A melhor formação do ano não pode ser usada na Sul-Americana
Opinião de Ana Paula Araújo
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O Corinthians entra em campo esta noite para enfrentar o Fluminense no duelo mais importante da temporada 2019. A vaga na semifinal da competição será decidida hoje e a equipe de Carille não poderá jogar com a melhor formação do ano.
Esse time foi escalado contra o Botafogo, no jogo em que o Corinthians apresentou seu melhor desempenho até aqui. Vital, Pedrinho, Everaldo e Boselli se mostraram entrosadíssimos e deram um show.
A defesa teve a presença do garoto Carlos Augusto, que certamente chegou bem mais à linha de fundo que Danilo Avelar. Fagner, Gil, Manoel e Walter – que substituía o suspenso Cássio – são atletas inquestionáveis na posição, mesmo com o arqueiro sendo reserva. Manoel, especificamente, melhorou muito com a chegada de Gil e agora é absoluto por ali.
Gabriel no meio-campo aprimora muito o passe corinthiano e permite que os jogadores de frente recebam bolas mais redondinhas. Urso pode até não estar na sua melhor forma, mas não deixa a desejar para nenhum concorrente na posição e se apresenta com certa frequência. Embora o volante destoe do que já mostrou, ainda tem lugar na equipe titular. Vital por ali dá mais criatividade que Sornoza e com certeza faz o time ser mais incisivo.
Pedrinho dispensa comentários, pois vem sendo o grande destaque do segundo semestre. Everaldo atua de forma mais aguda e menos afoita que Clayson. Pensa antes de agir. Boselli é aquele que chama a marcação, ajuda na construção de jogadas e está sempre bem posicionado para fazer o que sabe de melhor: gol. O cara é a referência certa para o ataque, mas depende dos pontas e meias para sobreviver.
A partida foi tão boa que a menor nota dos titulares foi para o zagueiro Manoel, com 7.4, ainda assim bem avaliado. Uso também ficou abaixo dos 8, com 7.9, mas o restante dos titulares ficaram todos acima de 8!
Quando Carille fez as substituições, na etapa final, o time claramente caiu de rendimento e aí, as notas dos reservas despencaram. Jadson ficou com 5.3 ao entrar na vaga de Mateus Vital; Clayson, que substituiu Everaldo, levou míseros 5 – a menor nota de todos que jogaram; Gustavo com 6.1, foi quem colocou Mauro Boselli no banco.
Através desses números, é notável que a própria Fiel aprova o time titular neste duelo e sua apresentação.
Voltemos agora as atenções para o primeiro jogo das quartas de final contra o outro time carioca, o Fluminense.
Avelar voltou à lateral; Clayson e Love para o ataque. Resultado? Uma exibição apática e sem inspiração. Um time que não fez valer o mando de campo e não construiu resultado em casa. Aliado a isso, o adversário veio com uma proposta defensiva, o jogo se concentrou no meio e Gabriel acertou todos os passes dos quais participou, exaltando ainda mais sem bom momento e também a postura de jogo alvinegra.
São três grandes problemas que enxergo nessa formação:
- Avelar na lateral – que não chega ao ataque nunca;
- na frente, Love não passa melhor, não se posiciona melhor, não é melhor pelo alto e não chama tanto a marcação quanto Boselli. Principalmente em jogos em que os meias e pontas já se movimentam bem e o centroavante tem que ficar mais como referência, Love perde em desempenho;
- já Clayson é individualista por natureza. Muitas vezes toma a decisão errada e não dá tanta mobilidade quanto Everaldo. Várias investidas param nos pés dele. Ele cruza na área como ninguém e para ninguém.
Everaldo é um caso sem solução, já que não pode jogar a Sul-Americana, então caberia a Clayson comandar o lado esquerdo mesmo. Conformo-me por enquanto. Mas Love e Avelar podem sim dar espaço a Boselli e Carlos Augusto.
A exibição pífia rendeu nota máxima de 6.7 a Cássio e mínima de 2 para Clayson e Love. Avelar também tomou um 2.5 e foi reprovado pela torcida. Justamente os três que, na minha opinião, defasam o rendimento da equipe.
