Venha fazer parte da KTO
x
O que o Corinthians de Mancini e a Seleção Brasileira campeã do mundo em 2002 têm em comum?
Ana Paula Araújo

Engenheira de formação, mas corinthiana de alma. Deixei a profissão para fazer parte dessa família desde 2013.

ver detalhes

O que o Corinthians de Mancini e a Seleção Brasileira campeã do mundo em 2002 têm em comum?

Coluna da Ana Paula Araújo

Opinião de Ana Paula Araújo

5.9 mil visualizações 59 comentários Comunicar erro

O que o Corinthians de Mancini e a Seleção Brasileira campeã do mundo em 2002 têm em comum?

O que a Seleção de 2002 tem em comum com o Corinthians 2021?

Foto: Montagem/Meu Timão

Se você entrou nessa coluna, você me acha louca ou sabe a resposta para a pergunta do título. Penso que boa parte das pessoas, pelo menos as que têm a minha idade ou mais, faz ideia do que estou falando. Não, eu não estou doida. O Corinthians de Mancini e a Seleção Brasileira de Luiz Felipe Scolari têm algo em comum: o esquema 3-5-2.

Para quem não lembra ou não sabe, Felipão usou essa tática durante a Copa do Mundo daquele ano. Marcos; Lúcio, Edmílson e Roque Júnior; Cafu, Kleberson, Gilberto Silva, Ronaldinho Gaúcho e Roberto Carlos; Rivaldo e Ronaldo eram os nomes que compunham e desenvolviam o esquema tido, na época, como defensivo. Acredito que mais por birra pelo técnico se tratar do Felipão do que por convicção de quem pregava isso. A Argentina de Bielsa — que foi a primeira colocada nas eliminatórias para a Copa de 2002 — jogava com três zagueiros e ninguém chamava de defensiva. Os argentinos apenas "marcavam alto".

Foi por apostar nesse esquema, que o treinador da Seleção causou a segunda maior polêmica da sua carreira (a primeira é os 7x1), que foi deixar Romário de fora da lista do convocados para a Copa do Mundo daquele ano.

Mas por que estou falando isso? Porque hoje, no Corinthians, Vagner Mancini usa a mesma tática e, como num déjà vu, vi bastante torcedores chamando o esquema de retranqueiro.

Meu Timão

Meu Timão

Essa foi a equipe que entrou em campo na vitória por 4 a 1 sobre a Inter de Limeira, na última terça-feira, pelas quartas de final do Campeonato Paulista.

Quando batemos o olho nesse campinho podemos ter a impressão de que a presença de três zagueiros, em vez de dois, vai tornar o jogo mais defensivo, mas não poderia haver engano maior. É uma análise crua, baseada apenas na estrutura disposta em campo do que em como agem os jogadores durante a partida.

Pelo menos para mim, o 3-5-2 tem duas funções bem definidas: (1) ter jogadores povoando o meio-campo com possibilidade tanto de defender, quanto de atacar; (2) ter sempre um jogador na sobra para cobrir erros.

O pessoal tende a assimilar mais números, então vamos lá. Se tenho três zagueiros, por outro lado, não tenho laterais. Então, em vez de quatro jogadores na defesa, tenho três. Pronto!

Os laterais viraram alas e fazem parte agora do meio-campo, subindo ao ataque e sendo peças de suma importância para a construção ofensiva. Quem assistiu o jogo contra a Inter de Limeira comprovou isso, principalmente na interação Piton/Fagner que deu origem ao primeiro gol. De ala para ala, o Corinthians abriu o placar.

Vimos contra a equipe interiorana, Lucas Piton em toda parte do campo. O garoto chega à linha de fundo, cruza, dribla, volta, desarma e dá seguimento à jogada. Uma partida excelente dele. Isso tudo sendo devidamente bem guardado por Raul Gustavo, o que comprova o que falei sobre o esquema ter como função sempre alguém sobrando para cobrir erros. (2)

Reprodução/TV Globo

Reprodução/TV Globo

Quando o Corinthians ataca, ataca com um número significativo de atletas, quando defende, idem.

No frame abaixo temos seis jogadores acompanhando uma jogada de ataque contra a Inter de Limeira (1). Reforçando a minha afirmação de que os homens de meio-campo chegam em bom número à frente junto aos atacantes.

Reprodução/TV Globo

Reprodução/TV Globo

O próprio Mancini falou da ofensividade do esquema, ainda em 2020.

"(...) As pessoas, quando entra o terceiro zagueiro, acham que a equipe fica defensiva. Quando o 3-5-2 foi inventado, foi para tornar mais ofensivo, para ter os dois alas chegando. Você pode botar mais volantes e mais atacantes e jogar em linha baixa e se defender também. O princípio de defesa e ataque precisa ser bem compreendido porque senão a gente acaba julgando sempre por aquilo que todo mundo fala. A pessoa precisa estudar para entender o porquê das coisas”, disse.

Na minha opinião, se eu pudesse definir o esquema 3-5-2 em uma palavra seria equilíbrio. Nem ofensivo, nem defensivo, mas equilibrado.

Sem comparações técnicas com a Seleção Brasileira de 2002, mas dizer que o esquema de Mancini é retranqueiro por ter três zagueiros é pisar na história vencedora que um 3-5-2 já proporcionou ao brasileiro. Na Copa, foram sete vitórias em sete jogos disputados, 18 gols marcados (oito de Ronaldo) e apenas quatro sofridos.

De defensiva, a Seleção não tinha nada, e o Corinthians de Mancini também não.

Veja mais em: Vagner Mancini e Escalação do Corinthians.

Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.

Avalie esta coluna
Coluna da Ana Paula Araújo

Por Ana Paula Araújo

Engenheira de formação, mas corinthiana de alma. Deixei a profissão para fazer parte dessa família desde 2013.

O que você achou do post da Ana Paula Araújo?