Venha fazer parte da KTO
x
Só acaba quando termina
Marcelo Rodrigues

Escritor, produtor e jornalista, vive escrevendo sobre o Corinthians por aí. Respeita a tradição, sente saudade do Pacaembu e não grita gol antes. Em compensação, depois... vixe!

ver detalhes

Só acaba quando termina

Coluna do Marcelo Rodrigues

Opinião de Marcelo Rodrigues

2.8 mil visualizações 7 comentários Comunicar erro

Só acaba quando termina

Bandeiras de Brasil e Argentina enfeitam fachada

Foto: Daniel Augusto Jr/Ag. Corinthians

O Brasil tinha poucas chances de vencer a Argentina, na final da Copa América de 2004. Para nós, Corinthianos, aquele jogo tinha um gosto especial. Era a primeira decisão do Parreira depois de deixar o Corinthians, quando montou aquele lado esquerdo inesquecível com Kleber, Ricardinho e Gil. Confesso, dos três, hoje só guardo afeto pelo Gil. Mas lembro de torcer muito pelo Parreira na seleção. Até como agradecimento.

Naquele dia, um domingo, eu segui o ritual e fui ver o jogo na casa da minha avó. Meu pai colocou uma cadeira muito perto da TV (quase nariz na tela) e a vovó fez bolinho de chuva, como sempre.
Nosso time reserva resistiu até o final, quando a Argentina fez o gol que lhe daria o título. Daria. Futebol não acaba no final. Depois, ainda tem o finalzinho. E, na última bola, o Adriano fez um gol tão incrível quanto improvável. Coisa de Imperador. Na hora, corri feito louco pelo quintal e meu pai quase derrubou os bolinhos de chuva. A casa da vovó tinha essa coisa legal de ter quintal na frente, nos fundos, quintal do lado. Dava para correr aquilo tudo gritando é campeão.

No ano seguinte, enfrentamos de novo a Argentina, dessa vez na Copa das Confederações. E, com time completo, foi muito mais fácil. Kaká fez um, Gaúcho outro e Adriano marcou logo dois. Coisa de Imperador. Mas foi estranho pra mim. Um mês antes, papai tinha perdido para seus excessos e o coração não aguentou.
Sabe, tem vezes nessa quarentena que me pego vendo jogo antigo. Desde as nossas clássicas decisões com o Cianorte e o Chelsea, passando por grandes jogos da seleção também. Mas sempre evitei essa final. Até a Globo anunciar que amanhã, 16 horas, vai reprisar a partida.

Decidi que é hora de ressignificar: vou fazer bolinho de chuva, colocar uma cadeira bem pertinho da TV (quase nariz na tela), e correr pelo meu apartamento em cada gol como se fosse a primeira vez. Incluindo pela varanda de 1 metro e meio.

Cuide-se. Algumas saudades vão se encerrar ao fim da quarentena, num abraço. Outras, são para sempre.

Veja mais em: Corinthianos na Seleção e Jogos Históricos.

Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.

Avalie esta coluna
Coluna do Marcelo Rodrigues

Por Marcelo Rodrigues

Escritor, produtor e jornalista, vive escrevendo sobre o Corinthians por aí. Respeita a tradição, sente saudade do Pacaembu e não grita gol antes. Em compensação, depois... vixe!

O que você achou do post do Marcelo Rodrigues?