Saiba como joga o Corinthians de Tiago Nunes por meio de oito imagens
Análise de Luis Fabiani
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Antes de qualquer introdução, acho perfeitamente válido agradecer aqueles que tornaram esse texto possível. O Corinthians Scouts, por me ceder as imagens, e o João Izzo, que esteve no Footstats recentemente e me ajudou na análise dos lances específicos. Ambos foram fundamentais para que essa coluna ganhasse forma
Por mais que pareçam nítidas, parte da filosofia de Tiago Nunes possui algumas nuances que só são percebidas quando analisando os lances friamente. Foi por isso que decidi escrever sobre.
Vamos às fotos, portanto:
Com bola
Time se porta com 3 zagueiros
O time, no momento que busca transitar para o ataque, requer que Camacho recue entre os zagueiros para facilitar a saída. Assim, o primeiro volante atua como um terceiro zagueiro e faz com que o Corinthians tenha superioridade numérica no setor.
Laterais espetados: amplitude
Como já têm jogadores na saída, os laterais "afundam" para o time ganhar campo.
Nisso, os zagueiros ganham mais de uma opção para sair. Os jogadores de meio-campo se colocam como opção de passe e os laterais jogam próximos dos pontas.
Com os laterais jogando cada vez mais avançados, perde-se a utilidade de um jogador como Danilo Avelar no setor. Não é um jogador com um bom "um contra um" e suas virtudes são majoritariamente defensivas.
Triangulações: pontas por dentro e laterais por fora
Quando precisa criar, o Corinthians é muito bem definido no último terço do gramado. Os pontas caem para o meio e os laterais seguem nas extremidades. Mais um motivo que torna Ramiro fundamental na equipe. Já atuou como volante e sabe jogar por dentro.
No lado esquerdo, por mais que Piton tenha muita qualidade, as triangulações não surtem o mesmo efeito. Janderson e Everaldo não rendem quando jogam pelo meio e as triangulações não funcionam. Nesse caso, eu mudaria. Colocaria Piton por dentro (já atuou como meia na base) e deixaria o ponta jogar na extremidade. Conseguiríamos manter a qualidade nos dois lados.
Em suma: É assim que Tiago Nunes quer ver o Corinthians se posicionar quando tem a bola.
SEM A BOLA
Pressão média
A primeira foto mostra um Corinthians um pouco mais conservador. A marcação em pressão média possibilita que os zagueiros adversários consigam manter a posse, mas sem levar a bola para a "zona de transição, onde ficam os meias e volantes.
A segunda mostra um Corinthians jogando com pressão alta e "encaixes" (no português claro, o famoso "cada um pega o seu"). Em 2020, essa foi a postura mais recorrente. É um método de sufocar o adversário e induzi-lo ao erro. Mas, se for mal feita (como muitas vezes foi) é altamente perigosa.
Há de se ressaltar que nesse estilo, Ramiro (número 2 na foto) é fundamental. Mostra-se habituado e marca inteligentemente.
Transição defensiva NÃO PODE FALHAR
Ao perder a bola no meio campo, é necessário que o time consiga voltar "compactado". Precisaria povoar o setor da bola com mais jogadores que o adversário e brecar o contra-ataque, possibilitando que haja tempo para todos os jogadores voltarem e formarem o 4-4-2 ilustrado na primeira foto.
No lance da foto, Cantillo perdeu a bola, a defesa do Corinthians se recompôs com buracos e sofreu o gol.
Bola parada defensiva: talvez a maior falha
A falha mais nítida e perceptível do Corinthians é - para mim - a bola parada defensiva. No lance escolhido, o Santo André coloca três jogadores disputando a primeira bola onde só estão dois marcadores do Corinthians. Cantillo foca na segunda bola e deixa seu encaixe escapar. Há de se corrigir urgentemente.
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