Só acaba quando termina
Opinião de Marcelo Rodrigues
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O Brasil tinha poucas chances de vencer a Argentina, na final da Copa América de 2004. Para nós, Corinthianos, aquele jogo tinha um gosto especial. Era a primeira decisão do Parreira depois de deixar o Corinthians, quando montou aquele lado esquerdo inesquecível com Kleber, Ricardinho e Gil. Confesso, dos três, hoje só guardo afeto pelo Gil. Mas lembro de torcer muito pelo Parreira na seleção. Até como agradecimento.
Naquele dia, um domingo, eu segui o ritual e fui ver o jogo na casa da minha avó. Meu pai colocou uma cadeira muito perto da TV (quase nariz na tela) e a vovó fez bolinho de chuva, como sempre.
Nosso time reserva resistiu até o final, quando a Argentina fez o gol que lhe daria o título. Daria. Futebol não acaba no final. Depois, ainda tem o finalzinho. E, na última bola, o Adriano fez um gol tão incrível quanto improvável. Coisa de Imperador. Na hora, corri feito louco pelo quintal e meu pai quase derrubou os bolinhos de chuva. A casa da vovó tinha essa coisa legal de ter quintal na frente, nos fundos, quintal do lado. Dava para correr aquilo tudo gritando é campeão.
No ano seguinte, enfrentamos de novo a Argentina, dessa vez na Copa das Confederações. E, com time completo, foi muito mais fácil. Kaká fez um, Gaúcho outro e Adriano marcou logo dois. Coisa de Imperador. Mas foi estranho pra mim. Um mês antes, papai tinha perdido para seus excessos e o coração não aguentou.
Sabe, tem vezes nessa quarentena que me pego vendo jogo antigo. Desde as nossas clássicas decisões com o Cianorte e o Chelsea, passando por grandes jogos da seleção também. Mas sempre evitei essa final. Até a Globo anunciar que amanhã, 16 horas, vai reprisar a partida.
Decidi que é hora de ressignificar: vou fazer bolinho de chuva, colocar uma cadeira bem pertinho da TV (quase nariz na tela), e correr pelo meu apartamento em cada gol como se fosse a primeira vez. Incluindo pela varanda de 1 metro e meio.
Cuide-se. Algumas saudades vão se encerrar ao fim da quarentena, num abraço. Outras, são para sempre.
Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.
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