Abaixo a escalação que entrou em campo diante o Avaí.
Eu seria hipócrita se não analisasse o desempenho diante o time catarinense. Talvez tenha sido o pior jogo que vi do Corinthians nos meus mais de 30 anos acompanhando o clube.
Notamos ali que os meus defendidos Carlos, Everaldo e Boselli estavam nesse time alternativo. O que deu errado?
Para mim, o meio-campo, a lateral-direita e os homens de ponta.
- Ralf não tem a mesma eficácia que Gabriel para passar;
- Michel Macedo no lugar de Fagner é até injusto de comentar. A diferença técnica tende ao infinito;
- Sornoza nem de longe tem mais recurso e criatividade que Vital;
- Jesus até se apresentou bem em outras oportunidades, mas não ficou acima de Urso em nada neste jogo;
- Ramiro: como volante ele é ok, mas ali, tendo que tabelar e alimentar o centroavante foi mal, mesmo já tendo desempenhado bem a função em outra equipe. E se levarmos em conta que o dono da posição é o talentoso Pedrinho, a situação fica ainda pior.
As piores notas dadas por vocês foram para Michel com 0.3 – expulso no segundo tempo – e Sornoza amargando 0.9. As melhores foram para Love – craque da partida – com 6.2 e Fagner com 5.2.
Isso evidencia o que pontuei acima. Michel e Fagner são tão discrepantes a nível técnico que chega a ser cômico analisar. Michel não defende e nem ataca bem e nesse jogo em particular, comprometeu muito com a expulsão evitável. Sornoza perdeu muito espaço para Vital e tende a ser reserva mesmo. Love e Boselli são um caso à parte nesse tipo de partida e explico o porquê.
Enquanto Boselli é o cara que depende dos pontas e meias para sobreviver, já que é mais o estilo do centroavante fixo, Love se movimenta mais. Em uma partida em que o time está engessado por causa da falta de qualidade de quem deve criar, Love se destaca.
Já o argentino é aquele que espera a bola chegar, mas chama atenção dos defensores e tem um faro para estar no lugar certo. Além disso, ele é solidário e joga para o time.
A média dos titulares contra o Botafogo foi de 8,4 – aprovados com boa nota. Diante o Fluminense o time que entrou em campo levou 4,3 – reprovados. Contra o Avaí os titulares tiveram 2,7 em média – reprovados com orelha de burro.
Uma queda de 49% no desempenho entre os jogos contra o Botafogo e Fluminense e de 68% se compararmos os embates entre Botafogo e Avaí.
Contra o Fluminense, nesta noite, o treinador deveria montar a escalação mais próxima possível daquela que teve o melhor desempenho nos últimos jogos.
- Carlos na lateral, para subir mais ao ataque e municiar os homens de frente;
- e Boselli como referência. Diante o time carioca, um fixo ali na área gera mais possibilidades de gols, até mesmo pelo alto, onde ele vai muito bem.
Claro que Vital e Pedrinho não podem faltar em um time cuja proposta é vencer.
Logo mais o Corinthians tem o desafio de sair vitorioso na casa adversária. Por que entrar pensando no empate sem gols e ir aos pênaltis para deixar tudo em aberto? Ou, empatar com gols e não se mostrar disposto a sair vencedor, apenas classificado. Fábio Carille tem as armas certas que já provaram funcionar, basta usá-las e se classificar com segurança.
Afinal, do que adianta ter uma Ferrari na garagem se você prefere ir de Fusca? Nada contra o bom e velho Fusquinha, afinal, ele funciona, mas pode ser que no caminho aconteça algum imprevisto. Ou então, ter a Ferrari, querer andar nela, mas não ter habilitação.
O Corinthians é muito mais que 11 atletas ali em campo, é um estado de espírito disposto a vencer.
Que Fábio Carille e seus comandados calem minha boca, adotem um comportamento de quem quer a todo custo a vaga e na próxima coluna eu venha aqui, feliz, me retratar.
Bom jogo, Fiel e vaaaaaaaaaaaai, Corinthians!
Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.
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