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Sidão, Clayson e a falta de limite dos dias atuais
Mayara Munhoz

Jornalista, 33 anos, mãe do Joaquim. Faço parte do Meu Timão desde fevereiro de 2015. Hoje, sou a editora-chefe dessa loucura toda com muito prazer e amor.

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Sidão, Clayson e a falta de limite dos dias atuais

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Sidão, Clayson e a falta de limite dos dias atuais

Sidão e Clayson foram alvos recentes de críticas que ultrapassaram o limite

Foto: Meu Timão

Em um final de semana de Brasileirão e até mesmo de decisão na Premier League, o assunto mais debatido do futebol foi algo lamentável: o "prêmio" dado ao goleiro Sidão.

Acho que um primeiro ponto importante de se dizer é: a Globo errou em entregar a premiação do Craque do Jogo. Além de colocar a repórter em uma situação extremamente constrangedora, humilhou o goleiro. Que, vale citar, reagiu de maneira muito adequada.

Dito isso, vamos ao que considero o fato que realmente precisa ser discutido após o episódio: a falta de respeito e de compreensão do ser humano em geral. Vemos casos diários em diversos âmbitos, como a política. Mas também vem acontecendo com mais frequência no futebol.

Sidão é goleiro. Não estou aqui para julgar o trabalho que ele faz ali dentro de campo, nem com a camisa do Vasco nem com nenhum outro clube. Sidão, aliás, é revelado nas categorias de base do Corinthians.

Mas Sidão é uma pessoa. Tem sentimentos, tem problemas, tem família, tem uma vida. E isso precisa ser respeitado sempre acima de qualquer obrigação que o mesmo tenha dentro do campo.

Acredito que um pouco da culpa desse cenário que estamos vivendo é por causa dos altos valores que envolvem o futebol brasileiro e do exterior. Os jogadores e clubes ganham muito, os ingressos são caros e tudo isso dá uma falsa sensação ao torcedor de que ele pode cobrar e criticar a todos sem que exista um limite.

Mas, independente de quanto ganha no final do mês, Sidão segue sendo uma pessoa. Assim como Felipe, como Danilo Avelar, como Renato Augusto, como Rodriguinho e como Clayson. Alguns dos nomes que considero que tenham recebido críticas exageradas demais nos últimos tempos de Corinthians.

O papel do comentarista de futebol também é criticar. O papel do torcedor é cobrar e querer sempre o melhor para o seu time. Mas, para isso, é preciso lembrar que existe um certo ponto em que deixamos de falar do jogador e passamos a ferir a pessoa que está ali.

Clayson é um bom exemplo recente no Corinthians. O meia viveu um 2018 bem abaixo da média dentro de campo. Colecionou atuações ruins e problemas, como aquela vez que jogou água na cara de uma torcedora. A sequência foi dura: cirurgia e afastamento dos gramados; nascimento da filha Maria Valentina de maneira prematura e que precisou ficar quase um mês internada; a morte da mãe de sua esposa na semana seguinte que a filha saiu do hospital.

Façam um exercício simples. Se coloquem na situação de Clayson. Imaginem que a sua esposa esteja grávida e você sofra um problema médico que te impeça de trabalhar e ainda te faça sentir dores diárias. Imagine que quando você está se recuperando desse problema, sua filha nasça antes do tempo e fique internada sem uma garantia de que viverá. E quando tudo isso passa, a mãe da sua esposa morre.

Agora, imagina tudo isso em meio a um turbilhão de críticas e pessoas te ofendendo diariamente publicamente.

Será que importaria mesmo o alto salário no final do mês na hora de superar todos esses problemas?

E é exatamente esse ponto que os torcedores estão esquecendo. Ameaças por redes sociais, ofensas em encontros cara a cara e até mesmo práticas de racismo. Uma brincadeira idiota via internet, humilhações e cobranças extremamente exageradas.

Novamente: existe um limite. É preciso respeitar, é preciso ter empatia com o próximo, é preciso se colocar mais na pele das pessoas.

Li um texto muito bom sobre o caso envolvendo Sidão do colega André Ranieri, da Jovem Pan - você pode ler aqui. E peço licença para repetir uma dica aqui: toda vez que você for fazer um comentário sobre alguém (jogador, treinador ou qualquer outra pessoa), imagine que a pessoa está na sua frente. Alguns comerciais recentes, inclusive, até demonstraram isso em ações. Isso facilita (e muito!) na hora de filtrar o seu comentário.

Enfim, que o fato com Sidão não se repita com nenhum outro jogador. Que as pessoas possam pensar mais antes de abrir a boca ou digitar nas redes sociais.

Eu, como jornalista e como torcedora, peço desculpa aos Sidões, Claysons e tantos outros.

Veja mais em: Clayson.

Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.

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Por Mayara Munhoz

Jornalista, 33 anos, mãe do Joaquim. Faço parte do Meu Timão desde fevereiro de 2015. Hoje, sou a editora-chefe dessa loucura toda com muito prazer e amor.

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