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Básico do básico
Corinthians prima pela utilização dos garotos, mas esqueceu do mais importante
Opinião de Luis Fabiani
É sabido que o Corinthians utilizará mais a base em 2021. Pelo menos é o que prometem Vagner Mancini e Duilio Monteiro Alves. O início do Campeonato Paulista dá indícios que não se trata de uma promessa vazia, já que são vários os garotos que começam a ganhar oportunidades na equipe principal. Foram os casos de Rodrigo Varanda, Matheus Donelli, Antony, Adson e Cauê
A postura é de se elogiar, já que o clube não possui margem financeira para investir em grandes reforços. E ao contrário do modus operandi dos últimos anos, não desembolsou em jogadores medianos. Nota dez até aí. Antes tarde do que nunca, a diretoria coloca os pés no chão e dá indícios de que buscará uma recuperação financeira da instituição.
Mas uma boa utilização das categorias de base vai muito além de simplesmente colocar os jogadores em campo. Na verdade, se trata de um processo longo, cheio de variáveis extracampo que podem alavancar (ou não) o potencial de um jogador. O básico do básico seria investir em grandes treinadores de base, visando identificar os pontos fortes e fracos dos jogadores desde cedo. Nas categorias inferiores, isto é seguido. No Sub-20, porém, o Corinthians está há um mês sem um treinador efetivado.
Em 1º de fevereiro, dias após a demissão do então treinador Dyego Coelho, o Corinthians deu início à pré-temporada da categoria sub-20. A opção foi em realocar Márcio Bittencourt e Zé Augusto, que antes trabalhavam na categoria sub-23. Ambos com status de interino, já que o clube, conforme anunciou, iria ao mercado atrás de um novo treinador para a categoria. E hoje, há uma semana da estreia do Corinthians Sub-20 na temporada, não há uma confirmação oficial do Corinthians sobre quem assumirá a categoria no restante do ano.
Se vão contratar alguém, ou efetivar o Márcio Bittencourt, pouco importa. Mas em mais de um mês, o Corinthians não decidiu quem comandará seu time sub-20 neste ano. A principal categoria inferior do clube passou a pré-temporada inteira com um treinador de futuro incerto. E essa incerteza chega aos bons valores que por lá jogam. O futuro de jogadores como Reginaldo, Belezi, Lucas Pires, Keven Vinícius e Ryan Gustavo não pode ser refém de uma incerteza tão bizarra.
Não dá pra comprar o discurso de grande utilização da base se ainda ocorre tanta coisa estranha nesse meio. E cabe ao torcedor exigir que o clube se posicione nos próximos dias sobre a situação
Idealmente, projetaríamos um clube com linha de sucessão, categorias de base trabalhando o mesmo estilo de jogo e uma grande integração entre as equipes. Hoje, porém, o Corinthians não cumpre com a etapa mais básica do processo
Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.