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Rivalidade sem fim

Corinthians e Palmeiras protagonizam a maior rivalidade do estado, talvez do país

Danilo Fernandes / Meu Timão

Por que o Palmeiras é o maior rival do Corinthians?

Opinião de Danilo Augusto

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Se perguntarem para os santistas qual é o maior rival deles, a maioria vai dizer que é o Corinthians. Se perguntarem para os torcedores do São Paulo, a maioria também vai dizer que é o Corinthians.

Mas para os torcedores do Palmeiras, não precisa nem perguntar. Ser o maior rival do Corinthians é uma exclusividade deles. É algo grande. Algo que o clube da Barra Funda deveria até se orgulhar.

Isso começou muito cedo. Muito mesmo.

Há quem diga inclusive que o Palmeiras nasceu de uma dissidência do Corinthians. Polêmicas à parte, fato é que haviam cinco jogadores do Corinthians jogando pelo Palestra Itália, no primeiro jogo deles, em 1915 (Fúlvio, Police, Bianco, Américo e Amílcar).

Até o primeiro gol do nosso rival foi de corinthiano. Bianco Spartaco Gambini havia acabado de conquistar o primeiro Campeonato Paulista do Timão. O atleta jogou emprestado na primeira partida do futuro Palmeiras. Dê pênalti, Bianco marcou o primeiro gol da partida e o primeiro também do maior rival do Corinthians.

Bianco Spartaco Gambini era jogador do Corinthians quando fez o primeiro gol da história do Palmeiras

Arquivo

A medida que o Palestra Itália foi crescendo diante de um Corinthians já tradicional, a rivalidade foi iniciada. Em 1918, antes da disputa de um Dérbi, palmeirenses atiraram um osso na vidraça da pensão onde a delegação corinthiana almoçava. O osso, até hoje guardado no memorial do Corinthians, dizia "O Corinthians é canja pro Palestra". Na partida então, bem disputada, o Timão chegou a estar atrás duas vezes no placar, mas acabou empatado em 3 a 3. Jogadores do Corinthians guardaram o osso e adicionaram a frase “Esse osso era para a canja. Mas não cozinhou por ser duro demais”.

Osso de 1918 guardado no memorial do Corinthians

Acervo do Memorial do Corinthians

Em 1922 e 1923, o Corinthians foi bicampeão paulista tendo como vice duas vezes o próprio rival. A série só foi quebrada em 1924 quando a equipe alviverde desistiu da competição após dois jogos e duas derrotas. Há quem diga que foi o primeiro rebaixamento do Palmeiras, que teve que disputar um playoff para voltar a primeira divisão.

Após dois tricampeonatos paulistas do Corinthians, veio a vez do rival. E no meio do tricampeonato paulista deles veio uma sonora goleada que até hoje eles comemoram. O placar elástico gerou uma revolta tão grande dos corinthianos que derrubou o presidente Alfredo Schurig. O presidente, apesar do placar, dá nome à Fazendinha (Estádio Alfredo Schurig).

Em 1969, o ápice da rivalidade veio à tona. A fase do Palmeiras não era das melhores. O time só havia escapado da segunda divisão em 1968 após um esquema ilegal, registrado em cartório, em conjunto com o Guarani, que escalou um jogador irregular e empatou contra o próprio Palmeiras por 1 a 1. No ano seguinte, um trágico acidente tirou a vida de dois jogadores do Corinthians. Lido e Eduardo perderam a vida num acidente de carro. O Timão, ainda em luto, pediu autorização à Federação para inscrição de dois novos atletas

Lido e Eduardo à esquerda e o carro do acidente fatal à direita

Arquivo

O presidente da Federação disse que as 14 equipes da competição deveriam concordar com a inscrição. 13 equipes votaram a favor. O Palmeiras votou contra, com o intuito de enfraquecer o Corinthians. Tal atitude gerou revolta entre os torcedores do Corinthians, que passaram a chamar o rival de "porco".

O Palmeiras é conhecido por "porco" até hoje por causa da torcida do Corinthians. Ao longo dos anos, a história foi caindo em esquecimento e os próprios palmeirenses passaram a cantar "olê, porco" nos estádios.

Enfrentando o maior jejum de títulos da história do Corinthians, um novo capítulo do clássico veio quando o rival venceu o Campeonato Paulista de 1974. A quebra do jejum corinthiano só veio em 1977, mas ali era a vez do Palmeiras entrar na fila. Enfraquecido, a equipe alviverde perdia importância no cenário paulista e nacional.

O clássico só voltaria a ganhar importância nos anos 90. Com a chegada de um grande patrocinador no rival, o Dérbi virou o confronto mais importante do país. Durante a década, Corinthians e Palmeiras ganharam metade dos Brasileiros e seis Paulistas. A conquista da Libertadores do Palmeiras em 1999 virou motivo de chacota para o Corinthians por 13 anos. A conquista do Mundial do Corinthians em 2000 virou motivo de chacota para o Palmeiras, e ainda é.

Com a saída do patrocinador do rival, o Palmeiras voltaria a enfraquecer, passando por dois rebaixamentos. A diferença máxima entre as equipes veio em 2012, com o Corinthians bicampeão do mundo e o Palmeiras caindo novamente à segunda divisão.

Somente na segunda metade da década de 2010 voltaria o equilíbrio. Em 2018, as duas equipes voltariam a disputar uma final de Campeonato Paulista. A última havia sido disputada em 1999, e acabou em confusão, quando Edilson fez as embaixadinhas do capeta.

Edílson provocando os jogadores do Palmeiras no Paulistão de 1999

Reprodução TV

O clima antes da finalíssima do Paulistão era tão intenso que um treino antes da final, levou 40 mil pessoas à Itaquera numa noite de sexta-feira. Membros de torcida organizada do Palmeiras falavam abertamente que, se fosse preciso, eles comprariam o árbitro ou até mesmo sequestrariam a mãe do treinador do Corinthians da época, Fábio Carille.

A vitória corinthiana no Allianz Parque deixou o rival tão sem norte que tentaram na Justiça anular uma decisão correta do árbitro, alegando interferência externa, até hoje nunca provada. O vexame ficaria marcado como "Paulistinha Day", após o presidente palmeirense esnobar o campeonato que não conquistou. Em 2020, as duas equipes repetiriam a final em meio à pandemia de coronavírus. Dessa vez, o rival se saiu melhor.

Corinthians comemorando o Campeonato Paulista de 2018 no estádio do Palmeiras

Rodrigo Gazzanel / Ag. Corinthians

A rivalidade, que começou em 1914, não terá fim. O clássico mais equilibrado do país conta com exatas 128 vitórias de cada equipe e 111 empates em meio a 367 confrontos.

Vamos torcer muito para o Timão desempatar com uma vitória.

VAI, CORINTHIANS!

Veja mais em: Dérbi .

Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.

Por Danilo Augusto

Corinthiano e programador dedicado que tem um orgulho imenso de ter criado essa comunidade chamada Meu Timão.

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