Dinheiro é a única compensação para os jogadores que são convocados?
Opinião de Roberto Piccelli
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Há muito tempo o Corinthians não tinha tantos jogadores convocados de uma só vez para a seleção brasileira. De quebra, ainda foram requisitados pela CBF o nosso centro de treinamentos, a nossa arena e alguns dos nossos profissionais. Nada mais natural, se considerarmos o sucesso que o time vem fazendo ao longo desse semestre.
É natural também que a torcida questione se vale a pena fornecer todo esse apoio à seleção sem nenhuma contrapartida objetiva. Os atletas que vão se apresentar a Dunga, por exemplo, ainda que não faltem a jogos decisivos, deixarão de participar de atividades importantes com o resto do elenco. Seria o caso de se exigir uma compensação financeira por todo esse suporte?
A questão não é simples como pode parecer. Iniciativas como a do São Paulo, que foi à Justiça cobrar da CBF uma indenização pelos jogadores cedidos nos últimos anos, têm que ser vistas com ressalvas. Coincidência ou não, depois dessa atitude, eles não tiveram mais nenhum jogador convocado.
E é inocência desconsiderar os fatores positivos que a associação do clube com a seleção pode trazer.
No caso dos jogadores, a vantagem mais óbvia é a valorização do “passe”. Mesmo que o time de Dunga passe longe de provocar o fascínio que a camisa amarela já causou por aí, o Brasil ainda é um time respeitado mundo afora. Nossos jogadores voltam valendo mais do que quando vão. Se é verdade que as especulações causam um desconforto inevitável entre nós torcedores, o fato é que é sempre melhor receber uma boa oferta do que uma oferta média. Por maior que seja o assédio, o clube, ao menos em tese, sempre pode aceitar ou não. É melhor ter escolhas do que não ter.
Além disso, não dá pra negar que uma convocação ainda motiva muito um atleta profissional. Os que já foram chamados tendem a suar sangue para se manter entre os selecionados. Os que ainda não foram veem a oportunidade e tentam seguir o mesmo caminho. E até os jogadores que estão em outros clubes passam a perceber que a camisa do Corinthians rende exposição e podem ganhar uma razão nova para aportar por aqui. Gostemos ou não da ideia, será que um jogador como Renato Augusto ficaria satisfeito aqui se minássemos o caminho para uma convocação?
Poderíamos falar ainda da experiência de enfrentar alguns dos melhores jogadores do mundo. Imaginemos, por exemplo, quanto um jogador como o Gil cresce por enfrentar, nas Eliminatórias, craques como Messi, Tevez e James Rodriguez. Essa vivência certamente contribuirá para as grandes competições que esperam o Corinthians em 2016.
E não é só isso. A própria marca do clube cresce por interagir com a seleção. Fora do país, é esperado que o público queira saber cada vez mais sobre o time que teve tantos jogadores convocados e sua estrutura emprestada. É claro que esse interesse ajuda, por exemplo, na busca por patrocínios.
Por isso tudo, talvez tenhamos que olhar com outros olhos a convocação dos nossos jogadores e a cessão da nossa estrutura para a CBF. Pode atrapalhar em uma partida ou outra, mas o saldo é positivo.
Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.