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Não é por acaso
45 segundos de Jorge Jesus resumem tudo. Romero, Kazim e o Feminino me desculpem
Opinião de Lucas Faraldo
Terça-feira é dia em que costumo publicar textos aqui na coluna do Meu Timão. Desde ontem (28) quando coloquei a cabeça no travesseiro, venho pensando sobre como ilustrar uma ideia. A ideia era escrever sobre o episódio do gélido desembarque do elenco do Corinthians em Maceió diante da fervorosa recepção dos torcedores alagoanos no saguão do aeroporto.
Pensei em falar sobre Ángel Romero e sua humildade em, lá no ano de sua chegada ao Corinthians, 2014, cumprimentar jornalistas, câmeras e quem mais estivesse na sala de imprensa, um a um, com aperto de mão, antes das entrevistas coletivas.
Pensei em falar sobre Colin Kazim e sua incrível facilidade em ser querido por torcedores do Corinthians mesmo não acertando absolutamente nada do que tentava com a bola nos pés. O brilho nos olhos ao falar sobre o clube e a Fiel não fazem disso tudo uma coincidência.
Pensei também em falar sobre o time feminino do Corinthians. Não por causa do título de ontem na Libertadores. Mas sim pelo carinho das jogadoras com a criança das fotos abaixo mesmo depois de um brochante vice-campeonato brasileiro há exato um mês.
Isso foi depois da final do Brasileiro. Tristes e chorando mas quem disse que nos trataram mal? A Tamires saiu de campo mesmo com segurança reclamando e veio falar com todo mundo e tinha chorado que só
— Rapinoe Zanotti ⚽ (@tathiane_vidal) October 29, 2019
Eu realmente tenho dó do torcedor de Maceió que foi desprezado ontem pic.twitter.com/TmfSV54fZs
É bem verdade que acabei escrevendo um pouquinho sobre tudo o que pensei em falar. Mas no fim acho que poucos exemplos podem ser tão bem ilustrativos (e contemporâneos, de quebra) quanto um vídeo que resgatei nas redes sociais de três meses e meio atrás.
Na cena abaixo, Jorge Jesus, depois de seu primeiro jogo à frente do Flamengo pelo Brasileirão, há exato um turno (19 rodadas atrás), puxou seus jogadores pelo braço e iniciou ali o que se tornaria regra no hoje melhor time do país: entrar em sinergia com a torcida.
Após o jogo, Jorge Jesus chama TODOS os jogadores, entra no campo e agradece a torcida presente no Maracanã #Flamengo pic.twitter.com/IXS47pDzzK
— Raisa Simplicio (@simpraisa) July 14, 2019
Essa cena é de muito antes de o Flamengo de elenco muito avantajado técnica e fisicamente de fato se mostrar avantajado técnica e fisicamente. Ou de um inteligente treinador mostrar ser de fato um inteligente treinador. A cena vem antes não por acaso. O Flamengo se tornou nos últimos meses um fenômeno (cultural, como diz um amigo) não por acaso também.
Eu nem a grande maioria das pessoas que critica a aparente frieza do elenco estávamos no aeroporto em Maceió. Não vimos, num todo, quem de fato atendeu os torcedores, quem não atendeu, etc. Fato é que o próprio Gustavo, artilheiro da equipe no ano e uma das figuras que jornalistas e torcedores enxergamos como mais humildes do elenco, deu a entender que os jogadores realmente não estavam muito dispostos a interagir com a Fiel naquela situação.
Antes de qualquer questão técnica ou tática (e olha que tem questão a rodo pra discutir), parece haver coisa mais importante (e preocupante) a ser observada no Corinthians de 2019.
Talvez comece aí a explicação do quão difícil se tornou para o Corinthians observar o cada vez mais distante líder Flamengo na atual temporada.
Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.