O torcedor que emocionou Tite
Opinião de Marco Bello
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João Marcos Andrietta é o nome do torcedor do Corinthians que emocionou o técnico Tite no momento da comemoração do terceiro gol da equipe contra o Joinville, no último domingo, dentro da Arena de Itaquera.
Mas João Marcos já tinha emocionado o treinador e os dirigentes do Timão bem antes disso. A história deste torcedor com o Corinthians é longa.
João tem 55 anos, é natural de Salto, interior de São Paulo, casado há 29 anos com Cirlene e pai de duas filhas: Maria Amábile, de 28 anos e Maria Paula, de 27 anos. Desde sempre, o empresário do ramo de artefatos de borracha teve duas paixões: o catolicismo e o corinthianismo.
Frequentador assíduo do Pacaembu e demais estádios onde o Corinthians sempre jogou, João não conhecia ainda a Arena por um motivo muito sério. Em 2009, foi diagnosticado com Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA). No atual estágio, os principais sintomas da doença são: tetraplegia, disfagia, anartira e insuficiência respiratória. A alimentação é feita através de sonda gástrica e a respiração através de traqueostomia.
Na época, em 2009, a estimativa de vida para ele era de dois a três anos. Ele estende esta estimativa desde então.
João praticamente só mexe os olhos. Desde o diagnóstico da doença, ele permanece em sua residência, e necessita da ajuda de uma equipe formada por 10 profissionais trabalhando 24 horas apenas para sobreviver. São enfermeiros, fisioterapeutas respiratório e motor, médico intensivista e médico neuro-muscular, nutricionista e médico homeopático.
Apesar de todas estas dificuldades, João Marcos é considerado uma pessoa alegre, de bem com a vida, e muito tranquila em relação à doença e suas limitações. Duas frases suas foram citadas pela família: “Gostaria de viver mais para fazer o bem” e “Sou muito feliz pois tenho tudo o que preciso, e não tenho medo de viver ou de morrer”.
Após o surgimento da doença, ele já escreveu dois livros e está preparando o terceiro, a respeito de sua experiência de fé. Por causa das limitações da doença, ele escreve com leves movimentos de um dos dedos do pé sobre um botão que se acende e apaga, indicando assim letra por letra a cada palavra que quer expressar.
E é desta forma também que, todo final de ano, João Marcos faz sua lista de metas para o ano seguinte. Para 2015, além de presidir o asilo dos idosos de Salto e se tornar vice-presidente do Conselho Nacional dos Vicentinos, uma meta chamou a atenção da família: deitado na cama e assistindo às partidas do Timão pela televisão, ele teve uma ideia – conhecer a nova Arena do Corinthians e se encontrar com um de seus ídolos, o técnico Tite.
Uma ideia que inicialmente parecia inviável, tanto na parte de logística quanto financeira. Mas com o apoio irrestrito de sua esposa e com o auxílio dos médicos da Associação Brasileira de Esclerose Lateral Amiotrófica (ABRELA), Dr. Acary Souza Bulle Oliveira e Dr. José Luiz Pedroso, o sonho se tornou possível.
Foram mobilizadas dezoito pessoas em uma mega-operação que custou à família o montante de 20 mil reais para levar João Marcos em uma ambulância UTI que saiu de Campinas, passou em Salto e o transportou para Itaquera. A família alugou cama, almofadas, colchões, conseguiu alimentação especial, tudo somente para a viagem, que durou duas horas. João veio a São Paulo com uma médica, um neurologista, dois enfermeiros e um motorista, além de pessoas da família e ajudantes.
Mas todo o esforço valeu a pena no encontro tão esperado com o técnico Tite, já antes do jogo do Corinthians contra o Joinville. Os dois se encontraram nos bastidores do estádio, e João fez questão de dar um presente ao treinador: um terço vicentino. Em troca, recebeu uma pulseira com os santos de proteção do treinador mais vitorioso da história do Timão.
Foi um encontro que ficará marcado para os dois. Como disse Tite ao final da partida: “Não sei se a vitória ajudou o João, ou se foi o João que nos ajudou.”
Foi o João, Tite. Foi o João que não só ajudou ao comandante do Timão, mas a toda a torcida corinthiana, aos que viram a repercussão de sua história na internet e aos leitores desta coluna. Foi definitivamente ele quem nos ajudou.
E que em 2016, venham novas metas para o João.
Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.
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