A convicção de Vítor Pereira que limita o elenco do Corinthians: troca foi tiro no pé?

Opinião de Andrew Sousa
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Treinador limita o próprio elenco quando coloca jogadores em uma 'caixa'
Foto: Danilo Fernandes/ Meu Timão
Desde que foi anunciada, a troca de Gustavo Mantuan por Yuri Alberto gerou questionamento de parte da torcida do Corinthians. Com o tempo, a ideia de ter um camisa 9 de peso para atuar com Willian e Róger Guedes abafou a insatisfação. Até o momento, porém, as escolhas de Vítor Pereira dão a entender que a negociação pode ter sido um tiro no pé - ao menos nessa altura da temporada.
Além do tempo de adaptação que o time vai precisar para fazer um centroavante de ofício render, a inflexibilidade do técnico deixou outro setor fragilizado.
A cada dia que passa, o comandante deixa mais claro que não vê Guedes como opção para os lados de campo. Depois do jogo ruim contra o Flamengo, inclusive, ressaltou que o atleta não consegue marcar o corredor e, por isso, preferiu improvisar o próprio Yuri Alberto na beirada.
Na mesma entrevista, o técnico lamentou a falta de soluções para seu elenco. Sem Willian (lesionado), só tinha Adson, Mosquito e Giovane para as extremidades. Pois bem: se Róger só pode atuar por dentro e o time tem poucos pontas, qual foi o sentido da troca? O treinador aprovou o negócio?
Até aqui, o que podemos dizer é que o Corinthians abriu mão de um titular e trouxe um concorrente para o camisa 9, que mesmo questionado, já fez boas partidas atuando por dentro - contra o próprio Flamengo, inclusive, entrou melhor que Yuri no jogo.
Se a intenção da troca era mudar o desenho tático e formar uma dupla, o técnico tem de insistir mais na ideia. Depois do primeiro teste, contra o Atlético Goianiense, deu entrevista enfática dizendo que não daria para jogar com os dois juntos. Um jogo é pouco para definir isso - no mesmo duelo, aliás, o trio de volantes foi dominado e acabou sendo novamente escalado no confronto mais importante do ano, dias depois.
Para montar um 11 inicial competitivo e não depender do jovem Adson ou de Mosquito, que alterna grandes e discretas partidas, o treinador vai ter de abrir mão de algumas de suas convicções.
Guedes não pode atuar aberto? Não há só um esquema no futebol. O próprio Flamengo, por exemplo, joga como uma dupla de atacantes com poucas obrigações defensivas.
Sua insistência com alguns "miúdos" no início do trabalho deu frutos e ampliou o leque de opções, temos de reconhecer. Mas com Guedes, tudo parece muito definitivo. O treinador não pode abrir mão de um talento assim.
Chegou a hora de se adaptar ao que o elenco oferece. Antes o Corinthians tinha pontas titulares e um camisa 9 "adaptado". Agora, parece ter um 9 de ofício, mas perdeu força dos lados e deixa um de seus mais influentes jogadores no banco. Faz sentido?
Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.
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