Venha fazer parte da KTO
x
Nossos ídolos ainda são os mesmos. Graças a Deus.
Marcelo Rodrigues

Escritor, produtor e jornalista, vive escrevendo sobre o Corinthians por aí. Respeita a tradição, sente saudade do Pacaembu e não grita gol antes. Em compensação, depois... vixe!

ver detalhes

Nossos ídolos ainda são os mesmos. Graças a Deus.

Coluna do Marcelo Rodrigues

Opinião de Marcelo Rodrigues

6.0 mil visualizações 46 comentários Comunicar erro

Nossos ídolos ainda são os mesmos. Graças a Deus.

Elis Regina e a foto clássica na 'Revista Placar'

Foto: Reprodução/Internet

Nossos ídolos ainda são os mesmos. Graças a Deus.

Brasil, 1976. No mesmo ano em que a Fiel Torcida invadia o Rio de Janeiro e fazia o Maracanã ferver, os ânimos no país também estavam em ebulição. Os anos de chumbo ainda doíam e, num cenário de extrema repressão, Rita Lee foi presa. A acusação: porte de maconha. Achincalhada por muitos e, grávida de seu primeiro filho, sentia na pele o que é ser julgada e exposta como mau exemplo pela repressão. Alheia ao que poderiam pensar ou dizer, Elis Regina pegou seu filho João Marcelo no colo e foi visitá-la. Na porta do cárcere, exigiu a liberação imediata da amiga. A Pimentinha não era de fugir a luta.

Ano seguinte, em 1977, já mãe e em liberdade, Rita comemorou o fim dos 23 anos de fila do nosso time do povo. Mas queria mais para todo o povo. E se acostumou a vestir a camisa do Corinthians enquanto lutava pelas eleições diretas no Brasil. “Ganhar ou perder, mas sempre com Democracia” era o lema. Nada mais corinthiano. Nada mais Rita e Elis, que eram cantadas por bêbados, equilibristas e ovelhas (alvi) negras por aí!

Rita Lee: desde sempre de Corinthians por aí!

Rita Lee: desde sempre de Corinthians por aí!

Reprodução/Internet

Em 82, quando o movimento pela Democracia Corinthiana resumia dentro de um clube de futebol o que pulsava num país inteiro, Casagrande e Sócrates lutavam nas quatro linhas e fora do campo para provar que viver é melhor que sonhar. Com eles, juntos, ídolos tão apaixonantes quanto intensos, vencemos o campeonato paulista (aconteceria de novo em 83). Mas a ditadura resistiu. Não bastasse, Elis Regina nos deixou.

Rita Lee demorou para assimilar o golpe: “Saudade da Elis é pouco, tenho abstinência dela!”, disse. Além da saudade, a amizade deixou um presente. Elis batizou a filha caçula de Maria Rita justamente para homenagear a amiga.

A memória desses tempos sem internet são as raras fotos de Rita num show, vestida com uma camisa do Timão que ganhou de Casagrande. Abraçada a ele e a Sócrates (e a Wladimir) em cima do palco, em meio a um público extasiado.

Ganhar ou perder: mas sempre com música. E democracia.

Ganhar ou perder: mas sempre com música. E democracia.

Reprodução / Internet

Elis teve ainda mais ternura em seu registro corinthiano: em foto para a revista Placar de 1980, escolheu a camisa branca do Corinthians (aquela linda sem patrocínio e com o escudo bordado), e deu um sorriso debochado para o fotógrafo. A cara dela. E se preocupou com um detalhe: usou meias em tons de azul para homenagear seu primeiro time e os familiares no sul do país, gremistas.

Sócrates foi embora do Corinthians em 1984 em protesto contra a derrubada das Diretas Já, na Câmara dos Deputados. E prometeu só voltar ao país quando as eleições fossem aprovadas. Cumpriu. Mas nunca mais vestiu a camisa do Corinthians. Profético, disse certa vez: “Quero morrer num domingo. E com o Corinthians campeão.” Cumpriu de novo. Isso se chama palavra. Em 2011, no mesmo domingo que o Corinthians foi campeão Brasileiro em jogo contra nosso único rival, o Palmeiras, partiu. Teu passado é uma bandeira.

Casagrande – que faz mais de 100 gols pelo Corinthians - teve a coragem de assumir e lutar contra seus medos e demônios, enquanto tenta até hoje disfarçar seu imenso corinthianismo nas transmissões da Globo. Teu presente é uma lição.

Rita Lee, que entre grandes e imensas composições, presenteou o Brasil com suas músicas e os corinthianos em especial com a linda “Amor em preto e branco”, segue por aí cantando o que acredita. Grande. Sempre altaneira.

E Elis, Ah Elis Regina... Elis permanece. Eternamente dentro de nossos corações.

Veja mais em: História do Corinthians e Ídolos do Corinthians.

Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.

Avalie esta coluna
Coluna do Marcelo Rodrigues

Por Marcelo Rodrigues

Escritor, produtor e jornalista, vive escrevendo sobre o Corinthians por aí. Respeita a tradição, sente saudade do Pacaembu e não grita gol antes. Em compensação, depois... vixe!

O que você achou do post do Marcelo Rodrigues?