Pela primeira vez desde que chegou ao Corinthians, Sylvinho terá uma semana cheia de treinos. No calendário apertado do Brasil - que se esmagou ainda mais por conta da pandemia e da ligação direta com a temporada 2020 -, ter tempo para treinar é um privilégio absurdo angariado aos clubes que já foram eliminados das Copas, cultuando um pensamento arcaico de que quanto melhor o time, menos tempo ele terá para treinar.

Desde que chegou ao clube, Sylvinho mantém um retrospecto bastante medíocre (no sentido verdadeiro da palavra). Foram apenas três vitórias em 13 jogos, num aproveitamento de pouco mais de 35%, que incluem uma eliminação para o Atlético-GO com a derrota em Itaquera em seu jogo inicial. Entretanto, o treinador resgatou uma característica fundamental da era de títulos da década passada e é a defesa menos vazada nesse Brasileirão.

Em começo de carreira, Sylvinho é certamente um treinador em construção. Quando contratado, considerei que teria duas etapas para entendermos o seu verdadeiro potencial e o que ele seria capaz de fazer no Timão.

A primeira delas já se foi. 13 jogos sem descansos, a cada três dias, com viagens para Goiás, Chapecó, Fortaleza, Rio de Janeiro, Salvador, além de dois clássicos estaduais e outros jogos em casa. Tudo isso em quase 40 dias. Desumano e antiprofissional. Um verdadeiro assassinato ao futebol brasileiro, que não deixa espaço nem para treinos nem para pré-temporadas, como se desimportantes fossem.

Agora, inicia-se a segunda e mais importante delas. Fora da Copa do Brasil e da Sul-americana, Sylvinho terá semanas cheias para treinar e preparar a equipe. Poderá recuperar jogadores e pôr em prática suas ideias. Será possível conhecer quem realmente é o treinador que teve passagem apagada pelo Lyon, mas que se preparou e parece considerar a chance no Corinthians como a mais importante de sua vida.

Embora válidas, quaisquer críticas anteriores ao jogo contra o Fortaleza eram pesadas demais. Não se joga futebol sem treinar. Os clubes europeus não praticam pré-temporada e escolhem seu treinador antes do início da competição à toa. Sabem da importância que os treinos possuem para a boa execução do futebol.

Não por acaso, o ponto em comum entre os 11 times à frente do Corinthians é que seus treinadores estão há mais tempo que Sylvinho no comando de seus clubes - exceção feita à recente mudança no Flamengo, que, no entanto, tem dois jogos a menos que nosso time.

Sylvinho estudou na Europa e, certamente, também sabe da importância de treinar para jogar bem. É um ponto fundamental para melhorar, por exemplo, o desempenho ofensivo do time, já que construir jogadas demanda mais tempo e treino que destruí-las.

Ainda é dia 13 e o Corinthians só terá mais dois jogos nesse mês. Agora, há tempo demais para treinar, com semanas vazias até o fim de setembro.

É uma nova etapa para Sylvinho, que vale seu trabalho no clube e a confiança da Fiel.

Veja mais em: Sylvinho e Treino do Corinthians.

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