistas sabe como é. No meu caso, me lembro que entrei numa sala, um senhor quase careca era o psiquiatra. Ele se recostou em sua cadeira, e praticamente deixou sua cadeira apoiada nos dois pés de trás da cadeira, empinada na diagonal e apoiada na parede atrás dele. Hoje eu acho que era pra me intimidar, mas na época eu era muito moleque e nem liguei. E respondi um monte de perguntas que o dr. Fez; mostrou alguns desenhos e pediu interpretação para os mesmos. Essa entrevista aconteceu antes de novembro de 77, portanto ainda faziam mais de 22 anos que o Corinthians não ganhava um título.
Entre todas as perguntas que tive que responder durante entrevista, me lembro de uma que as vezes conto para a família e rio muito.
A situação era, vivíamos quase o fim da ditadura, o Corinthians estava na fila há mais de 22 anos, eu era rapaz corintiano que nunca tinha assistido um título do Corinthians, e estava ali fazendo entrevista para uma vaga de emprego.
A pergunta que ele me fez, acho que ele fazia para todos os candidatos à vaga de emprego naquela grande empresa.
Ele perguntava: ' O que você quer que lhe aconteça esse ano? '
Acho também que ele ouviu a mesma resposta de muito candidatos para essa pergunta, o que seria normal responder: 'Trabalhar nessa grande empresa '.
E eu respondí na hora, sem pestanejar: Quero ver o Corinthians campeão.
Me lembro que o Dr. Anotou na ficha dele, não falou nada, nem riu, não censurou, não fez absolutamente nada, afinal eu estava começando a vida no mercado de trabalho e ele já tinha vivido pelo menos uns 50 ou 60 anos.
Desculpe a longa história, mas o final da história é o que eu assisti o meu time ser campeão pela primeira vez na minha vida e claro, o psiquiatra me aprovou na entrevista e eu fui trabalhar na grande empresa.
São tantas emoções. (hahaha)
* Acho que o sr dr percebeu sim que eu já fazia parte de um bando de lokos, de carteirinha e tudo mais.
#VaiCorinthians
em Bate-Papo da Torcida > 1977 de novo. Quem tem? Eu tenho...