Pensem no seguinte. Um jogador massacrado pela torcida (injustamente, por sinal) retorna ao clube para disputar vaga numa posição onde constam dois ídolos da equipe. O jogador, não intimidado pela concorrência, chega e assume a titularidade. Um dos ídolos é dispensado do elenco. O outro, senta no banco.

A história acima é a de Guilherme Camacho. O volante solicitado por Tite à diretoria após ter feito um Paulistão excepcional pelo memorável Audax de 2016. Na campanha, deixou pra trás gigantes como São Paulo e Corinthians. Ambas equipes dominadas por um estilo de jogo onde tudo passava pelo pé de Camacho.

Uma pena Camacho ter trabalhado por tão pouco tempo com o maior treinador na história do Corinthians. Tite já havia sacado sua posição ideal. Jogaria como "cabeça de área", setor carente no Corinthians em 2016. Fez poucos jogos ali com Adenor. Foi razoável, não comprometeu. Com Cristóvão Borges e Oswaldo de Oliveira, pouca sequência e pouco destaque.

Em 2017, com o vitorioso Fábio Carille, foi o coringa ta equipe também vitoriosa. Jogaria um pouco mais adiantado, disputando posição com o ótimo Maycon. Camacho entrou em tantos jogos que até virou piada na internet.

Gabriel suspenso? Coloca o Camacho!
Maycon machucou? Coloca o Camacho!
Time tá ganhando? Time tá perdendo? COLOCA O CAMACHO!

E assim que foi conquistando seu espaço. Mostrou-se polivalente e terminou como titular nas duas conquistas daquele ano.

Passou grandes dificuldades na carreira. Perdeu o pai em um inesperado acidente doméstico. Depressão para o atleta nunca é fácil.

Atuou por um período no Athletico de Tiago Nunes, onde assumiu a posição de titular e foi fundamental em uma equipe também vitoriosa. Foi flagrado em um exame antidoping e ficou parado por 6 meses.

Parecia nada dar certo. As boas atuações não eram enxergadas pela torcida e o merecido reconhecimento não vinha de jeito nenhum.

No Corinthians (finalmente chegamos em 2020), retornou com status de titular. Tem bons jogadores em seu redor e tem uma qualidade técnica incontestável. Faz um ótimo começo de temporada. E espero que assim continue. É lindo demais fazer com que seus críticos pouco embasados repensem suas opiniões.

Hoje, no time de Tiago Nunes, é insubstituível. Ninguém executa melhor a função do que ele.

Chegou a hora de mudar a sua imagem com a Fiel.

Camacho, por persistência e superação, merece todo o sucesso que um atleta pode ter.

Veja mais em: Camacho e Tiago Nunes.

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