Duílio, chega de esconder os jogos do Corinthians!
Opinião de Juliano Barreto
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Reclamar do calendário do futebol brasileiro já virou folclore. Jogadores, técnicos, torcedores, jornalistas, todos reclamam. Mas as federações além de não ouvir, sempre arrumam novos jeitos de piorar a coisa. Chegamos ao absurdo de ter partidas na segunda-feira à noite só para que os jogadores pudessem dar entrevista na chatíssima mesa redonda do Galvão Bueno.
As justificativas para inventar dias e horários esdrúxulos para as partidas são muitas: explorar melhor o pay-per-view, jogar em horários que podem ser atraentes para o público no exterior, evitar o encontro de torcidas rivais no dia do jogo… Todas desculpas com um verniz de boa intenção, mas que na verdade mostram ganância das emissoras e incompetência dos clubes.
O resultado? Está cada vez mais difícil saber como, quando e onde assistir aos jogos do Corinthians. Pela sua grandeza, o Corinthians não deveria compactuar com isso. É óbvio que um time sozinho não pode mudar a estrutura podre do futebol brasileiro, mas o Timão precisa representar o interesse da sua torcida e ocupar uma posição de liderança nessa mudança.
Não é só brigar para ganhar mais dinheiro com quotas de transmissão, mas também pensar no futuro e deixar o Corinthians acessível para torcedores de todas as idades e classes sociais. Nunca houve um momento tão propício para fazer isso quanto agora, quando finalmente se fala na real possibilidade da criação de um Liga Brasileira, gerida pelos clubes. Também é salutar que finalmente a Globo tenha uma concorrência mais forte, com o crescimento das transmissões esportivas por streaming.
Por isso meu apelo para o presidente Duílio: O Corinthians tem que sempre jogar no horário nobre, na quarta e no domingo. Depois de anos e anos de experiências com jogos em datas alternativas, ficou comprovado que o torcedor mais fanático até consegue se virar para acompanhar os jogos, mas a grande maioria da torcida está ficando mais distante a cada ano.
O jogo do Timão no domingo às quatro da tarde é uma tradição de décadas que parece estar morrendo. Jogar um clássico no sábado à noite é como dizer ao torcedor: “Tanto faz se você pode assistir ao jogo ou não, vamos fazer mesmo assim. Se vira”. E no domingo sem jogo? “Acostume-se a fazer outras coisas, esqueça do futebol brasileiro, vá se divertir vendo Tottenham e Burnley.”
Não adianta o Marketing do Corinthians ficar repetindo nas redes sociais que o Corinthians é o Time do Povo, enquanto elitizam o acesso aos jogos mais e mais. Já não chega o absurdo que é começar partidas em casa às 10 da noite por causa de novela ou reality show, agora até o “torcedor de sofá” está sendo obrigado a fazer a vontade das emissoras.
Priorizar a vontade da TV pode parecer obrigatório nos dias de hoje, com os clubes endividados e extremamente dependentes do pagamento pelos direitos de transmissão, mas basta ver o que está acontecendo com a Seleção Brasileira.
A CBF também priorizou o dinheiro, preferindo amistosos no exterior, ingressos caros nos jogos em casa, e sequer teve a decência de pausar os campeonatos nacionais nas datas dos jogos internacionais. Hoje, ninguém mais se importa com Seleção.
Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.
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