A política do 'bom relacionamento' que atrasa a vida do Corinthians dia após dia
Opinião de Andrew Sousa
12 mil visualizações 132 comentários Comunicar erro
Depois de tudo que acompanhamos na temporada, é até difícil acreditar na possibilidade real de Vítor Pereira assumir o Flamengo. Da forma mais baixa possível, o treinador parece estar muito perto de jogar fora todo o respeito que ganhou da torcida do Corinthians e consolidar uma das maiores traições que me lembro no futebol. As críticas a ele são mais do que justas e estão aos montes pela internet. Por isso, vou mudar um pouco o foco nessa coluna.
Precisamos olhar para a direção alvinegra no meio de tudo isso.
Em linhas gerais, é difícil condenar Duilio Monteiro Alves por confiar no comandante, já que todos nós também compramos a história de que a família estava precisando dele em Portugal. Ainda assim, o episódio serve para coroar uma série de decisões equivocadas pautadas no "bom relacionamento".
Pela amizade com Vítor Pereira, o presidente deu todo o tempo do mundo para o português decidir. O corinthiano foi para a última rodada do Brasileirão sem saber se teria ou não o técnico em 2023. Enquanto todos cobravam respostas, a diretoria mantinha a calma, afinal, a ótima parceria construída com VP pedia isso...
Voltando um pouco no tempo, outro episódio parecido. Depois de encher o torcedor de esperança com reforços de impacto, a Taunsa deu um calote de quase R$ 20 milhões no Corinthians. O tempo foi passando e o que se ouvia era que o clube confiava no bom relacionamento com a empresa para receber o valor sem ter de entrar na Justiça.
Pouco depois, mais um exemplo da falta de pulso. De forma surpreendente, torcedores do Corinthians perderam lugar em um dos jogos mais importantes da temporada. Isso porque Duilio resolveu adotar a política de boa vizinhança e dar quase todo o setor Sul da Neo Química Arena para o Flamengo na Libertadores.
Nesse mesmo momento do ano, a Fiel tinha de aturar uma série de notícias sobre uma possível saída de Willian. A situação se arrastou, o camisa 10 entrou em campo no embate decisivo pelo torneio continental e saiu pela porta dos fundos na sequência. Para piorar, disse que já tinha se decidido há um mês. E a diretoria? Pelo bom relacionamento, deu tempo pra ele pensar, o deixou jogando mesmo com a cabeça na Inglaterra e permitiu sua saída sem qualquer complicação contratual ou compensação financeira.
Diante de tudo isso, é mais do que justificável a revolta do torcedor com a escolha por Lázaro como novo treinador. O agora ex-analista tem ótimo relacionamento interno e tende a ser bem mais maleável com a diretoria.
Falando nisso, o preparador físico Flávio Oliveira, responsável pela tão questionada pré-temporada de 2022, está de volta para o ano que vem. Mais um que se dá muito bem com quem comanda o Corinthians.
De decisão amigável em decisão amigável, o Timão vai se apequenando e vira motivo de chacota.
Taunsa, Willian, Flamengo, Vítor Pereira... Não adiantou ter ótimo relacionamento com nenhum desses para solucionar os problemas. Falta firmeza, planejamento e mais profissionalismo para agir e cobrar.
Com tudo isso, o ano de 2023 vai ficando cada vez mais desanimador para o torcedor, que se encheu de expectativa com as boas campanhas desse ano.
Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.
Avalie esta coluna
Veja mais posts do Andrew Sousa